Estive recentemente em dois países localizados em áreas do Globo totalmente diferentes: a Colômbia e a Coreia do Sul. Com contextos e evoluções distintas, são ambos casos de sucesso.
A Colômbia, aonde tive de me deslocar por causa de uma reunião de trabalho no âmbito de uma rede de universidades ibero-americanas, tem nos últimos anos atingido um crescimento económico e um nível de desenvolvimento impensáveis antes da relativa pacificação que conseguiu atingir.
Um facto digno de realce é a importância que a classe empresarial dá à responsabilidade social. Não apenas por uma questão de valores morais – que estarão certamente presentes – mas também porque quem está à frente das empresas sabe que essa é uma condição essencial para se manter a estabilidade social sem a qual não haverá um ambiente favorável aos negócios que potencie o desenvolvimento integrado e equilibrado da economia.
A Coreia do Sul tem uma história muito diferente. Com um baixíssimo rendimento per capita nos anos 60 – até porque ficou literalmente arrasada após duas guerras, a Segunda Mundial e a que se seguiu de 3 anos conhecida por Guerra da Coreia – passou no espaço de pouco mais de duas décadas para níveis de crescimento e desenvolvimento verdadeiramente invejáveis.
A este “tigre asiático” desloquei-me em representação de Portugal para intervir numa conferência euro-asiática sobre start-ups. Neste domínio, a Coreia é um país que, à semelhança do Japão e mesmo da Alemanha, assenta muito da sua competitividade num empreendedorismo que podemos classificar de “tração atrás” na medida em que se baseia numa forte aposta em Investigação & Desenvolvimento tanto público como privado.
O que é interessante é que a imagem de Portugal nestes dois países é muito melhor do que aquilo que por vezes se imagina. O mesmo acontecendo, aliás, em dezenas de outros por onde tenho passado.
Ora isto vem a propósito da imagem da marca Portugal. Quem constrói essa imagem? São os governos, o atual e os passados? São as campanhas de marketing turístico? São as políticas de atração de investimento estrangeiro? Sem dúvida que tudo isso é importante mas há muito mais. Somos todos nós, sejamos empresários, operários, médicos, engenheiros, professores ou estudantes. São as nossas organizações, sejam públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Somos todos os “Cristianos Ronaldos” que, dentro do seu campo de atuação, têm o dever de fazer forte a nossa imagem lá fora – e também cá dentro!
Em suma, e pedindo emprestada a JFK a inspiração, a força da nossa marca país decorre não daquilo que o país faz por nós, mas daquilo que nós fazemos pelo país. Esse é o marketing mais forte e eficaz que Portugal pode ter. E que vai favorecer a competitividade da nossa economia e, consequentemente, o nível de desenvolvimento a que podemos aspirar.
Carlos Melo Brito, Pró-Reitor da Universidade do Porto
gosto do aretigo muito bom