26 de setembro de 2008

Entrevistas

 


Se fosse um deputado da Assembleia da República, a Time Out Lisboa seria, por certo, o poeta Manuel Alegre, porque ninguém a cala e “tem a



independência como militância”. Boas ou más, as críticas ao que se faz nas áreas do ócio e da cultura na capital da República surgem nas cem páginas semanais da revista sem o lápis azul da censura. Na redacção, respira-se irreverência e não disciplina.


 


Se a publicação fosse um dirigente de camisa vermelha a cheirar a petróleo e aficionado pela tecnologia portuguesa, a Time Out seria Hugo Chavez por razões já descritas no parágrafo primeiro.


 


Já se fosse um caminho, a revista seria um atalho. Não porque mete o leitor em trabalhos, mas porque vai para lá do óbvio. “ Se não surpreendermos todas as semanas quem nos lê, estamos a fazer um mau trabalho”, garante ao Imagens de Marca João Cepeda, o editor da publicação.


 


 


 


Enquanto formato internacional, a Time Out chegou às bancas nacionais há um ano e para celebrar a redacção elegeu os 12 heróis de Lisboa. Como bom abelhudo, o Imagens de Marca juntou-se à festa e só não brindou porque não lhe fizeram chegar o copo.


  


 


Imagens de Marca: Jorge Palma, Raul Solnado, Carlos do Carmo, Ana Salazar, Sam the Kid, mais alguns nomes… A edição comemorativa do primeiro ano foi exigente?


João Cepeda: Foi a mais exigente. Foi uma produção que demorou pelo menos 15 dias. Ficámos surpreendidos com o conhecimento que os nossos entrevistados tinham sobre a Time Out. Todos disseram que liam ou desfolhavam e que gostavam.


 


 


 


 


 


 


 








 


“É evidente que também nós estamos orgulhosos de tudo isto. Não achamos que fomos “a melhor coisa que aconteceu” a Lisboa, como diz simpaticamente o Miguel Esteves Cardoso nesta edição, mas sabemos que estamos a fazer um grande esforço por merecer a confiança de tanta gente e por cumprir a nossa missão essencial. A mesma que estampámos na primeira capa desta revista: acordar Lisboa.”, editorial Time Out Lisboa 1.º  aniversário


 


 


IM: Qual foi o espaço que a revista veio ocupar?


JC: Lisboa não tinha nenhum projecto com este perfil e era a única capital da Europa e do mundo ocidental a não ter uma agenda cultura com tratamento editorial. Foi uma lufada de ar fresco nesse sentido. Foi dar a pessoas que gostam de ter acesso à cultura e ao ócio de qualidade uma forma de tratamento da informação actualizada e independente.


 


IM: Houve quem não acreditasse no projecto…


JC: Fomos para a frente com este projecto apesar dos avisos que nos fizeram. Houve muita gente que nos disse que era difícil que Lisboa tivesse conteúdos para suportar uma revista semanal. O que é facto é que nós publicamos todas as semanas 100 páginas e mais publicaríamos se pudéssemos.


 


 


IM: Aportuguesaram os conteúdos…


JC: Diria mesmo que alisboteámos. A revista tem muitas secções que saíram da nossa cabeça e que estão relacionadas com perfil do lisboeta. No início pensávamos que iríamos usar muitos conteúdos da revista inglesa e da revista de Nova Iorque, mas acabámos por perceber que não fazia sentido. Em Lisboa, tem razão de ser um trabalho aprofundado sobre esplanadas… no resto da Europa isso já não se coloca. Faalo de esplanadas mas poderia falar de outra coisa.


 


 


IM: Qual é o perfil do Lisboeta?


JC: Não é muito diferente do perfil do madrileno ou do londrino. Temos todos as mesmas vontades, gastamos o dinheiro nas mesmas coisas. O perfil das cidades é muito similar.


 


IM: Quem é que lê a Time Out?


JC: Em Portugal, pelas circunstancias socio-económicas, quem compra a Time Out é a classe média alta , na casa dos trinta e picos anos. Em Portugal, as pessoas não têm o poder de compra de outras cidades. Lá fora, a revista tem um público muito jovem de classe média.


 


 







No próximo ano, a Time Out…


- Não vai surgir noutra cidade portuguesa


- Poderá ter mais um guia em inglês da cidade de Lisboa


- Poderá ter um guia em inglês sobre o Algarve


- Quer manter os cinco a sete mil leitores semanais ou aumentar


- Quer investir no site da revista


 


IM: Quais são os valores da marca Time out?


JC: Criatividade em primeiro lugar. Tem de ter capas arrojadas, tem de ter uma escrita desabrida, tem de surpreender o leitor sempre com alguma proposta. Tem de ter ideias que fujam ao óbvio. Independência em segundo. Em Portugal, estamos habituados a ter críticas a restaurantes, a filmes, a peças de teatro que são palmadinhas nas costas. Não por causa de cunha, mas de um certo servilismo. Nós temos uma dependência militante. Aliás, no contrato com a marca temos esse valor como obrigatório. E por último, estamos virados para o futuro e temos de adivinhar tendências.


 


 


IM: Como é que reagiram os anunciantes a tanta irreverência?


JC: Primeiro estranha-se e depois entranha-se.


 


IM: Como é que vendia a Time Out a um extraterrestre?


JC: É a agenda cultural de Lisboa mais completa e é a revista mais engraçada do país.

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