Grande consumo no Brasil cresce mais 20 anos? Eu viciado me confesso…

5 de agosto de 2013

Grande consumo no Brasil cresce mais 20 anos? Eu viciado me confesso…

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

BOA TARDE, MEU NOME É MIGUEL, CONFESSO QUE SOU VICIADO EM CONSUMIDORES E MARCAS E ACREDITO QUE OS FMCG NO BRASIL VÃO CRESCER NOS PRÓXIMOS 20 ANOS…

Se existisse uma associação anónima de viciados em marketing seguramente eu faria parte dela e esta poderia ser uma introdução da sessão desta semana.

Sinto um verdadeiro privilégio por viver este momento que o Brasil está a viver após duas décadas de experiência profissional em várias áreas, sempre apaixonado, estudando e obsessivamente analisando consumidores em vários Países. Sinto-me hoje novamente inebriado pelo potencial e desafio imensos que as marcas e as empresas que as gerenciam têm pela frente com o consumidor Brasileiro, e procuro em todos os nossos clientes incutir um pouco dessa paixão e experiência.

Contrariando a grande maioria de politólogos, economistas e mesmo a generalidade da opinião que prevalece nos media, acredito profundamente que de um modo geral, os mercados de grande consumo (FMCG) têm, no mínimo, cerca de 20 anos de crescimento forte no Brasil. Acredito ainda que isto acontecerá completamente alheio à vontade e cor política, às flutuações do dólar e do petróleo, e à recuperação da crise Europeia.

Esta convicção baseia-se em 4 grandes linhas de reflexão, análise e observação da realidade e do passado recente Brasileiro:

1)      DEMOGRAFIA – a população Brasileira, nos últimos 50 anos, mais do que triplicou, passando de 70 milhões em 1960, para os cerca de 197 milhões estimados pelo Banco Mundial. Com uma idade média extremamente baixa, estimada em 27 anos, o Brasil caminha naturalmente para a tendência Internacional de envelhecimento, menor natalidade, mas está neste momento num patamar que induz crescimento natural. A produtividade maior do ser humano trabalhador situa-se entre os 42 a 48 anos, pelo que apenas por esse fator demográfico, o mercado Brasileiro vai ter uma inevitável melhoria de produtividade, e desde logo, riqueza.

2)      Classe “Ceização” da sociedade. O crescimento recente e exponencial desta nova classe “C”, onde já pertencem mais de 103 milhões de pessoas, mais 40 milhões do que em 2005, gera um ciclo comportamental de aquisição de novos hábitos de consumo e de vida que é absolutamente imparável. Tendo em vista o atraso existente em penetração de muitas das categorias de produtos face a outras economias mais maduras, o crescimento exponencial que se observa em inúmeras categorias de produtos vai demorar muito tempo a maturar. Literalmente todos os dias milhares de brasileiros tomam Cereais no café da manhã pela primeira vez, lavam o cabelo com champô, escovam os dentes com dentífrico, utilizam um creme hidratante, experimentam uma lavadora de louça, conhecem novos hábitos de lazer e de vida social. Temos que convir que em relação a estes novos hábitos de produtos de cabaz elementar, não tem volta atrás, ninguém deixa de lavar os dentes com dentífrico ou de lavar a cabeça com champô….

3)      ESCALA – uma das belezas deste mercado é a sua dimensão, vulgo, escala. Ainda que com cotas de mercado pequenas, algumas categorias de produtos conseguem ter volumes que justificam não só a produção local como a inovação e desenvolvimento de produtos específicos para o mercado. Imaginem as que têm cotas de mercado grandes… Um mercado com estas características de crescimento com 200 milhões de consumidores ávidos de produtos relevantes não se cruzam com marketeers muitas vezes ao longo da vida…

4)      DIMENSÃO CONTINENTAL – o mercado Brasileiro é gigante não só em população e consequente tradução em volumes de consumo, mas também em geografia. Com mais de 8,5 milhões de km2,  ao longo dos seus 27 estados, o que corresponde a 85% da Europa e 90% dos EUA. Este fato, aliado à sinuosa topografia, rica diversidade florestal, espetacular emaranhado de rios e lagos, e às opções politicas de uma estratégia rodoviária em detrimento da ferroviária, originaram um “campo de batalha” para as empresas de extrema dificuldade e complexidade logística. Resulta assim que existem diferenças regionais tremendas, sortidos de produtos completamente diferentes, inúmeras marcas regionais, e poucas marcas eleitas dos portfólios de multinacionais que merecem um aposta logística capaz de as tornar nacionais e omnipresentes. Uma visita normal a um pequeno supermercado em várias regiões dará opções de compra dos mesmos produtos com marcas e produtores radicalmente diferentes e desconexos.

Juntando estes 4 eixos de raciocínio compreende-se a aposta crescente das maiores multinacionais de grande consumo (FMCG) neste diamante semi-lapidado, bem como a profissionalização exponencial a que se assiste diariamente dos gestores encarregues de levar estas cartas a Garcia.

Eu viciado me confesso.

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
6 votos
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.