Eu não quero ser a mais rica do cemitério

17 de novembro de 2017

Eu não quero ser a mais rica do cemitério

Joana Carravilla, Country Manager Iberia da E.Life

Anda tudo muito stressado. As palavras de ordem no mundo dos negócios são “urgente”, “grave”, “muito grave”, “essencial” e “imprescindível”. Perdeu-se o sentido crítico, o discernimento e o distanciamento necessário a uma boa e consistente tomada de decisão e gestão de prioridades (e de pessoas).

E porquê?

“Porque a minha empresa não tem uma estratégia clara”, dizem… E como muitos confundem “falta de estratégia” com ausência de missão e valores, estamos a viver um dos momentos menos gloriosos do mundo empresarial. É triste, mas é a isso que tenho assistido no mercado de trabalho. Os colaboradores das empresas estão sem rumo e as chefias não conseguem ajudá-las a encontrar o caminho, porque também elas estão perdidas. E, como todos sabemos (ou deveríamos saber), as organizações não são nada sem as pessoas. Aquele tal valor humano e inteligência emocional de que os visionários falam.

O mundo mudou. Os negócios mudaram. Mas a maioria das empresas ainda continuam paradas no tempo, porque as pessoas (e aqui refira-se os líderes e os funcionários) não conseguiram ajustar os seus comportamentos às necessidades atuais do mercado. Os empresários continuam a ditar os novos rumos e respetivas estratégias e a impô-las. Depois disso esperam longos meses ou anos para que estas sejam implementadas e quando o processo ainda está a decorrer, decidem alterar o rumo porque não alcançaram os resultados esperados – sem perceber que estes muito provavelmente só aparecem a médio-longo prazo. E insistem nesta fórmula esperando sempre resultados diferentes. Todos sabemos que isso não é possível.

Eu não sou gestora de uma empresa de grandes dimensões. Admiro quem o seja, já que ter como missão alinhar centenas de pessoas para um objetivo no qual a sua opinião não foi tida em conta e que, portanto, não acreditam ou não valorizam (nem sei o que é pior), deve ser uma tarefa muito inglória. Porque ninguém faz bem aquilo em que não acredita. Vão fazendo, mas mal e com “urgência”, porque alguém lhes disse que assim tinha de ser e, por isso, tornou-se “imprescindível” e, porque se não fizerem, é “grave”, ou “muito grave”.

As empresas são pessoas, por isso culpar sistemas não faz qualquer sentido. A mudança tem de partir de dentro. As pessoas – que fazem as organizações – têm que voltar a ter personalidade, recuperar os valores, potenciar as crenças e trabalhar para os objetivos. E têm que procurar uma organização com qual se identificam, um projeto em que acreditam, um líder que admiram.

Por favor não continuem a ter um emprego Trabalhem e colaborem em projetos que vos dê gozo e onde sintam que fazem a diferença. Façam um esforço por questionar a vossa vida e por balancear custos e benefícios entre estarem 40 horas por semana onde gostam e onde agregam valor em detrimento de um local que não gostam, onde atrapalham e ainda ficam maldispostos.

Imaginem como seria bom fazerem o que gostam e trabalhar com outras pessoas também apaixonadas pelo que fazem, que procuram encontrar, com calma e ponderação, as melhores soluções para os problemas e analisam com alegria e empenho os vários cenários que têm pela frente. Parece uma utopia, mas cada vez mais ouvimos histórias de pessoas que mudam a vida movidas por paixões e pela ânsia de serem felizes. E para essas pessoas olhamos com admiração. Porque não podemos fazer parte deste grupo?

As outras, aquelas das quais vos falei antes, essas serão as mais ricas do cemitério. Coitadas!

