Uma marca poderá ser traduzida, de um modo simplista, como uma ideia generalizada e espontânea, que surge em cada um de nós, relativamente a um produto ou a um serviço, e que reúne em si um conjunto de características.
A Turismo do Centro de Portugal padeceu, durante algum tempo, devido a um conjunto de vicissitudes, de uma escassez de “marca”. Dificilmente a ideia do que era o “Centro de Portugal” surgia no consumidor, quando confrontado com esta designação. E a ser assim, dificilmente, equacionaria este destino no seu mind set, no momento da escolha de um destino de visita e/ou férias. Destinos como o “Algarve” ou o “Douro”, carregam em si um conjunto de elementos identitários em termos das suas fronteiras, localização geoespacial ou quais os produtos turísticos que neles existem.
A Turismo do Centro de Portugal, sendo a maior e mais diversa região turismo nacional, apesar de reunir um conjunto riquíssimo de produtos turísticos, coexistindo vários e de enorme relevância, ainda se torna difícil identificar onde inicia, onde termina, e que território integra.
Dentro desta vasta e rica realidade, distinguem-se, no entanto, duas das marcas mais importantes, cada uma delas, forte e robusta o suficiente para contribuir, substancialmente, para a notoriedade e internacionalização da Marca Centro de Portugal. Refiro-me à “Serra da Estrela” e a “Fátima”.
Mais do que uma montanha, a Serra da Estrela é uma região. Integra um conjunto de argumentos ímpares capazes de justificar a visita: o Centro de Interpretação da Serra da Estrela, a rede de Aldeias Históricas de Portugal – que forma um acervo único da história de Portugal, e da qual fazem parte Almeida, Arganil, Belmonte, Celorico da Beira, Fundão, Figueira de Castelo Rodrigo, Idanha-a-Nova, Mêda, Sabugal e Trancoso -, a Rede de Judiarias de Portugal, os castelos de fronteira, e a Gastronomia – o autêntico Queijo da Serra, os enchidos e o mel, são iguarias únicas desta região.
Com um conjunto característico de paisagens – marcadas pela imensidão dos seus imponentes vales, e pelo branco dos gelos glaciares -, faz um apelo a que possamos percorrê-la com calma, por entre as típicas aldeias e vilas serranas, por entre o arvoredo e ao longo dos cursos de água.
Desta região, fazem parte concelhos como Seia e Manteigas, a aldeia do Sabugueiro, a Lagoa Comprida, as Penhas da Saúde, e a simbólica “Torre”, onde existe a única estância de esqui do país, e que novos e velhos procuram em busca de divertimento na neve ou, simplesmente, para se deixar encantar pelos vales glaciares moldados há 20.000 anos pelo gelo.
Na Serra da Estrela, é possível, mediante diferentes motivações, procurar turismo ativo e de natureza, ou exatamente o oposto, a procura de um destino que permita a elevação do espírito, o reencontro com o “eu” (muitas vezes perdido no elevado ritmo diário) e o descanso do corpo.
A este nível, mais espiritual, e a menos de um ano das comemorações do Centenário das Aparições, bem como, da presença (já confirmada) do Santo Padre, o Papa Francisco, é incontornável a referência a “Fátima”, o maior altar mariano do Mundo.
“Fátima”, à parte a questão espiritual e religiosa que encerra, é uma marca. E é uma marca forte, em termos nacionais e em termos internacionais, chegando, muitas vezes, a ser “maior” do que a marca Portugal. Isto justifica-se porque a fé ultrapassa fronteiras, mobiliza pessoas, apaga fronteiras, e é mais, muito mais, do que bandeiras ou hinos.
“Fátima” assume-se como uma marca por todo o mundo, em destinos como, a América do Sul (em particular, no Brasil), na Ásia ou em África. E, por isto, e como se tem vindo repetidamente a afirmar, Fátima deve ser encarada como umas das principais “portas” de entrada no país a turistas, justificando-se a que se saiba aproveitar 2017 e o centenário das Aparições, para que Portugal se afirme como um destino turístico religioso obrigatório.
O desafio, de privados e de públicos, será a promoção integrada do produto religioso “Fátima”, de forma concertada com outros produtos, nomeadamente, e a título de exemplo, o Património Histórico e Cultural (os Mosteiros da Batalha e de Alcobaça – logo ali ao lado -, o Convento de Cristo – em Tomar -, e a Universidade de Coimbra, Alta e Sofia), e o Turismo Ativo e de Natureza (tão bem atestado na Marca “Serra da Estrela”).
O novo posicionamento da marca “Centro de Portugal” assenta, exatamente, no pressuposto concetual de que no Centro tudo se articula de uma forma perfeita, o Norte une-se ao Sul, o País une-se a Espanha e ao Atlântico, o mar une-se à montanha e a montanha une-se ao céu, e é onde o Turismo da Mente se une ao Turismo do Corpo e ao Turismo do Espírito.
“Estrela” e “Fátima”. Duas das marcas mais diferenciadoras e que se inscrevem, na perfeição neste pressuposto. A nossa missão (que assumimos com afinco, orgulho e brio) é continuar a trabalhar na sua promoção, nacional e internacionalmente, inscrevendo-a de forma perentória na estratégia da Turismo do Centro de Portugal e, a um nível mais lato, na estratégia do Turismo de Portugal e do Governo Português. Com elas se alavanca os territórios, a região e o País.
E Gouveia não foi mencionada porquê, não pertence à região centro?
não tens potencialidades turísticas?