Os subscritores do projecto garantem que vão mudar o panorama audiovisual em Portugal através de uma aposta na qualidade e, apesar de a Entidade Reguladora para a Comunicação Social ter chumbado o projecto, alegando dúvidas sobre a sustentabilidade financeira da proposta, recusam-se a revelar os investidores para provarem a robustez do Telecinco. A candidatura encabeçada pelos jornalistas Carlos Pinto Coelho e David Borges está a ser contestada pelos grupos de comunicação social já existentes, com figuras como Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, a confessar que preferia que a proposta concorrente da Zon ganhasse o concurso.
Imagens de Marca: Um projecto como o Telecinco tem espaço no panorama audiovisual português?
Carlos Pinto Coelho: Absolutamente. A prova disso é o surgimento da TVI 24 e de um novo jornal diário. Muitas vezes é em contraciclo que surgem os projectos vencedores.
IM: Quais as diferenças principais do projecto face aos canais já existentes?
CPC: Concebemos um canal um degrau acima no que diz respeito à qualidade em todos os territórios abrangidos por todos os outros canais generalistas. O nosso projecto é radicalmente diferente e essa diferença será sentida na qualidade da grelha. Vamos dar uma grande prioridade à informação, mas contemplamos o entretenimento. O que não teremos é telenovelas.
IM: Acusam-vos de serem megalómanos (com um investimento inicial de 18,5 milhões de euros e a contratação de mais de 140 jornalistas)…
CPC: A crítica é normal. O que nos surpreende é que quem faça essas críticas não as fundamente. O nosso plano de negócios está muito bem feito. Quem dúvida dos números que avançamos desconhece o plano de negócios.
IM: Um share de 20 a 25% no final de três anos de emissões e 68,5 milhões de receitas no primeiro ano de emissões parece, para muitas vozes criticas, exagerado. Como é que pretendem chegar a estes valores?
CPC: Através da nossa grelha. O único produto que esta empresa tem é a nossa grelha, não vamos vender T-shirts. Não nos sentimos os justiceiros do panorama nacional português, mas vamos fazer diferente para muito melhor.
IM: Sente que o projecto da ZON é mais bem aceite entre os grupos de comunicação social já existentes. Porquê?
CPC: Não tenho essa percepção.
IM: Pediram na ERC a exclusão da candidatura da ZON. Quais são as falhas do projecto concorrente?
CPC: Pareceu-nos que a proposta da ZON não cumpriu a exigência de incorporar os meios técnicos e humanos exigidos no regulamento do concurso.
IM: A ERC acabou por excluir as duas candidaturas…
CPC: A razão pela qual a ERC excluiu agora a Zon foi a mesma que nós apresentámos anteriormente para que a proposta concorrente fosse eliminada. E agora a entidade reguladora deu-nos razão. Não percebemos.
IM: Vão revelar os investidores do projecto de forma a provarem a robustez do Telecinco.
CPC: Se e quando ganharmos, a primeira coisa que faremos será divulgar a entidade que está connosco, mas não antes.
IM: Na apresentação do projecto, falaram em “qualificação da oferta televisiva”. Aliar qualidade e audiência é possível?
CPC: É exactamente o que nós iremos fazer…
IM: Acredita na vitória do Telecinco?
CPC: Com toda a certeza. Quando pessoas com maturidade das que estão envolvidas entram num projecto desta grandeza, entram para ganhar.
IM: Concorda com o fim da publicidade na RTP?
CPC: Não, enquanto o actual desenho de recuperação economia da empresa continuar. Neste momento, as receitas provenientes da publicidade estão a servir para pagar dívidas. Enquanto a casa não estiver arrumada, não concordamos com a mudança das regras do jogo a meio do jogo.
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