Quando na sala só se viam fatos escuros e gravatas condizentes, Richard Branson entrou informal e de camisa entalada numas calças sem vincos. Também na conferência “Inovação e Energias Renováveis”, que esta segunda-feira teve lugar na Museu Oriente, o dono da Virgin fez jus ao epíteto “capitalista hippie”. “
Génio” para uns “louco” para outros, Branson criou a marca que o colocou entre os 300 homens mais ricos do mundo aos vinte anos. O multimilionário de 58 anos passou esta semana por Portugal para anunciar um investimento de 50 milhões de euros numa cadeia de ginásios e admitiu até ser capaz de construir uma central espacial no nosso país. “Para que dentro de 30 ou 40 anos as pessoas hesitem entre apanhar um avião para ir à Austrália ou uma nave para ir ao espaço” é necessário que as estruturas estejam espalhadas por todo o mundo, explica Branson. Mas antes que comece a olhar para o céu, saiba que o projecto só poderá vir a ser concretizado dentro de três a quatro anos e será semelhante à central espacial que a Virgin Galatic está a construir no Novo México. Surpreso? Também surpreso ficou o ministro da Economia, Manuel Pinho, que garantiu aos jornalistas que o anúncio “era uma novidade”.
Para já, este “sir” britânico pretende criar mil postos de trabalho em território nacional, através da construção de 15 a 20 “health clubs” Virgin Active. Porto seguido de Gaia, Sintra e Oeiras são as primeiras localidades de um negócio que irá render 32 milhões de euros anuais. Uma marca que está ainda a ser introduzida em Espanha, Itália, Reino Unido e África do Sul.
Na bagagem trouxe também algumas preocupações ambientais e mostrou-se surpreendido com a atenção dada em Portugal às energias renováveis, identificando aí uma boa área de negócios.
Com ligações à indústria discográfica, o grupo Virgin tem também interesses no sector hoteleiro, aviação, Internet, telecomunicações, finanças, bancos de sangue do cordão umbilical, bebidas e, por fim, turismo espacial. Quando lhe perguntam qual é o sector mais rentável aponta as telecomunicações, mas garante que o lucro não pode ser o objectivo último. “Temos de, com cada novo negócio, levar coisas boas às pessoas”. O segredo para o sucesso, garante, “é dizer mais vezes que sim do que não”: “se não arriscámos, fracassamos à partida”.
Comentários (0)