Da emotividade natalícia à racionalidade nos consumos

6 de dezembro de 2017

Da emotividade natalícia à racionalidade nos consumos

José Manuel Costa, Presidente da GCI

Com o aproximar da época natalícia, aumenta a correria às zonas comerciais em busca do melhor presente para o marido, esposa, filhos, pais, tios, primos, amigos e até, claro, o animal por quem se tem tanta estimação.  Se alguma racionalidade nos guia durante as demais épocas do ano nas nossas opções de consumo, nesta em particular, nem sempre assim o é…

Não obstante, e de acordo com os dados do Estudo de Natal de 2017, da Deloitte, entre 2009 e 2014, o consumo estimado pelos consumidores portugueses para a época do Natal caiu mais de 50%, passando de 620 para 270 euros por agregado familiar. Entre 2014 e 2016 registou-se uma ligeira inversão desta tendência. Neste ano, porém, os portugueses afirmam que em média pensam gastar 338 euros, valor este que fica abaixo do mesmo indicador apurado para 2016 – que foi de 359€.

Claro que entre as intenções de consumo e o consumo efetivamente registado se verifica habitualmente uma décalage. Na verdade, cerca de metade dos consumidores portugueses gastou, por exemplo, mais durante as festas de Natal e Ano Novo de 2016 do que o valor que tinham orçamentado. O mesmo estudo daquela consultora aponta como principais motivos para que os consumidores aumentem a despesa, durante as festividades, o aumento do rendimento disponível e… as promoções.

Para esta equação, contarão também as inúmeras campanhas publicitárias que invadem os ecrãs dos nossos dispositivos. Em épocas como esta, chovem os anúncios publicitários cheios de cor e luzes vibrantes que apelam aos nossos sentidos, de uma forma quase irresistível. Neste ano, porém, depois de uma sentida ausência regressaram ao ecrã campanhas de entidades gestoras de resíduos como a Sociedade Ponto Verde, que vêm relembrar que o que consumimos – e a forma como o fazemos – tem impacto direto na sustentabilidade dos nossos recursos naturais.

Se é verdade, nomeadamente, que 7 em cada 10 portugueses já separam os seus resíduos em casa, verdade é também que ainda há um caminho, que diria, longo para que Portugal possa cumprir as suas obrigações em matéria de cumprimento de metas de reciclagem nos mais variados fluxos específicos de resíduos. Cientes disto, as orientações governamentais têm sido as de apostar cada vez mais em campanhas de comunicação e de sensibilização dos portugueses. Porque só voltando a falar diretamente com o consumidor – apelando ao consumo racional e consciente – mas também, de forma direta ou indireta aos produtores -, podemos ver alterados de forma mais consequente os nossos hábitos de consumo e pós-consumo.

Urge, consequentemente, operar um decoupling, uma dissociação entre o apelo emocional e o uso da razão nas nossas escolhas de consumo. Para isso, precisamos de continuar a formar e a informar os consumidores – só assim poderemos vir a ter hábitos de consumo mais sustentáveis e compagináveis com a capacidade de regeneração dos recursos naturais.  

José Manuel Costa, Presidente da GCI

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Por José Manuel Costa

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