IDADE – o novo grande enigma do Marketing

6 de dezembro de 2013

IDADE – o novo grande enigma do Marketing

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

How old is too old, real age, new millennials, the grey cluster, the late nesters, the empty nesters, e tantos outros epítetos tentam arrumar em novos segmentos ou grupos o que ainda não estabilizou e o que está a mudar o mundo como o conhecemos.

Por décadas e gerações a sociedade habituou-se a categorizar a população em crianças, jovens adultos e velhos (mais tarde elegantemente chamados de seniores).

Tudo era organizado dessa forma, desde a vida familiar, à profissional, à vida em sociedade, às ofertas de produtos e serviços, ao turismo, a legislação, enfim, o mundo como o conhecemos, UPS, perdão, conhecíamos.

Num ritmo alucinante de alteração, todos estes paradigmas e certezas têm vindo a desmoronar uns atrás dos outros, em grande parte motivado pela evolução espetacular da medicina nas ultimas décadas, prolongando a esperança média de vida e a qualidade de vida enquanto por cá andamos. Associado a tudo isso novas forma de estar e viver em sociedade foram ocupando lugar, novas formas familiares, novas formas de lazer, desporto, moda, novas profissões, nova economia, tecnologia, o caldeirão de fatores e influências é gigante e difícil de mensurar ou sequer ponderar os seus pesos individuais. Mas uma coisa é certa, nada é como antigamente….

Todos nós ouvimos, e alguns de nós até já utilizámos a expressão: no meu tempo…

Os nossos pais pareciam extraordinariamente mais velhos 30 anos atrás do que nós queremos acreditar que parecemos hoje, e seguramente o seu estilo de vida, hábitos e forma de olhar o mundo eram radicalmente diferentes.

Por outro lado existem focos de resistência gigantes que ainda não entenderam esta mudança, fossilizados em preconceitos e idealismos baratos. Não se entende, por gritante exemplo, como em Portugal se considera “velho” e fora do mercado de trabalho qualquer profissional acima dos 40 anos, ou seja, menos de metade da sua vida útil profissional e claramente longe do seu máximo de entrega e conhecimento. Felizmente essa já não é a realidade na grande maioria de outros mercados.

Em contradição de maturidade, a quantidade de trintões e quarentões ainda a viver em casa dos pais é gritante, num individualismo consumista e material que aumenta e contribui para a de-estruturação do modelo familiar tal como ele era conhecido até hoje. Teremos seguramente daqui a 30 anos a maior geração dos que ficaram para “Tios” mas que “se divertiram” muito. Será?

Numa estrada paralela correm os pré-reformados que, num choque inesperado e não habitual com o seu cônjuge num ritmo de quotidiano doméstico diário explodem e engrossam as filas dos divórcios após os 50’s e criam mais um fenómeno social com necessidades de produtos e serviços bem diferenciados.

Na pista rápida estão as famílias dos “teus”, dos “meus” e dos “nossos” em que a mescla de filhos e a logística quase impossível de férias, finais de semana e carros familiares são os pontos fortes, sinais de tempos em que os casamentos deixaram de ser para a vida mas que já se iniciam sabendo que existe uma porta de saída.

As clássicas gerações sanduíche em que ainda tomando conta das crianças já tinha que se ocupar dos progenitores começa a diluir-se, com gerações de avós super ativos, ocupados profissionalmente, viajantes, e que por sua vez, esses sim, tomam conta dos seus progenitores, que, já não tão raramente ultrapassa a antes idílica barreira dos 100.

Estamos então todos nas empresas a preparar produtos e serviços para esta nova sociedade estilo salada de frutas? Está a nossa comunicação a atingir estas novas pessoas? Ou continuamos a utilizar as velhas categorias das empresas de pesquisa, das quais me recordo da tão gasta “donas de casa 18-64, A, B C1” para as quais bombardeávamos os nossos 30” de TV.

Adorava constatar no meu dia a dia que os responsáveis de marketing das grandes marcas estão conscientes de todas estas mudanças, e que efetivamente já estão a desenhar a comunicação e a oferta de produtos e serviços para o que se adivinha que vem aí, mas infelizmente essa ainda não é a experiência mais comum, mas a exceção.

A IDADE, não a do documento de identificação, não a da aritmética simples da data de nascimento, mas aquela que efetivamente influencia e dirige o consumo, o estilo, os hábitos, as necessidades e as tendências, é e será sem dúvida um dos grandes enigmas para os marketeers das próximas décadas.

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Comentários (1)

  1. Sem dúvida 5 estrelas este artigo, recomendo vivamente a leitura.

    por: Matilde Calisto,

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