As Nossas Vidas na Rede

18 de agosto de 2014

As Nossas Vidas na Rede

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

Como é boa a nossa vida nas redes sociais, somos mais novos e bonitos, estamos sempre felizes e com amigos, só visitamos locais incríveis, só temos refeições de alta gastronomia e temos sempre uma atitude positiva para passar.

Aproveitando a tão conhecida silly season do verão Europeu, reparo que salta aos nossos olhos de uma forma mais forte e adjetivada a vida fantástica que os nossos amigos digitais têm.

Torna-se irresistível a tentação de postar uma bela foto com aquele pôr do sol à beira da piscina transbordante, aquela taça de vinho no parapeito com uma vista de lascar, a presença na festa da moda ou aquele local de turismo que sempre sonhámos ir.

Espelhamos de forma mais ou menos inconsciente nas redes sociais a vida que gostaríamos de ter, o otimismo que gostaríamos de conseguir transmitir de forma regular, as palavras de amizade que gostaríamos de ter dito, e tendemos naturalmente a guardar para a vida real os problemas, os aborrecimentos, os momentos menos felizes ou as partes que consideramos mais cinzentas do nosso quotidiano.

Não tenho formação adequada para uma análise profunda, opino por isso como atento observador e estudante de hábitos e tendências, mas creio ser unânime o papel de “xanax” que as redes assumem nas nossas vidas, nos nossos relacionamentos e na forma como construímos o nosso “EU” que queremos que os outros vejam e avaliem.

Não sou fundamentalista nem hipócrita pelo que desde logo me incluo em qualquer grupo ou estereótipo que queiram associar a este fenómeno, e tenho por ele sentimentos opostos e ainda mal definidos, cruzando desde o ódio e critica visceral ao irresistível apelo de postar algo inédito ou que para mim assuma especial relevância ou destaque, sem entender bem o porquê ou até às vezes para quê e para quem.

Sinto no entanto que estes comportamentos vão influenciar a forma de nos organizarmos e estruturarmos em sociedade, de nos relacionarmos, e de nos julgarmos ou avaliarmos. Criaremos mais “monstros”, mais solitários, mais depressivos, ou pelo contrário estamos a incentivar os relacionamentos, o positivismo, o otimismo, a atitude vencedora, o sonho bom, a alegrar o quotidiano? São por enquanto perguntas sem resposta….

Alerto apenas os amigos marketeers que os consumidores reais são um pouco mais complexos e difíceis do que os nossos amigos do Facebook…. 

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