Na atual realidade não é fácil encontrar formas de alavancar notoriedade, valores e fidelização das marcas, uma vez que o consumidor adotou uma postura mais racional de avaliação do custo beneficio (mormente nas marcas consumidas pela classe média), tornando a componente de valor não diretamente ligada aos benefícios tangíveis e funcionais do produto menos valiosas ou valorizadas.
Se nos lembrarmos que Kottler no seu marketing 3.0 mostra a importância e relevância de uma participação ativa e autentica das marcas na resolução dos problemas sociais quer a uma escala local ou global, compreendemos a importância de um marketing social ou de responsabilidade social verdadeiramente genuína.
Estas atividades podem ser tomadas de iniciativa própria, quando cumulativamente a esta vontade de contribuir para um mundo melhor existe a possibilidade de associar ou reforçar valores de marca ou, pode ser significativamente alavancada por associação/colaboração/patrocínio às Organizações do Terceiro Setor.
Terceiro setor é uma terminologia sociológica que enquadra todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil (ex: Médicos do Mundo ou a Associação “Sou”), por oposição ao primeiro setor, o Estado e o segundo setor, o Mercado. É evidente que na atual conjuntura estas organizações apresentam uma relevância socioeconómica crescente, fruto da crise, mas também de uma sociedade mais desenvolvida e autónoma.
As organizações do terceiro setor estão absolutamente centradas num relacionamento muito personalizado e emotivo com os seus utilizadores ou clientes, sendo um dos melhores exemplos de um real costumer relationship management. Esta relação única e privilegiada quando utilizada por uma marca alavanca-a tremendamente.
Temos pois, na relação entre marcas e organizações do terceiro setor uma excelente oportunidade para alavancar marcas e contribuir para um Mundo melhor. Contudo esta relação terá de ser genuína, continuada e sem hipocrisias, caso contrário o consumidor será impiedoso e justo no seu julgamento.
Caro António Jorge, muitos parabéns pela oportunidade deste artigo que levanta um tema de particular relevância no momento que atravessamos. O trabalho desenvolvido e a desenvolver no Terceiro Sector é de importância crucial para lançar os pilares do futuro das nossas economias. Acima de tudo, porque se trata do desenvolvimento de obra de pessoas a pensar nas pessoas que serve. E isso faz toda a diferença pelo carácter genuino que encerra. Não querendo, de modo algum, puxar a brasa…, o Mutualismo é disso um exemplo vivo e de grande relevância na sociedade portuguesa. Uma achega para uma definição de Terceiro Sector: mais do que uma terminologia sociológica, trata-se de um Sector parte integrante da Economia, consagrado na Constituição da República Portuguesa, composto por entidades colectivas cujo objectivo é gerar excedente económico que torne a actividade sustentável, e devidamente preparada para gerar valor social devidamente reconhecido pela colectividade.
Obrigado Pedro, pelo complemento e opinião, ambos com valor acrecentado com o qual concordo inteiramente.
Os Nobeis da Economia, Stiglitz e Krugman são da mesma opinião. E, os acreditamos, temos o suporte do que parece óbvio.