O Carnaval é uma época festiva onde, tradicionalmente, (quase) tudo é permitido. Para quem o leva “a sério”, são dias de grande diversão e folia, oportunidade (para alguns) de deixar cair “a máscara” do “socialmente correto”, e onde espreita, a cada canto, a oportunidade de se experimentar ser “outro personagem”, “outra personalidade”. Ou então, é apenas sinónimo de “diversão”, podendo esta ser a maior particularidade do Carnaval.
Ao pensarmos em “Carnaval”, dificilmente, não nos surge, de forma imediata, no nosso mindset, a alegria dos desfiles de samba do Brasil ou a sofisticação dos desfiles de Veneza. O mesmo acontece em Portugal, em casos como os Carnavais de “Ovar”, “Estarreja”, “Mealhada”, “Figueira da Foz”, “Loulé”, ou “Torres Vedras”, verdadeiras e potentíssimas marcas a este nível, todos elas com visibilidade nacional e até internacional. Todas elas, com características distintivas e diferenciadoras. Todos elas contribuindo de forma ímpar para o desenvolvimento económico e social das suas populações.
Para que tudo corra bem, e para que não se defraudem as expetativas dos milhares de visitantes e turistas que acorrem a ver os desfiles, trabalha-se, intensamente, ao durante todo o ano: prepara-se, ensaia-se, testa-se, projeta-se, e com uma profunda dedicação, comunidades inteiras dão o seu contributo para que seja “O melhor Carnaval do País”.
A Região Centro Portugal é sobejamente reconhecida como uma das mais ricas no que se refere às tradições associadas ao Carnaval. Ou – e recuando às nossas tradições mais recônditas e identitárias -, àquilo a que chamamos de “Entrudo” (terminologia mais utilizada nas zonas mais rurais).
A este nível, destacaríamos o Entrudo Tradicional das Aldeias do Xisto de Góis. Aqui, o festejo assenta na “Corrida do Entrudo”, com as tradicionais “quadras jocosas” sobre os habitantes das aldeias, trajados a rigor, e onde tudo valia: serapilheiras, fronhas velhas, trapos, um “peneiro das abelhas” ou máscaras de cortiça. E para manter a tradição, na sua forma mais pura, a Lousitânea – Liga de Amigos da Serra da Lousã, criou um conjunto de recomendações, que acautela o necessário rigor no modo de participar, de integrar o grupo de foliões, bem como, de fazer as máscaras, as vestes e os adornos.
Mas em Cabanas de Viriato, em Carrega do Sal, vive-se o Carnaval cumprindo-se a já tradicional e inigualável “Dança dos Cus” ou “Dança Grande”. Os participantes desfilam em duas filas, aos pares, sendo que ao terceiro compasso da música, e chocam com os rabos. É esta forma espontânea, natural e de uma enorme espontaneidade, que funciona de forte argumento para justificar a visita de muitos turistas à região – tendência que tem vindo a crescer, substancialmente, nos últimos anos.
Porque isto é cultura, é diferenciação, é tradição. Isto é estruturação do produto turístico, pegando nas mais recônditas tradições culturais, na génese daquilo que hoje somos, e dando-lhes um novo ímpeto, uma nova vida. Torna-se, deste modo, possível tornar estes eventos em importantes ativos diferenciadores do território, capazes de seduzir turistas e de lhes proporcionar experiências memorável.
Estes são apenas alguns exemplos, de como o Carnaval e/ou Entrudo pode ser um forte motivo para uma visita ao Centro de Portugal, tendo por base o pretexto da “dita” diversão, mas onde em cada experiência poderá aprender e apreender, um pouco mais, do que é ser português e o que está nas raízes da nossa portugalidade.
Pela pluralidade de regiões de turismo, o IM deveria dar o mesmo destaque a outras regiões e protagonistas…