Consequência da crise de 2008, a geração nem-nem mostra sinais preocupantes em todo o mundo, representando 14,8% dos jovens no Brasil e 17,5% em Portugal, ambos os países constam dos dez mais preocupantes do mundo.
A chamada geração “nem-nem” é uma consequência da crise económica que abalou o mundo em 2008. A expressão refere-se aos jovens que “nem trabalham, nem estudam”, ou na versão anglo-saxónica NEET (“neither employed nor in education or training”).
O universo desta realidade, Segundo o relatório da OCDE é de 39 milhões de nem-nem em 33 países industrializados.
Criados num cenário económico muito incerto e adverso, tiveram dificuldade de conseguir emprego compatível com as suas qualificações.
Muitos ainda vivem com seus pais, adiando a saída do “ninho”, adiando o casamento, os filhos e a compra da casa própria, por isso também muitas vezes designados de geração “canguru”. Em paralelo, e para agravar, 1 em cada 4 que até tem emprego, esse emprego é temporário. De acordo com a OCDE, cerca de metade dos nem-nem não está sequer procurando trabalho.
Segundo a OCDE, “Um dos efeitos da existência prolongada de um grande número de jovens “nem-nem” está relacionado com os custos que os próprios Estados têm (e terão) – em princípio – de assumir, tendo em conta que este segmento é consumidor, mas não é produtor, nem se auto-sustenta, não contribuindo para a sociedade. Segundo a análise da Eurofound, as perdas provocadas pela incapacidade de empregar os jovens, impedindo-os assim de ser produtivos, rondava na Europa, em 2008, os 120 mil milhões de euros (equivalentes a 1% do PIB europeu) e, em 2011, este valor ultrapassava já os 153 mil milhões de euros, uma consequência directa do aumento exponencial de jovens nesta situação.”
Muitos relatórios indicam que existem hoje à disposição dos jovens, por mais terríveis que as suas situações estejam, um conjunto de politicas, programas, informação e possibilidades mais globais, mais acessíveis, mas que requerem um nível de energia, vontade, ambição e humildade que são contrastantes com o nível geral de apatia e indiferença que esta geração, na sua grande maioria emana.
As formulas adotadas pela maioria dos Países tem coincidido em alguns princípios base de nortear o comportamento dos jovens, com alguns resultados encorajadores em algumas situações, mas ainda não existem verdadeiros casos de sucesso e nem clarividência quanto aos reais efeitos no futuro da sociedade deste fenómeno.
Alem do combate ao abandono escolar, da óbvia reforma dos currículos escolares, de maior aproximação das escolas ao mundo profissional e de apostas em novas formações técnicas de grau intermédio, existem algumas dicas de carácter mais comportamental de orientação para os jovens, ou quem sabe um guia de ajuda para os Pais.
Formação – Aposta continua em formação, de carácter especialização ou aprofundamento; preparar-se melhor para enfrentar, quando as circunstancias melhorarem, o mercado de trabalho.
Estrangeiro – Apostar em estágios, formações, experiências profissionais ainda que totalmente fora do caminho anteriormente traçado, no exterior, enriquecendo cultura, idiomas, experiência e amadurecimento pessoal. Sem duvida uma das melhores vias para “desemperrar”.
Voluntariado – Existem hoje em dia inúmeras estruturas profissionais de enorme mérito que necessitam desesperadamente de “mãos adicionais” para implementar os seus projetos. Alem de essa experiência ser altamente valorizada em termos curriculares, vai com toda a certeza ajudar a encontrar motivação, auto estima e sentido de utilidade contrários ao que o estado de apatia generalizado induz.
Empreendedorismo – Crie o seu próprio emprego. Existem hoje muitos apoios para jovens empreendedores criarem o seu próprio negocio e contribuírem desta forma para a solução do seu problema e num futuro próximo se tornarem eles mesmo empregadores.
Estatísticas e teorias a parte, observando de forma empírica o mundo que nos rodeia e incumbido da árdua tarefa de educar e preparar três jovens para a vida, o que mais me angustia é assistir ao total desfasamento entre estas realidades duras, que nos entram pelos olhos e por outro lado a inercia quase total do sistema de ensino.
Os meus filhos têm hoje que escolher os seus caminhos profissionais entre um leque de opções de licenciatura que, na sua vasta maioria, em pouco ou nada diferem das opções que eu tive 30 anos atrás. No entanto, quando olhamos para o mundo empresarial, social, económico e tecnológico torna-se difícil identificar o que não se alterou de forma drástica.
A sociedade ainda está formatada para formar massivas quantidades de advogados, economistas, engenheiros, arquitetos e médicos, como se nada ao redor do mundo tivesse mudado. Será que ainda são esses os caminhos profissionais que fazem sentido nos dias de hoje? Porque não pode existir uma licenciatura de Economia misturada com sociologia, ou advogados de internet, ou de engenharia de voluntariado, ou porque não se pode apenas eliminar os rótulos e simplesmente adquirir e colecionar competências? Enfim, se fosse fácil já teria sido com toda a certeza implementado algures com êxito.
“No parent can Child-Proof the world. Parent’s job is to World-proof the child.” – Anonymous.
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