Bicicletas, o futuro encontra o passado?

12 de novembro de 2014

Bicicletas, o futuro encontra o passado?

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

Presas nas filas intermináveis de trânsito, as cidades agarram-se agora, como tábua de salvação, à moda que veio para ficar: as BICICLETAS vêm do passado para revolucionar as cidades do futuro.

Quem não se lembra de como aprendeu a andar de bicicleta? Ajudado pelos pais ou irmãos mais velhos, que pacientemente seguravam no banco enquanto ensaiávamos as primeiras pedaladas, ou em alguns casos, apoiados pelas famosas “rodinhas” de apoio.

Mais recentemente surgiu a moda, disputada apenas pela corrida, liderada pelos quarentões barrigudos que descobriram que existe vida para além do sofá, que enche as marginais, parques e circuitos da moda.

Pois não é disso que falo, o que observo em todo o mundo é um fenómeno com crescimento impressionante que réplica o enorme sucesso da linda cidade de Amesterdão, na Holanda. De facto, mais de metade do trânsito efectua-se em bicicletas, superando inclusive no ano de 2014 os automóveis no numero de unidades vendidas.

bicicleta1Esta tendência está a alterar o panorama das principais cidades em todo o mundo, com o surgimento de ciclovias, estacionamentos, sistemas de utilização de curta duração, revisão dos códigos de trânsito, formação cívica e das autoridades, entre tantas outras medidas que se tornam necessárias para viabilizar de forma segura e civilizada este novo padrão de comportamento urbano.

São óbvias e inúmeras as vantagens que decorrem da implementação massiva da Bicicleta como meio de transporte, tanto para os cidadãos como para a comunidade como um todo. Saúde, poluição, ruído, transito e organização de espaço são apenas alguns dos factores a ter em conta.

O exemplo de São Paulo, mega-urbe que enfrenta problemas de mobilidade gigantescos com uma frota automóvel a crescer sem parar, foram tomadas medidas drásticas com a implementação de 400KM de ciclovias, disponibilização de mais de 1600 bicicletas de locação curta duração. Naturalmente estes processos de transição não são fáceis nem indolores. Existem problemas diários de adaptação e necessidade de educação para o respeito geral destes novos ocupantes das vias públicas.

Recordo a habitual ladainha que em Lisboa é impossível, pois é a cidade das 7 colinas e tal e tal… E o clima… E como podemos pedalar com roupa de trabalho, e…

Estou convicto de que a realidade vai mais uma vez banalizar esses mitos e demonstrar que rapidamente também em Lisboa, Porto, Coimbra e tantas outras cidades Portuguesas, os melhores exemplos de mobilidade urbana serão adoptados de forma massiva.

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Segundo um estudo publicado na Business Insider, as 20 cidades do mundo mais “Bike-Friendly Cities” são:

-       Amsterdão (Hol)
-       Copenhaga (Din)
-       Utrecht (Hol)
-       Sevilha (Esp)
-       Bordéus (Fra)
-       Nantes (Fra)
-       Antuérpia (Bel)
-       Eindhoven (Hol)
-       Malmo (Swe)
-       Berlim (Ale)
-       Dublin (Irl)
-       Tokio (Jap)
-       Munique (Ale)
-       Montreal (Can)
-       Nagoya (Jap)
-       Rio Janeiro (Bra)
-       Barcelona (Esp)
-       Budapeste (Hun)
-       Paris (Fra)
-       Hamburgo (Ale)

Desafio os céticos a analisarem a topbicicleta3ografia, o clima ou os hábitos de trabalho e produtividade das 20 cidades do ranking e depois compararem com os argumentos clássicos e gastos até hoje utilizados para atrasar o inevitável.

Viver é como andar de bicicleta: É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio.
Albert Einstein

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Comentários (1)

  1. Parabéns pela abordagem do artigo. Com tanta gente a escrever disparates, por acharem que estão a falar dum assunto “da moda”, é salutar ler um texto bem fundamentado e que foca a questão essencial.

    por: Gonçalo Peres,

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