Encontro-me à lareira, rodeado pela família e amigos, com as rabanadas, os sonhos, as filhoses e o bacalhau, claro. Estou no Alentejo, onde haveria de ser! Mas podia estar nas Beiras, em Trás-os-Montes ou no Algarve. Estou em Portugal, concerteza! A viver uma nostalgia e um saudosismo de memórias de infância, a par de um convívio, herança de uma memória secular .
E perguntam-me, mas que raio tem isto a ver com marcas?
Tudo. É a na tradição, na herança e nos valores que nos caracterizam como nação que está uma das chaves para o nosso futuro. Não serão as únicas,mas são certamente um elo que deve estar presente naquilo que prometemos como factor integrante e agregador da nossa marca enquanto nação. Parece vago? Sim, será! Mas conceptualmente é uma das áreas a serem trabalhadas enquanto componente daquilo que designamos como National Brand Equity. Esta dificilmente se reposiciona ou se altera, antes identifica-se e potencia-se. Muitas vezes dá-se dá a conhecer! Apenas.
Felizmente, temos uma história com cerca de 900 anos, uma cultura riquíssima, cheia de magníficos autores, uma enorme diáspora, uma pégada mundial sem par e milhões de coisas onde somos os melhores do mundo! “Apenas” temos de identificar e “formar” esta promessa e dá-la a conhecer, influenciando os “nossos” stakeholders. Temos de identificar os instrumentos, a mensagem e os veículos. O ponto de partida é certamente a construção dos indicadores que permitam mapeá-los de forma a conhecerem a nossa “promessa”. Não somos apenas um país intervencionado, endividado e deprimido. Somos o país de Camões, de Pessoa, do Mourinho, da Via Verde, da indústria do Espaço, dos Moldes, do Papel, do Fado, mas também das pessoas. Sim, das pessoas, dos magníficos quadros que pululam por esse mundo fora, dos investigadores e das empresas que desbravaram fora de portas (algumas das quais tive a honra de ter como clientes). Aplaudo todas as iniciativas que ajudem a fazer lobby, a influenciar, a manipular, a pressionar, dar a conhecer, enfim, que nos ajudem a voltar ao caminho certo. No entanto, se me permitem a sugestão, entendo que o poderíamos fazer de uma forma um pouco mais analítica e sistemática, construindo um roadmap, uma estratégia fundamentada, para influenciar as percepções. E esta tarefa apenas poderá resultar da iniciativa de todos nós, empresas, indivíduos e Estado.
O Final do ano é por definição tempo de balanço, reflexão e de promessas renovadas. Já percebemos que a garrafa está mesmo meio cheia, falta apenas deitar no copo e beber!
Está na altura de enterrarmos definitivamente o “Orgulhosamente sós” e de criarmos um “Orgulhosamente TODOS”. E já no próximo ano!!!
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