“Eventos que marcam”

8 de julho de 2016

“Eventos que marcam”

Pedro Manuel Monteiro Machado, Presidente da Entidade Regional Turismo do Centro de Portugal

De 01 a 10 de julho, a cidade de Viseu foi o palco de mais uma edição dos “Jardins Efémeros”. Uma designação “feliz”, que traduz uma realização cultural multidisciplinar e experimental, com o objetivo último de reforçar a relação entre os vários agentes que tornam esta cidade, um exemplo de cidade viva, dinâmica, culta, social e “smart”, nomeadamente, município, artistas, curadores, investigadores, universidades, associações culturais, sociais, de comércio, turísticas, empresas, museus, cidadãos, escolas e, inclusive, visitantes.

Ainda que com o risco de minimizar esta “experiência” – que dificilmente se traduz em palavras – trata-se de um evento que envolve e se espalha por uma série de espaços icónicos, tais como, a Sé de Viseu, a Igreja da Misericórdia, museus, capelas, edifícios públicos, privados e devolutos, jardins, logradouros, praças ou o edificado do centro histórico (casas, lojas e edifícios industriais), permitindo que os visitantes tenham uma experiência diferente da habitual na visita à cidade de Viseu.

Este é um evento que educa pela/para a cultura, assente em valores como a experimentação, a criatividade, a ilusão e o sonho, e que, por outro lado, permite a apropriação do património e do espaço público, de uma forma única e particular. Mas, acima de tudo, eficaz.

Sendo esta a sua VI edição, é um evento que tem, paulatinamente, ganho o seu espaço no panorama nacional e internacional, e afirma-se como mais uma marca forte da Região Turismo Centro de Portugal. Porque, eventos desta natureza, diferenciadores, originais e notáveis, pela qualidade que encerram em si, reforçam a estratégia regional de afirmação do Centro de Portugal como um dos principais centros nevrálgicos culturais do país.

Ainda que, com caraterísticas diferentes, o FOLIO – Festival Internacional Literário de Óbidos contribui de forma notável para a consolidação deste desígnio regional. Este festival – que em 2016 terá a sua 2.ª edição – surge de forma natural, completamente integrado no contexto cultural e literário de Óbidos, que, paulatinamente, tem enveredado por um caminho de diferenciação através dos livros e da cultura. Hoje, Óbidos é uma marca nacional e internacional, tendo sido classificada em 2015 como “Vila Literária” pela UNESCO. Será, portanto, de elementar justiça, fazer – uma vez mais -, o elogio público ao projeto “Vila Literária”, desenvolvido desde 2011 pela Câmara Municipal de Óbidos, em parceria a editora Ler Devagar, que resultou na criação de mais de uma dezena de livrarias em “lugares improváveis”, como uma antiga adega e uma escola primária desativada, e em dois dos museus da vila. E porque, quando se fala de projetos desta natureza, todos os elogios são poucos.

Felizmente, somam-se, por todo o território nacional, um conjunto de eventos cuja génese assenta na valorização cultural, criatividade, autenticidade, genuinidade, e valorização patrimonial (material e imaterial). Eventos notáveis, que alteram por completo a forma como as pessoas (con)vivem com a cultura, como dela se apropriam, e como a integram.

Eventos de Arte Urbana, tais como, o Agitágueda Art Festival (Águeda), o Festival de Arte Urbana Wool (Covilhã), ou o 180 Creative Camp (Abrantes) são mais alguns bons exemplos de como se pode trabalhar o território e as suas caraterísticas únicas e genuínas, promovendo um contacto íntimo com a cultura, com projeção regional, nacional e internacional.

São, no fundo, formas diferentes e originais de trabalhar os territórios, dando-lhes ainda mais ativos na missão de atração de visitantes/turistas. Em muitos casos, dando-lhes uma nova vida, uma nova dinâmica. Desta forma se estrutura um outro tipo de turismo, o Cultural, de pessoas que procuram conhecer os destinos de uma outra forma, perdendo-se nas suas ruas e vielas, fazendo, aprendendo e mudando.

Ainda que estejamos no Verão, e a motivação seja, essencialmente, “Sol & Mar”, dificilmente será possível resistir à vivência deste conjunto de experiências culturais ímpares, e o fruir de forma descontraída e feliz, numa missão de reconhecimento por toda a Região Centro de Portugal. E como em tudo se precisam de certezas – em particular, no que às férias diz respeito -, deixo-lhe uma: tratam-se de locais, experiências e eventos que, inevitavelmente, lhe deixarão a sua marca.

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