“Se há lugar onde Deus colocou o dedo, esse lugar só pode ser este”, dizia o Embaixador da H.Stern quando nos recebeu no Rio de Janeiro. Tínhamos acabado de aterrar, vindos de São Paulo, e ainda estávamos maravilhados com as formas e as cores da cidade ao nascer do sol. Já conhecia o Rio, mas àquela hora, com aquela luz, a cidade é ainda mais maravilhosa.

Estávamos na reta final da viagem. Para trás já tinha ficado São Paulo, Ceará e Tocantins, os estados que nos levaram a conhecer o Brasil turístico e económico.

Agora íamos preparar-nos para conhecer o berço das grandes marcas brasileiras que fazem parte desta emissão, como é o caso das jóias, do Copacabana Palace e das novelas da Globo.

As primeiras ruas foram percorridas ainda de malas “às costas”, menos confortáveis e já mais cansados pelas inúmeras viagens que tínhamos feito. No trajeto que atravessava a cidade, deu para perceber que o Rio tinha mais policia do que nunca… Perguntámos como estava agora a cidade (vínhamos de uma onde a insegurança se sente mesmo!) e a resposta foi que, por causa dos eventos desportivos, estava melhor mas que isso poderia ser passageiro…

Ninguém imaginava que poucos dias depois, as mesmas ruas por onde andámos (em especial no Rio e em São Paulo) fossem de repente cenário de manifestações com milhares de pessoas a reclamar um futuro melhor. Embora já tivéssemos sentido, nas inúmeras conversas que tivemos com portugueses e brasileiros – de vários extratos sociais – que se estava a formar uma onda de indignação e que o futuro poderia ser diferente…

Com o acordar do gigante, tudo pode vir a ser muito diferente, mesmo! Para melhor ou para pior. Se bem que a maioria está a manifestar-se em paz e quer contribuir para uma mudança sem guerras, nem armas. Apenas com a sua voz.

As desigualdades do Brasil fazem-se agora ouvir no mundo. Mas antes já nós tínhamos percebido, claramente, que o povo estava saturado da burocracia, da falta de segurança, do pouco investimento na educação e na saúde. Acima de tudo, que estava farto de corrupção! E hoje, o mundo também já entendeu que não foram os 20 centavos de aumento nos transportes públicos que levaram os brasileiros a ir para a rua. Isso foi apenas a gota de água…

As histórias que nos contavam as pessoas com quem viajámos, horas a fio, ao longo das 2 semanas, e as outras com quem nos cruzámos na viagem, só podiam dar nisto!

Como se tolera os executivos alugarem ambulâncias para se deslocarem em São Paulo, por essa ser uma forma de chegar a horas a uma reunião? Como se tolera sair de casa de manhã, todos os dias, sabendo que a qualquer momento se pode ter uma arma apontada à cabeça? E o pior: é que, agora, “o cara” mata por não termos nada para lhe dar!!

Não há nação que resista a isto.  Não há povo que suporte isto! Isto e muito, muito mais, que para contar não teria linhas para tanto…

O momento de renovação que se vive, que todos esperam trazer uma mudança para melhor, era obrigatório. Para bem de todos. É certo, no entanto, que obriga a uma redobrada gestão de expectativas e de políticas governamentais para não cair por terra o peso da marca mais valiosa da América Latina…

Conhecer a marca nação foi o propósito da nossa travessia atlântica. E se por um lado o Brasil tem, neste momento, uma crise em mãos para gerir, também é verdade que este país continua a ser um mercado de oportunidades. O Brasil é tão grande que facilmente numa cidade pequena, como é Palmas por exemplo, no Estado de Tocantins (onde fomos conhecer os investimentos da EDP na barragem do Lageado), nada disto se sente…

Foi a primeira vez que estive numa cidade mais nova do que eu. Tem apenas 24 anos. E posso dizer que a experiência é muito interessante. Está tudo por fazer, há inúmeras oportunidades para quem prefere a pacatez do campo e a qualidade de vida que se encontra fora dos grandes centros.

O Brasil é um sem fim de riquezas. Naturais, agrícolas, culturais, de construção de infraestruturas, de cenários idílicos para investimentos turísticos, com um futebol que “faz bonito”, com música e gente alegre e com o seu jeitinho natural de ser… Sem dúvida que vale a pena olhar para este mercado onde estão hoje inúmeras empresas portuguesas e para onde podem ir muitas mais…

A cautela, que hoje deve ser redobrada, tem no entanto de deixar lugar para a esperança e a fé.  Como alguém escreveu, com graça, numa casa abandonada perto de Fortaleza, “Deus disse que vai dar certo”. Esperamos que sim. Até uma grande marca precisa de força divina…

Na secção Travel Brands – Brasil não deixe de ver:

• Os textos e a emissão na íntegra.

• A galeria de fotos da equipa de reportagem do Imagens de Marca.

• As principais entrevistas realizadas pela nossa equipa de reportagem, na íntegra.