Joana Carravilla, Country Manager Iberia da E.Life

 

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Por Joana Carravilla

Comentários (1)

  1. A SÉRIO???
    As palavras de ordem são de facto “urgente”, “grave”, “muito grave”, “essencial” e “imprescindível”… pois a velocidade actual assim o impõe para acompanhar a mudança. É de facto cada vez mais desafiante para quem toma decisões e gere prioridades, mas tal não é sinônimo de falta de sentido crítico ou discernimento e muito menos distanciamento. Obriga sim a uma maior proximidade e afinamento das características mencionadas.
    Dificilmente existem hoje estratégias de longo prazo … missão e valores acredito e espero que sim, mas mesmo estas podem ter que se dapatar… pois, como bem refere “O mundo mudou. Os negócios mudaram” e obviamente os negócios “ajustaram os seus comportamentos às necessidades atuais do mercado”. Uma estratégia de longo prazo não se pode manter rígida, sem revisões ou ajustamentos à luz da velocidade da evolução dos mercados. As estratégias são cada vez mais curtas, evoluindo e acompanhando a par e passo, as evoluções e oportunidades de mercado.
    Mas estratégias de curto prazo não é sinonimo de ausência de estratégica, de negócio sem rumo, ou líderes perdidos… falta de clareza, talvez! Mas não lhe chamaria clareza, mas sim falta de comunicação entre chefias e funcionários.. sem culpa de ninguém… apenas da velocidade e necsssidade de adaptação que nem sempre permite que a comunicacão da estratégia definida, ou adaptada, circule com a maior clareza para os funcionários. É aqui que entra o discernimento por parte de quem é liderado em acreditar nos visionários nos lideres que visualizam todo o cenário e tem a responsabilidade de tomar decisões por todos. Cabe a todos terem a inteligência emocional, em especial os funcionários, de contribuirem com as suas visões e opiniões, assim como com todos os dados que dispõem e suportam a sua colaboração. Obviamente espera-se que tenham a mesma inteligência emocional para aceitar a decisão tomada, e seguir a estratégia e prioridades definidas…. no lugar de, não acreditar que a sua opinião ou visão não foi tida em conta, por que não foi a que foi deliberada superiormente. Note-se que se os funcionários não partilharem nem contribuirem, espera-se que tenham a inteligência emocional de não criticar. E claro, que essa decisão cabe aos responsáveis pelo rumo da organização, mas não se trata de uma imposição, mas sim de uma estratégia e objectivos comuns definidos, bem ou mal, por quem tem a visão de toda a organização.
    E obviamente as organizações, pequenas ou grandes (sendo que tenho experiência em ambas e em ambos os papéis lider e funcionário) são… mais que pessoas… são equipas… otal valor humano. E como todas as equipas devem trabalhar em conjunto, sob um plano e objectivo comum. Não ter valores é boicotar este espirito de equipa e seguir um rumo contrário ao definido, seja não contribuindo, trabalhando mal disposto ou insistir numa ideia isolada independente da decisão superior. Note-se que já fiz projectos mal disposta, por nem sempre entender as decisões superiores, ou melhor, por falta de maturidade empresarial, mas boicotar o projecto ou o esforço de toda uma equipa, nunca.. se foi isso que foi decidido há que confiar. Mas sim, concordo que se não confiam nos lideres então também acreditarão que a organização pode não ser sustentável e, no seguimento deste raciocinio, também o vosso posto de trabalho pode estar em causa. Assim sendo, aconselho à saida e a estrita colaboração apenas em projectos e lideres que acreditam, sendo que, as organizações também agradecem. Note-se que a aposta na comunicação, na motivação e na proximidade com toda a equipa, tem por fim manter a equipa focada num objectivo comum que se espera que todos acreditem e contribuam.

    No que respeita à conclusão do artigo, essa sim, concordo em pleno, procurem sempre trabalhar ou liderar projectos em que acreditem, procurem esses projectos, esses lideres em quem confiam ou “simplesmente” liderem as vossas próprias organizações e projectos, afinal do vosso ponto de vista fariam sempre melhor :)

    E sejam felizes coleccionando as riquezas que dão valor, sejam elas mérito, reconhecimento, sucessos, boas companhias ou histórias para recordar!!!
    Triste é se o cemitério não estiver cheio de pessoas “ricas” do que optaram por colecionarar em vida!
    Ah!…e lembrem-se haverá sempre maus gestores e lideres autoritários, assim como, funcionários intratáveis e insolentes… de outra forma, isso sim, seria utopia!

    por: Carla Rocha,

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