Depois da introdução da era digital nas nossas vidas por pouco mais de vinte anos, rapidamente evoluímos para uma sociedade que caminha a passos muito rápidos para um mundo MOBILE-ONLY.
Quando iniciei a minha actividade profissional, no inicio da década de 90, eram raros e pioneiros os computadores de secretária individuais, mais tarde denominados desktops. De omnipresentes essas máquinas passaram a conter ferramentas que viriam a revolucionar a forma de trabalhar dentro das empresas e de nos relacionarmos com o exterior, as ferramentas de office, de correio electrónico e claro de navegação na internet, esse novo mundo disponível para pesquisar, comparar, explorar, conhecer e até comprar.
Passados uns anos assistimos, com alguma desconfiança, à chegada dos computadores portáteis, os laptops. Vieram discretos mas persistentes e devido à sua evolução tecnológica conseguiram vencer barreiras e hoje dominam como ferramenta de trabalho, principalmente para forças de vendas, consultoras e outras funções em que a mobilidade se torna peça chave do sucesso.
No entanto a verdadeira revolução estava para vir. A chegada dos telefones móveis massificou as comunicações fora do posto de trabalho e fora das residências e alterou de forma substancial a forma como nos relacionamos na esfera laboral e na esfera pessoal.
Chegaram também associados a símbolos de status e poder, e rapidamente a miniaturização dos aparelhos era a tendência, que desde cedo se tornaram objectos de desejo e ostentação.
Foi a época de ouro das operadoras, com o volume de chamadas de voz na telefonia móvel a disparar e com estratégias inteligentes de revitalização das redes fixas para implementação da internet doméstica a conseguir estancar o que poderia ser uma queda abrupta das comunicações através das “velhinhas” redes fixas. O mundo parecia deles.
Estávamos no mundo dominado pela Nokia, Motorola, Sony, Ericsson, Siemens e no mundo corporativo a Blackberry dava cartas entre os yuppies.
Tudo caminhava de acordo com o powerpoint e segundo a cartilha lida a preços exorbitantes pelos vários consultores. Até que, a uma velocidade surpreendente e avassaladora, tudo mudou….
De repente os pequenos aparelhos móveis começaram a crescer, de tamanho, de funcionalidades, e até novas marcas e fabricantes até então praticamente inexistentes tomaram conta do mercado. A pedrada no charco foi dada pela estreante Apple com o iPhone3, dando o tiro de partida para a mudança de paradigma. Pouco depois a Samsung decidiu entrar a sério no jogo, vários players foram expulsos ou desistiram, e a era dos dados e da internet chegou para ficar.
Hoje quem tem o maior ecrã vence, quem tem melhor performance de internet vence, quem tem a melhor maquina fotográfica embutida vence… Ahhhh e se ainda permitirem fazer chamadas de voz tanto melhor…
As operadoras assistiram ao tabuleiro do jogo a virar do avesso a uma velocidade que nenhuma julgava possível e tentaram freneticamente acompanhar este inquieto consumidor. A queda abrupta das receitas vindas de chamadas de voz implica a reinvenção dos modelos de negocio.
Toda a economia que levou mais de uma década a acreditar que o mundo seria digital, adaptando os seus modelos de negocio, de interface com os clientes, de relacionamento e de comunicação para a tela do computador, tem agora poucos meses para se adaptar a um mundo que cada vez mais gira à volta do pequeno/grande aparelho de telefonia móvel e/ou do tablet.
Cerca de 8 em cada 10 aparelhos vendidos hoje pertencem à categoria de smartphone, ou seja, até servem para fazer chamadas, mas na essência servem para viver no Séc. XXI. Hoje em dia, em vez de minutos, os carregamentos ou os pacotes compram-se em Megabytes, ainda que ninguém saiba bem como medir, comparar, vender ou comprar.
As novas gerações de pre-teens, teens e jovens adultos já nem o email utilizam, mas sim todas as plataformas e aplicativos de relacionamento e comunicação mais instantâneos, imediatos e interactivos.
Para comunicar já não basta os 30’ no prime time televisivo, pois a probabilidade do espectador estar em simultâneo com um smartphone ou tablet a desviar a atenção é gigante, pelo que toda e qualquer estratégia de atingir esse consumidor tem que ser diferente. Esta força de second screen rapidamente está a inverter para prime screen sendo a TV o pano de fundo do cenário de consumo de conteúdos e informação.
Também as experiências de consumo deixaram de se esgotar na ida à loja, uma vez que esta mobilidade e facilidade do mundo dos APP’s trouxe toda uma nova conveniência e usabilidade ao e-commerce que aproveita esta onda e dispara a sua importância em variadíssimas categorias.
Podemos pensar em vários produtos e serviços, dos mais óbvios aos mais inusitados, mas hoje em dia está tudo a correr para servir melhor e de forma mais dirigida o seu consumidor, e isso passa inevitavelmente pelo mundo Mobile. Da banca aos seguros, da saúde ao desporto, da alimentação ao lazer, do turismo à mobilidade, da educação à música, dos relacionamentos aos Games, da religião à política, da ciência à história, todos nós poderemos listar um sem número de aplicativos que alteraram de forma radical a forma de ter contacto, consumir, aprender e de nos relacionarmos com estes conteúdos e serviços.
De repente, e derivado de todo um novo padrão de utilização começamos a depositar no smartphone quantidades absurdas de informação sobre a nossa vida profissional e pessoal, alguns dados sensíveis e confidenciais, cada vez mais utilizamos o aparelho para compras online, pelo que os temas de segurança, privacidade e cópias de segurança começam a ser de primordial importância.
Pensarmos, nos dias de hoje, num futuro próximo em que o veículo central não seja o mundo mobile é tão utópico quanto irreal.
E você, quantas atividades diferentes já efectuou hoje através do seu smartphone?
“If I had asked people what they wanted, they would have said faster horses”
Henry Ford
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