A escassos dias de serem conhecidos os resultados das presidenciais francesas, pondo fim a um período de grande debate pelos diversos candidatos nas fases anteriores, o único debate televisivo entre os dois candidatos que se enfrentarão no domingo, nas urnas, foi aceso e mais se assemelhou a um “combate”. Marine Le Pen e Emmanuel Macron, durante duas horas, enfrentaram-se num frente a frente aguerrido, marcado por uma intensa troca de comentários em que inclusivamente Le Pen chegou a ser apelidada de “parasita do sistema”.
Se Jean Marie Le Pen não chegou a ter oportunidade de ter um semelhante momento de discussão televisiva contra o seu então oponente, Jacques Chirac, quando este se recusou a um debate em face das “posições extremistas” do pai da atual candidata, pelo menos Marine Le Pen não se viu impossibilitada de estar frente-a-frente contra Macron. Contudo, a postura de Macron foi muitas vezes implacável, na medida em que o candidato liberal não só conseguiu evitar que a candidata da Frente Nacional pudesse brilhar, como inclusivamente conseguiu pôr em evidência a falta de preparação desta, sobretudo nos temas económicos.
A relação da França com os EUA e a Rússia, o conflito na Síria, a posição da França na União Europeia, a par de outras matérias como o emprego e a união dos franceses, foram temas que estiveram no centro do debate e em que as divergências entre os candidatos concorrentes ficaram (mais uma vez) evidentes. Relativamente à Europa, Le Pen continuou a afirmar que aquilo que defende não é tanto a saída do euro, antes o regresso ao sistema anterior em que havia uma moeda comum para as transações bancárias, o ECU. Já Macron, pró-UE, sublinhou que defende um estreitamento dos laços com a Europa e que a França deve ser mais atuante na resolução da crise dos migrantes.
No final do debate, de acordo com os resultados de uma primeira sondagem divulgada pela empresa de estudos de mercado Elabe, Macron foi considerado mais convincente para 63% dos que assistiram. Contudo, só no domingo, quando os franceses forem às urnas, será conhecido o que poderá ser o destino da França para os próximos anos. Mas estas eleições em França serão também determinantes para o futuro e a estabilidade do projeto europeu, num quadro internacional marcado pela instabilidade, agudizada depois de uma eleição nos EUA que conduziu à vitória de Donald Trump – que, em escassos meses, conseguiu a proeza de ser o presidente norte-americano mais impopular no início de mandato -, e perante a saída do Reino Unido da Zona Euro. Poderá seguir-se-lhe a França?
Comentários (0)