É quase impossível não falar da tragédia grega, ao mesmo tempo que se antecipa o fado português, no turbilhão politico que vive a Europa. A estagnação económica, a crise política, os avanços e recuos nas negociações, os referendos internos, são tudo parte da mesma moeda. No sentido literal da expressão!
A incapacidade política que a Europa tem demonstrado na resolução dos seus desequilíbrios internos, trouxe à tona o fracasso do seu modelo estrutural e organizacional.
O ambiente de guerrilha comunicacional a que temos assistido com o referendo grego, também ilustra a não existência de um veio comum que se traduza numa ideia de marca comum. Resumindo: Não existe uma marca Europa!
Independentemente de uma estrutura mais ou menos federalista, com ou sem moeda única, a realidade tem demonstrado de forma evidente, a incapacidade de criar algo que expresse um sentimento comum, ou mesmo um ideal comum. Aos primeiros sinais de instabilidade económica, na parte ou no todo, as comunidades nacionais, com os seus políticos na linha da frente, demonstram uma total incapacidade de lidar económica e politicamente com essas situações. Neste contexto, partindo do princípio que ainda existe uma vontade de manter um bloco europeu, político, económico e monetário, talvez fosse hora de iniciar essa construção, criando uma ideia comum, uma marca que possa construir percepções positivas acerca dos benefícios desta integração. Havendo vontade para tal…
Ninguém que seja intelectualmente honesto pode contestar os benefícios dessa integração. Por isso a criação de uma percepção generalizada de que ser europeu é melhor que ser português, grego ou alemão, ao mesmo tempo que se potenciem as características únicas de da cada povo é o primeiro passo para melhorar a capacidade de lidar com os problemas económicos de uma forma mais eficaz, com menos clivagens, e deixando menos espaço para a existência de discursos demagogos e populistas. Esta ideia exige dois pressupostos: Uma base política alargada de apoio a essa construção e uma estratégia comum na criação dessa marca. A não acontecer, parece-me inevitável a desagregação de uma Europa “presa por arames”
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