A competitividade das empresas decorre de vantagens quer ao nível dos custos quer da capacidade para acrescentarem valor. No primeiro caso a empresa irá provavelmente competir com base no preço, enquanto na segunda hipótese será pela diferenciação. No entanto, independentemente da opção por uma ou outra estratégia, a verdade é que a única forma de assegurar a sustentabilidade das vantagens competitivas passa por uma aposta constante na inovação.
Tradicionalmente, considerava-se que a inovação podia ocorrer a dois níveis: produto ou processo. Contudo, os novos desafios que se têm vindo a colocar às empresas mostram que há outros tipos de inovação. Por essa razão hoje em dia reconhecem-se mais duas formas igualmente importantes: a inovação de marketing e a inovação no modelo de negócio.
Sendo estes os grandes formatos, a questão que se coloca é como inovar. No passado deu-se grande importância à inovação assente em pesquisa, isto é, à R&D – research and development. Contudo, ao longo dos últimos anos foi-se tornando evidente que uma parte significativa da inovação podia ser gerada em parceria com outros atores: clientes, fornecedores, universidades, centros de investigação e mesmo concorrentes. Trata-se daquilo que se designa por open innovation, por oposição à inovação “fechada” gerada em exclusivo dentro da organização.
As vantagens da inovação aberta podem ser significativas na medida em que possibilita o acesso aos conhecimentos, recursos e competências de outros players, diminuindo assim o montante de investimento que cada parceiro tem de realizar bem como o respetivo risco. E, mais do que isso, aproveita o efeito da aprendizagem sinergética em rede, potenciador de inovações futuras.
Estes novos formatos de inovação assumem uma importância especial no contexto de um tecido empresarial como o nosso. Com efeito, se é certo que a pesquisa e desenvolvimento estão, com frequência, reservadas às empresas de maior dimensão (para além das próprias universidades e centros de investigação), já a inovação aberta pode ser particularmente interessante para as PME em virtude da partilha do investimento e do risco.
Isto significa que o marketing – em especial o marketing das redes e business-to-business – assume aqui um papel essencial na medida em que o sucesso desta inovação aberta assenta em larga escala na capacidade dos diversos atores para gerirem relacionamentos não só diádicos mas em redes alargadas.
Em suma, sem questionar a relevância da R&D, começa a tornar-se evidente a importância daquilo que se pode designar por C&D – connect and development. Para um país como Portugal, que tem urgência em fortalecer a sua competitividade nos mercados internacionais, este é, sem dúvida, um dos principais desafios que se colocam a qualquer gestor: desenvolver competências relacionais de forma a potenciar em rede a capacidade de inovação das nossas empresas.
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