David Bowie era um inventor, inovador, revolucionário sem arma e desconstrutor de ideias. Um eterno irreverente que se rodeava de novas gerações para perceber que caminhos deveria seguir numa determinada fase da sua vida e da sua carreira; que não tinha medo dar ouvidos a essas novas gerações e arriscar poses – no sentido figurado – que lhe poderia dar – e davam! – críticas muitas vezes injustas.
De Bowie muito já se falou e elogiou: da sua música, pose vaudevillesca, influência na moda. Eu acrescentaria o legado da sua influência: na publicidade, indústria do entretenimento, na comunicação – veja-se a forma como “preparou” a sua despedida –, na capacidade de captar uma audiência cada vez mais dispersa e desatenta. Bowie era um verdadeiro one man communication show e não um mero artista musical.
Mas se há uma palavra que melhor se adequa a Bowie é “experimentação”. O britânico gostava de chocar, em vez se de adaptar ao que estava pré-estabelecido. Não um “choque” no sentido negativo da palavra, mas antes uma busca permanente pela diferenciação, por ser diferente, para alcançar o que nunca ninguém antes tinha sugerido.
É essa falta de coragem que é hoje comum a muitas áreas da nossa actividade em que nos movemos – o marketing, comunicação. O medo substituiu a experimentação e se existe algo do legado de Bowie que deveríamos retirar é essa necessidade permanente de inovar. Para o homenagear, basta ouvirmos a sua música e continuarmos a curti-lo como fizemos até agora – há cidadãos imortais e David Robert Jones é um deles.
PS: Há uns dias alguém escrevia, no Twitter, que o século XX estava a desabar sob os nossos pés. E ainda bem – é sinal de que as nossas memórias e vivências dessa época foram positivas. Assim sejam também as próximas décadas.
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