A 5 de outubro celebra-se, desde 1910, em Portugal a Implantação da República, dia em que foi destituída a monarquia constitucional e se implantou um regime republicano em Portugal. Dita a história que a República tenha sido proclamada às 9 horas dessa manhã, na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa.
A 5 de outubro de 2016 um outro acontecimento marca, de forma soberana, esta data. Após um processo longo, difícil, cheio de contornos e exigências, só acessível aos melhores, António Guterres foi aclamado como secretário-geral da ONU – Organização das Nações Unidas, sucedendo a Ban Ki-moon no exercício dessas funções.
O mundo que hoje conhecemos, tem complexidades e vicissitudes a uma escala tal, que dificulta enormemente, a missão da ONU, leia-se a de “fomentar a paz entre as nações, cooperar com o desenvolvimento sustentável, monitorar o cumprimento dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais (…).”
E já vai longa a lista das missões da ONU. Desde 1948, com a primeira missão de manutenção da paz das Nações Unidas, a UN Truce Supervision Organization (UNTSO), autorizada para monitorar o cessar-fogo árabe-israelense (e ainda em andamento), a missões mais recentes, como a de cessar-fogo na Etiópia e Eritreia (2000-2008), o trabalho desenvolvido na segurança e estabilização do estado do Timor-Leste, durante o período pós-independência (2002-2005), ao cessar-fogo e treno da polícia nacional, na Libéria (2003….), a instauração um processo de paz na Costa do Marfim (2004-…), à missão de Estabilização do Haiti (2004-…), à ajuda na implementação dos acordos de Arusha, no Burundi, até ao apoio na implementação de um tratado de paz, contribuir na assistência humanitária e proteger os direitos humanos, no Sudão (2005-…). E muitas mais haveria a acrescentar, se pretendêssemos, por exemplo, considerar a década de 90, com a Guerra do Golfo, a Guerra Civil Angolana, o Camboja, a Guerra Civil de Moçambique, o Uganda-Rwanda,….
Com apenas estes exemplos, e sem atender à restante complexidade da função (humana, técnica, política, diplomática, …), é possível atestar a importância desta organização mundial que terá como timoneiro, já a partir de 01 janeiro de 2017, um português. E na ordem do dia, terá logo, à partida, dois “gigantes” à espreita: Ucrânia e Síria.
O Eng.º António Guterres, ex-Primeiro Ministro de Portugal, ex-Alto Comissário da ONU – com um trabalho notável na luta pela defesa dos direitos dos refugiados -, prestigia, com a assunção deste cargo, e da forma mais notável, Portugal e todos nós, os Portugueses.
No dia 06 de outubro 2016 a história mudou de palco, e desta feita, foi o Palácio das Necessidades o local escolhido. Nesse dia, e no seu primeiro discurso pós-aclamação, António Guterres, já não enquanto apenas um português, mas já com a complexidade de um Cidadão do Mundo, descreveu os seus sentimentos em duas singelas palavras que, diz quem bem o conhece, lhe assentam como uma luva: “Humildade” e “Gratidão”. Conhecer as próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência, e reconhecer/agradecer as diferentes situações e dádivas que a vida lhe proporcionou e ainda proporciona.
Sim. Subscrevo inteiramente a escolha. Honesta e genuína. Que esta escolha de palavras o norteie sempre nos momentos mais difíceis e complexos.
Parabéns Eng.º António Guterres. Parabéns Portugal.
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