Afirma-se, com frequência, que “não há almoços grátis”. E, também com frequência, se critica quem assim fala dizendo que tal afirmação denota uma visão mercantilista, redutora da realidade por tudo resumir à dimensão económica, pondo de lado a vertente social.
Ora, esta crítica é, também ela, redutora pois não abarca todo o sentido da expressão “não há almoços grátis”. De facto, na aceção mais ampla, o que esta frase significa é que numa sociedade, onde a interação e as redes de relacionamentos estão na base da sua estruturação e dinâmica, todos têm de dar algo aos outros e, em contrapartida, receber algo dos outros.
Por outras palavras, as sociedades só funcionam se existir reciprocidade. Se houver alguns que só recebem mas nada dão – o que implica que haja outros que dão muito mais do que aquilo que recebem – a sociedade não terá sustentabilidade a prazo.
É por isso que nunca há almoços grátis. Pode é haver “almoços a crédito” – mas que, mais cedo ou mais tarde, alguém se encarregará de cobrar.
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