Código de Conduta Digital

8 de maio de 2015

Código de Conduta Digital

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

Como ser correto online? Quais os limites para a partilha de informação da vida pessoal? O que é para mim abuso ou falta de educação? O que é correto postar em cada rede social? Como nos comportarmos online? Devo identificar colegas de trabalho em fotos embaraçosas? Devo colocar fotos do “baú” e identificar todos os que nela  aparecem?

Após convivermos mais ou menos intensamente com a realidade das redes sociais, quer na vida privada, quer na vida profissional, todos já nos deparámos com situações com algum grau de embaraço e em que questionamos a legitimidade deste ou daquele comportamento.

Primeiro foi o telefone móvel a entrar nas nossas vidas, a invadir os nossos espaços, a marcar presença nas mesas de restaurantes e mesmo em situações mais delicadas. De algum modo, com maior ou menor rigor, algumas regras ou protocolos de comportamento foram sendo instituídos, e hoje em dia, salvo por descuido ou puro esquecimento, já começa a ser menos frequente termos uma peça de teatro, uma cerimónia religiosa ou uma sessão de cinema interrompidas com o som estridente do toque de chamada. Já a questão de atender ou não uma ligação quando estamos em reunião, refeição ou em simples conversa com terceiros já depende de outros fatores de contexto, mas também aqui acredito que o bom sendo acabará por imperar.

No entanto, quando pensamos nas redes sociais, acredito que ainda estamos numa fase de crescimento desenfreado e desregrado de utilização, sendo muito frequente depararmo-nos com situações que nos causam algum tipo de incómodo.

Num mundo ainda sem muitas regras, com enorme grau de liberdade individual, e sem controlo possível do nosso stock/inventários de imagens, filmes ou capacidade criativa de edição e montagem, é natural que apareçam situações conflituosas e desconfortáveis.

Num mundo em que cada um de nós se tornou num repórter em potência equipados com um smartphone que fotografa, filma e grava tudo o que considerarmos relevante e oportuno, a ausência de bom senso leva muitas vezes a situações delicadas.

Se pensarmos que tudo o que postamos e mesmo o que “gostamos” e comentamos, a forma e consistência com que o fazemos contribui para o nosso novo “EU”. A nossa identidade hoje em dia é complementada pelo nosso comportamento nas redes sociais, quer para efeitos de relacionamentos sociais quer, mais importante ainda, para efeitos de relacionamentos profissionais.

É extremamente difícil criar linhas divisórias entre as várias facetas da nossa vida, tipo esse sou “EU” boémio, brincalhão, esportista, e esse outro “EU” sou o sério, profissional, pontual, formal e nerd.

As áreas sensíveis mais comuns são:

- Fotos/filmes em ambientes de trabalho, ainda que em momentos de lazer. A partilha destes momentos identificando os participantes e retratando situações que fora do contexto possam parecer ridículas ou menos apropriadas pode levar a consequências menos agradáveis;

- Fotos retirados dos “baús da memória” pode causar constrangimentos a terceiros, ainda que não seja essa a intenção. Alguns podem não gostar de recordar os penteados, trajes ou mesmo companhias de algumas fases das suas vidas;

- Tomadas de posição forte em temas como religião, política, qualquer tipo de descriminação e mesmo desporto deverá ser sempre bem ponderada tendo em conta que não se controla a audiência que será atingida, nem a reação dessa mesma audiência. Não é o mesmo que discutir numa roda de amigos.

- Over exposure – a postagem de algum modo exagerada de algum tema (ainda que para nós seja super relevante), pode causar incomodo e cansaço social. Ninguém necessita de ver as 48 fotos dos locais por onde passei nas férias, ou os pratos das 23 refeições que tomei, ou de estar sempre a ver os meus pés esticados ao sol. A excepção, a relevância, o conteúdo e a qualidade do seu post é o que fará a diferença, não a quantidade.

- Respeitar o propósito da rede social – O LinkedIn deverá ser utilizado para temas profissionais, não para colocar a foto do aniversário da sua filha, por mais linda que ela seja. Também o “overselling” no Facebook tende a ser mal interpretado. O facto de algumas personalidades terem perfil no twitter ou facebook não quer dizer que são suas amigas, para elas é uma ferramenta de trabalho e como tal deve ser interpretada.

- Cuidado com os factos, números e argumentações utilizadas. Hoje em dia o Google está a distancia de um clique para todo o mundo.

Em jeito de resumo, as redes sociais são uma realidade que veio para ficar, ame-as ou deteste-as, mas teremos que aprender a viver com elas, da melhor forma possível, e para nos tornarmos, no geral, pessoas melhores. Mas ainda estamos no jardim escola desta nova realidade.

“Everything you post on social media impacts your PERSONAL BRAND. How do you want to be known?”

 Lisa Horn, The Publicity Gal.

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
2 votos
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.