As novas oportunidades num contexto digital
Ao longo dos últimos tempos, tenho assistido a alguma “surdez” competitiva de alguns dos gestores e empresários portugueses.
Estão sempre muito ocupados, demasiado envolvidos nas suas agendas diárias e com pouco tempo para ouvir outros, com pouco tempo para fazer uma pausa e entenderem o contexto em que se desenvolvem.
Se analisarmos em detalhe, estão demasiado ocupados em vencer, e em ganhar o jogo da competição, derrotando a concorrência e assegurando um status quo de sucesso. São essas as suas prioridades.
No entanto, o contexto competitivo em que se desenvolvem tem sofrido alterações profundas, em especial nos últimos 5 anos. Uma revolução tecnológica sem par, está a dar lugar a uma economia 3D – Digital, Dinâmica e Demolidora, alterando por completo os modelos de negócio tradicionais, e criando um mercado verdadeiramente global. As empresas que tínhamos como referência estão a deixar de o ser. Os líderes de mercado perdem esse estatuto a uma velocidade acelerada. Os modelos de gestão que nos trouxeram à liderança do mercado, estão a ficar obsoletos e, consequentemente, vão sendo derrubadas as barreiras físicas, temporais, linguísticas e transaccionais.
Em resumo, as regras de mercado alteraram-se, e já não há espaço para os nossos gestores continuarem apenas no jogo da competição entre si. O mercado global e digital coloca desafios para os quais muitos deles não estão preparados.
É urgente compreender que neste novo mercado é necessário empreender através de um paradigma competitivo diferente, que mistura a dinâmica da competição, com a complementaridade da cooperação. Os últimos meses foram pródigos em demonstrar como empresas desde sempre rivais uniram esforços para acelerar o seu crescimento. A Microsoft aliou-se à Apple para o desenvolvimento do mercado da mobilidade, perspectivando ganhos significativos para ambas. A Audi, a Mercedes e a BMW uniram-se para comprar a divisão de Mapas e Software de GPS da conhecida Nokia, gerando significativas poupanças para as suas marcas. Muitas outras estão a mudar a sua forma de abordar o mercado.
Do que é que as nossas empresas estão à espera para unir esforços cooperando inter e intra sectores de actividade? Somos indiscutivelmente bons em sectores como o Vinho, o Turismo, o Calçado e o Vestuário. Imaginem o potencial a capturar se os nossos gestores mudassem a sua abordagem de uma lógica apenas focada na competição com os seus pares, para uma lógica de coopetição na conquista de mercados internacionais.
Curiosamente, este novo contexto digital facilita e acelera esta interacção e esta conquista, na medida em que permite o acesso imediato a um vasto mercado de cerca de 3.000 Milhões de potenciais consumidores. Por essa razão é tão fundamental dominar as novas ferramentas de mix digital que estão à disposição das empresas, quer na vertente de comunicação com os vários targets, de desenvolvimento da relação com o consumidor, na comercialização dos seus produtos ou serviços, e até mesmo na componente de transacção financeira digital.
Estamos a tentar recuperar de uma profunda crise económica, e é certo que os milhares de postos de trabalho que são necessários para revitalizar o nosso mercado, não serão conseguidos pela evolução gradual do nosso tecido empresarial. São necessárias medidas disruptivas para conseguir recuperar inúmeros postos de trabalho, num curto intervalo de tempo. Para tal é necessário um novo mindset nos nossos gestores para gerarem novos resultados.
É fundamental iniciar desde já uma dinâmica empresarial distinta orientada para a Coopetição dos clusters estratégicos para a economia nacional.
Concordo inteiramente com a ideia que necessitamos muito mais coopetição, de facto verifica-se que os gestores não falam uns com os outros, tendo sempre como desculpa a falta de tempo, pois de facto estão ocupados, resta questionar se nas actividades que poderiam criar mais valor.
Este ponto da coopetição, estabelecimento de parcerias e consolidação das empresas torna-se mais critico quando sabems que cerca de 95% das empresas portuguesas têm menos de 10 colaboradores, o que de facto não dá para competr no mundo aberto em que hoje vivemos.
É totalmente verdade, a melhor forma de aumentar a economia nacional é com mais união entre grandes e pequenas empresas.