“Nas comunidades on-line cerca de dois por cento são criadores, dez por cento são comunicadores e oitenta e oito por cento são consumidores. É importante que todos eles tenham ferramentas para cumprir o seu papel”. As estatísticas de Mike Volpi, CEO da Joost, a primeira televisão digital na internet, são um aviso para os mais distraídos. A televisão vai mudar e todos nós teremos a culpa, porque vamos fazer parte do processo, seja de que forma for. Com a emergência das redes sociais online, como o Youtube, o Hi5, ou o Facebook, a democracia da produção de conteúdos foi já anunciada e o papel do consumidor promete estar muito além da mudança de canal. É a Internet a mostrar os seus trunfos: ambientes personalizados, partilha de experiências, interactividade, produções mais baratas. Um mundo onde Mike Volpi acredita que todos podemos participar de igual para igual.
Imagens de Marca: Que novas linguagens nos trazem os novos media?
Mike Volpi: Têm de ser linguagens em que os utilizadores sejam participantes. Os meios de comunicação mais importantes mostram-nos que os utilizadores querem passar de uma relação passiva para a acção. O entretenimento passivo não vai desaparecer, mas as pessoas optam cada vez mais por formatos participativos. Esta é a maior mudança que os media vão sofrer nos próximos cinco anos.
IM: Quais são as principais diferenças entre a televisão digital e a televisão digital na internet?
MV: Na televisão digital há apenas uma fonte para vários destinatários, enquanto na Internet há uma rede de relacionamentos de igual para igual. A televisão interactiva que existe actualmente não é má, mas não dá espaço à criatividade. Podemos escolher um programa ou interagir um pouco, mas não temos aplicações interessantes para partilhar com os amigos, nem mecanismos rápidos de sondagem.
IM: Ao dar poder aos consumidores para construírem a sua própria programação, eles vão poder fugir aos intervalos publicitários. Como é que os anunciantes vão poder ultrapassar esta questão?
MV: A maioria das aplicações na Internet que estão bem construídas não permite que os consumidores saltem os anúncios. Em compensação reduzimos os espaços publicitários. Na televisão tradicional há provavelmente dez minutos de anúncios por cada hora de programação, enquanto na Internet são cerca de quatro minutos.
IM: Quem é o público da Joost?
MV: O nosso público está espalhado por todo o mundo, com 30 por cento nos Estados Unidos da América, 40 por cento na Europa Ocidental e 30 por cento no resto do mundo. A média de idades está nos 25 anos e temos mais homens que mulheres.
IM: Na definição da empresa, dizem que a Joost é “um meio flexível para os anunciantes alcançarem um público verdadeiramente global de um modo que realmente funciona”. Tendo em conta que o público de Internet ainda é muito segmentado, quão globais conseguem ser?
MV: Temos um público muito internacional. É claro que é preciso ter banda larga para aceder à nossa televisão e por isso não chegamos a toda a gente.
IM: E qual é a fórmula para chegar a esse público diversificado?
MV: As combinações de meios são as que têm tido mais sucesso. Por exemplo, uma pessoa está a ver um programa e aparece um anúncio de trinta segundos, que é uma ferramenta poderosa para obter a atenção do público. Depois, acabado o programa, põe-se uma unidade no canto a dizer “Carregue aqui para saber mais sobre os sapatos Nike” e a taxa de cliques é muito alta. A segmentação também funciona muito bem. E nós achamos que as combinações segmentadas são os melhores formatos de publicidade.
IM: As combinações são a fórmula do futuro?
MV: Acredito realmente que sim. São muito mais poderosas e mensuráveis, porque, quando se faz um anúncio, ele não se traduz necessariamente numa acção. Mas quando passa um anúncio da Nike e o consumidor acede ao site e acaba por comprar uns sapatos, vemos que a internet nos dá uma série de possibilidades que a televisão não nos oferece.
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