16 de setembro de 2008

Entrevistas

Quando na sala só se viam fatos escuros e gravatas condizentes, Richard Branson entrou informal e de camisa entalada numas calças sem vincos. Também na conferência “Inovação e Energias Renováveis”, que esta segunda-feira teve lugar na Museu Oriente, o dono da Virgin fez jus ao epíteto “capitalista hippie”. 


Génio” para uns “louco” para outros, Branson criou a marca que o colocou entre os 300 homens mais ricos do mundo aos vinte anos. O multimilionário de 58 anos passou esta semana por Portugal para anunciar um investimento de 50 milhões de euros numa cadeia de ginásios e admitiu até ser capaz de construir uma central espacial no nosso país. “Para que dentro de 30 ou 40 anos as pessoas hesitem entre apanhar um avião para ir à Austrália ou uma nave para ir ao espaço” é necessário que as estruturas estejam espalhadas por todo o mundo, explica Branson. Mas antes que comece a olhar para o céu, saiba que o projecto só poderá vir a ser concretizado dentro de três a quatro anos e será semelhante à central espacial que a Virgin Galatic está a construir no Novo México. Surpreso? Também surpreso ficou o ministro da Economia, Manuel Pinho, que garantiu aos jornalistas que o anúncio “era uma novidade”.


 


Para já, este “sir” britânico pretende criar mil postos de trabalho em território nacional, através da construção de 15 a 20 “health clubs” Virgin Active. Porto seguido de Gaia, Sintra e Oeiras são as primeiras localidades de um negócio que irá render 32 milhões de euros anuais. Uma marca que está ainda a ser introduzida em Espanha, Itália, Reino Unido e África do Sul.


 








A fortuna de Richard Branson é avaliada em 4,4 mil milhões de dólares, mais de 3 milhões de euros. Não tem licenciatura no currículo e chegou mesmo a abandonar a escola aos 16 anos, devido em muito ao facto de sofrer de desleixa. Na gíria, poderemos dizer que tem olho para o negócio. Depois de uma empresa de comercialização de aves que não resultou, BransonImagem:Richard Branson.jpg cria aos 20 anos a Virgin, empresa que vendia discos por encomenda. Mike Oldfield com o álbum “Tubular Bells” foi o primeiro êxito da editora, seguiram-se outros como Rolling Stones, Phil Collins ou Janet Jackson. Rapidamente decidiu expandir o negócio para as mais diversas áreas. Detém uma empresa privada de caminhos-de-ferro no Reino Unido, uma companhia aérea low cost nos Estados Unidos e a Virgin Atlantic Airways é considerada a segunda maior companhia aérea de longo-curso britânica. Na área das telecomunicações o destaque vai para a Virgin Mobile (operadora móvel em países como o Reino Unido, Austrália, Canadá, África do Sul, Estados Unidos e França) e a Virgin Media, no segmento de televisão por cabo e Internet. Também dedicou a sua atenção ao aluguer de automóveis e limusinas, agências de viagens, cartões de crédito e, mais recentemente, turismo espacial e ginásios. É responsável pelo emprego de 30 mil pessoas, que trabalham em cerca de 250 empresas com a insígnia Virgin.


 


Na bagagem trouxe também algumas preocupações ambientais e mostrou-se surpreendido com a atenção dada em Portugal às energias renováveis, identificando aí uma boa área de negócios.


 


Com ligações à indústria discográfica, o grupo Virgin tem também interesses no sector hoteleiro, aviação, Internet, telecomunicações, finanças, bancos de sangue do cordão umbilical, bebidas e, por fim, turismo espacial. Quando lhe perguntam qual é o sector mais rentável aponta as telecomunicações, mas garante que o lucro não pode ser o objectivo último. “Temos de, com cada novo negócio, levar coisas boas às pessoas”. O segredo para o sucesso, garante, “é dizer mais vezes que sim do que não”: “se não arriscámos, fracassamos à partida”.  

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelasRichard Branson: o "sir" hippie 

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