A compreensão de que hoje vivemos uma realidade mais efémera e instalável é já um dado adquirido. Esta realidade decorre de uma crise de paradigmas, conceitos e teorias que falham na explicação dos fenómenos sociais que hoje vivemos. É pois necessário encontrar novas ou renovadas ideias que respondam à compreensão e ação na realidade que vivemos. Dito de outra forma, a nova estabilidade decorrerá da compreensão científica da realidade e da consequente criação de novas ou reformuladas teorias. Penso que esse é o momento que atravessamos.
Sustento esta minha opinião no pressuposto de que, quando um fenómeno é frequentemente estudado e teorizado tal revela por um lado uma preocupação da sociedade e, por outro, uma necessidade científica de compreender o fenómeno.
É de facto o que se está a passar pois as mais variadas áreas das ciências sociais procuram encontrar resposta para esta sociedade insustentável. Ao nível da sociologia Jöel De Rosnay que nos anos 70 introduziu o conceito de abordagem sistémica nas ciências sociais, vem agora assumir, no seu livro Surfer la vie, a efemeridade e imprevisibilidade da sociedade atual como uma realidade que nos obrigará a lidar com massivas quantidades de informação para compreendermos e nos adaptarmos rapidamente à mudança. Ao nível do marketing, Kotler afirma no livro marketing 3.0 que os consumidores estão preocupados com o que as marcas fazem ao Mundo. Na gestão Michael Porter desenvolveu a teoria do Shared Value que recomenda às empresas uma estratégia de longo prazo focada no contributo que entrega à Sociedade, relembrando os princípios éticos que fundaram o capitalismo. Ao nível da economia o conceito de economia circular publicado recentemente pela Mckinsey apresenta uma metodologia para evitar o desperdício.
Em síntese, várias áreas das ciências sociais estão a produzir conhecimento que procura responder sustentadamente à nova realidade. Aos gestores e marketeers compete o desafio de, em interação com a Academia Cientifica, aplicar ou criticar estes novos conceitos. Somos assim chamados a dar o nosso contributo através do estudo e do pensamento crítico, procurando aderência entre a produção científica e a realidade.
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