Portugal esteve representado no corpo de jurados do Cannes Lions 2008 em três categorias diferentes. Luís Mergulhão, Ricardo Monteiro e Nuno Antunes* contribuíram para a atribuição dos Leões nas respectivas secções de Media Young Lions, Imprensa e Marketing Directo. O Imagens de Marca falou com os três júris portugueses e tentou perceber no que consistiu o seu trabalho no Festival, que avaliação fazem às categorias onde trabalharam e o que representam para eles os “Leões de Cannes”.
* entrevistas com Ricardo Monteiro e Nuno Antunes publicadas ao longo desta semana
“A força de uma indústria toda junta”
O CEO da Omnicom Media Group marcou mais uma vez presença no conjunto de júris do Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Em 2003 tinha já integrado os jurados da categoria Media, tendo sido o primeiro português a ser convidado para o efeito. Este ano, Luís Mergulhão voltou a ser um dos responsáveis pela decisão dos melhores trabalhos “Media”, mas na competição dos Young Lions.
Imagens de Marca: Como é que descreve o processo de Júri no Cannes Lions?
Luís Mergulhão: O processo de jurado nos Young Lions é diferente do processo de jurado no concurso normal. Não existe um vídeo, uma descrição de uma campanha ou um resumo escrito. Neste concurso é avaliada uma apresentação. Como se na prática a dupla de jovens concorrentes estivesse perante um potencial cliente e tivesse que fazer uma apresentação, para conquistar esse cliente e para ver aprovada a campanha. O processo de selecção foi muito rápido, eram 20 equipas com cinco minutos para apresentar dez slides. Os critérios de avaliação que definimos assentavam em quatro pontos: aquilo que considerávamos que tinha sido capturado do ponto de vista do briefing, as ideias que eram geradas e a capacidade de concretização dessas ideias, e por fim sim a proposta de comunicação correspondia ao tom de posicionamento da organização [a War Child, uma ONG que os young lions deveriam promover na campanhas propostas].
IM: Na sua opinião, que importância tem a categoria de Media?
LM: Se pensarmos no Festival há dez anos atrás, este fixava-se mais nas áreas de filme, imprensa, outdoor e rádio, e tinha uma ou outra representação comercial, que normalmente eram de agências de publicidade e de alguns meios. Hoje o Festival está completamente diferente. Vemos cada vez mais aqui empresas de tecnologia, como a Nokia, ou empresas de desenvolvimento de software, como é o caso da Microsoft, e vemos um número crescente de representantes de media. Ou seja a secção de Media acabou por ganhar uma relevância bastante grande. Primeiro porque ela é uma das disciplinas da comunicação, mas principalmente porque ela é a plataforma de distribuição de qualquer plano de comunicação, de uma ideia, de uma campanha.
IM: O que é que Cannes representa para si?
LM: É sempre uma novidade. Como eu disse Cannes mudou muito. Hoje todos os profissionais que aqui vêm, têm muito mais para assistir, aprender e conhecer. Antes o Festival vivia muito das projecções e do convívio que era feito na rua, nas festas. Hoje já não é assim. Temos 75 seminário e workshops onde vemos que as salas estão cheias e que há filas à entrada. Isto significa que existe nos profissionais uma grande necessidade de perceber quais são as tendências. De perceber quais são os caminhos. De perceber que muitas das nossas dúvidas, também existem para as grandes companhias mundiais e lideres de cada uma das áreas. Cannes acaba por ser a força de toda uma indústria junta, mas ao mesmo tempo pensando sobre si própria e criando laços fortes.
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