2 de outubro de 2008

Entrevistas

Vídeo: “Showreel” da Endpoint, com alguns trabalhos realizados pela empresa.


 


É uma empresa que se dedica à realização de animações 3D desde 2001. Composta por duas pessoas, orgulha-se de ter uma capacidade “elástica” para trabalhar projectos de qualquer dimensão. O Imagens de Marca esteve à conversa com os dois sócios da Endpoint, que comparam o seu trabalho “a um nível de artesanato”.


 










Imagens de Marca: Como é que surge a Endpoint?
Tiago Inácio:
Inicialmente não tinha a formação que tem hoje, que conta comigo e com o João. Começou em Junho de 2001, comigo e com mais dois colegas do curso de arquitectura de design da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, que no final do quinto ano decidimos criar uma empresa ligada ao 3D. Eu entretanto já tinha feito alguns trabalhos para publicidade, para uma produtora que era a Comsom. Começamos a trabalhar saídos directamente da faculdade.
   João Boaventura e Tiago Inácio



IM: Foi difícil o arranque? O mercado estava receptível a projectos do género?
TI:
Havia uma grande dificuldade em arranjar clientes a início, especialmente num universo que ainda não estava muito desenvolvido. Em publicidade principalmente, quando ainda há trabalho provado, quando ainda não se tem um grande portfolio. O trabalho que nos serviu de arranque foi feito aqui mesmo para o Tagus Park. Foi essencial para nos aguentarmos, até porque estamos a falar de um período logo após o 11 de Setembro, em que muitas produtoras foram abaixo. E nós sentimos isso. Entretanto os outros dois sócios abandonaram a empresa e em 2003 decidi convidar o João para se juntar à Endpoint.



IM: E hoje como está a Endpoint?
TI:
Em 2004 foi quando a empresa adquiriu mais estabilidade, veio mais trabalho. Até à data a empresa tem estado estável. A crescer, mas de uma forma muito controlada. Mantemos este formato de dois sócios, em que contratamos freelancers quando surgem projectos de maior dimensão e que exigem mais elementos. Acaba por ser uma empresa elástica. Queremos que haja na Endpoint mais flexibilidade, que tenha capacidade nos momentos em que há mais trabalho e nos momentos em que há menos.



IM: Na publicidade quais são os vossos grandes clientes?
TI:
A nível de publicidade para televisão temos feito alguns trabalhos para a Arizona Filmes e, neste caso, para os clientes da Arizona, como por exemplo o Millenium BCP, o American Express, Kellog’s, etc. Já para a publicidade de produção fotográfica, temos trabalhado essencialmente com a Heitor Estúdios, e a esse nível temos um portfolio enorme. Nós próprios quando por vezes o vamos rever ficamos espantados com alguns que já nem nos lembramos.



IM: O mercado hoje em dia. Como está? Há muita concorrência?
TI:
A sensação que temos é que não. De facto muitas empresas desapareceram em 2001, com o 11 de Setembro. Produtoras e até mesmo empresas de 3D que estavam a começar. Hoje em dia, diria que não somos assombrados por concorrência.



IM: Mas não existem mais empresas a trabalhar na vossa área?
TI:
Não existem muitas a trabalhar nestas três áreas em que nós trabalhamos [a Endpoint faz trabalhos para o ramo imobiliário, séries de animação e publicidade]. Não somos assombrados, nem sequer nos preocupamos muito com isso, estranhamente. Nós até achamos que o mercado está subdesenvolvido para aquilo que poderia estar.



IM: Mas existe procura?
TI:
Claro. Mas o que nós notamos é que as agências de publicidade, na nossa opinião até de uma forma muito negativa, recorrem muito a empresas estrangeiras, nomeadamente brasileiras, espanholas, italianas. É algo um pouco incorrecto, até porque a capacidade em Portugal existe, e estar a canalizar o investimento para o estrangeiro não me parece muito correcto. Voltando à questão da concorrência, notamos mais concorrência vinda do estrangeiro do que empresas portuguesas.



IM: Isso em publicidade…?
TI:
Sim, porque no mercado imobiliário, para onde também fazemos algumas coisas, há sempre mais trabalho, quase continuamente.
João Boaventura: Mas apesar de haver mais trabalho acaba por ser um trabalho mais operário, faz-se sempre a mesma coisa. Não há criatividade envolvida.



IM: E essa não é vossa filosofia, certo?
TI:
Essa não é mesmo a nossa filosofia. É também por isso que mantemos a empresa neste formato, para podermos ser mais elásticos, mais flexíveis. Por outro lado trabalhamos a um nível de artesanato, de precisão.
JB: A ideia é convergir toda a nossa atenção, toda a força para aquela peça que estamos a construir.  



IM: Como é que a Endpoint olha para o futuro?
TI:
Por enquanto manter a empresa nestes moldes. Flexível, elástica. Aliás, numa filosofia que é de acordo com o mercado que existe.
JB: Sim, a preocupação é em manter a Endpoint saudável, com a tal dedicação às peças. Até para garantir sempre a qualidade.


 


 







Paixão a 3D


IM: De onde nasce o vosso interesse pelas 3 dimensões?


TI: No meu caso logo desde muito novo. Comecei na brincadeira, ainda com 13 ou 14 anos, com softwares de 3D da altura, como o Commodore Amiga. Fui depois acompanhando todos os softwares novos que saíam. Experimentava-os, fazia brincadeiras, mais tarde até filmes amadores, utilizando técnicas 3D… e claro, depois na faculdade, no âmbito do curso.
JB: Eu costumo dizer que nasci com um lápis atrás da orelha e já ver o Walt Disney. E fui sempre apaixonado pela magia do risco. Sempre que me refugiava, fazia-o com um lápis e papel. Profissionalmente fazia animação 2D, fazia storyboard, e ao mesmo tempo estava na ETIC a fazer um curso de imagem de síntese. Passados alguns meses do Grupo Neuroplanet ter fechado, fui convidado para um projecto quer envolvia um conceito de animação sobre a prevenção rodoviária. Foi aí conheci o Tiago Inácio, e a Endpoint. A partir dessa altura percebi que o Tiago podia ser uma mais valia para o meu desenho e vice-versa. Ou seja arranjou-se um ponto de encontro que veio a ser muito bom para ambas as partes.

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