O aumento da emigração de portugueses para os mais diversos cantos do mundo, tem sido um dos temas mais debatidos nos últimos tempos, em especial após a polémica sobre as declarações do Primeiro Ministro. Sobre as mesmas, as opiniões dividem-se, nomeadamente, nos seus efeitos a médio e longo prazo na economia e no impacto demográfico desta saída.
Gostaria de abordar um tema que me parece pertinente, que se prende com a criação de condições de atractividade para o retorno desses mesmos portugueses. Não dispondo de dados concretos que caracterizem essa população emigrante, parece-me óbvio que esta muito se diferencia daquela que emigrou nos anos sessenta. A maior qualificação técnica e académica, com idade entre os 25 e os 40 anos e a muito maior mobilidade, caracterizam estes novos emigrantes portugueses.
Pensemos agora a dez ou quinze anos, e facilmente verificaremos que esta população com idades entre 40 a 50 anos, terá experiência internacional, em muitos casos em cargos de liderança, e família maioritáriamente dividida com nacionais do país de acolhimento e filhos nascidos nesses territórios.
Parece-me óbvio que este manancial de talento não deverá ser desperdiçado e é estratégico pensar como podemos, melhor, devemos comunicar com estas audiências, criando as condições de base para o seu retorno. E se os aspectos fundamentais de desenvolvimento da economia portuguesa são factor chave para que esse retorno seja bem sucedido, é também fundamental a criação, desde já, de uma estratégia de comunicação com essas audiências. O entendimento das suas percepções e sua alteração, a criação de mensagens e uma ligação próxima com essas comunidades, é absolutamente decisivo para o sucesso desta campanha.
Pelo lado inverso, é também fundamental criar condições para atracção de talento estrangeiro, criando condições para o seu estabelecimento. E nesse sentido já existem bons sinais, como é o excelente exemplo do Invest Lisboa.
O “talento” é um pilar fundamental na criação de uma marca país, a par de outros pilares, como sejam o investimento directo estrangeiro, turismo ou produtos e serviços. E mais uma vez, é agora o momento de pensar no que podemos fazer para a fortalecer.
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