8 de junho de 2011

Entrevistas

(*) APECOM – Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas


 


Imagens de Marca (IM): 2010 foi um bom ano para as empresas de Relações Públicas em Portugal? A que se deve?
Alexandre Cordeiro (AC):
Eu diria que o ano de 2010 ainda foi em Portugal um ano bom para o sector, mas apenas em termos de avaliação pelo volume global de proveitos totais (facturação global).
Pelos indicadores que temos (já incluídos no último ICCO World Report, de Maio de 2011) a avaliação através do “fee revenue” (simplificadamente honorários mais comissões) indica que o sector terá globalmente crescido de 2009 para 2010 apenas 0,4%.
O sector tem vindo a crescer em Portugal e internacionalmente devido a um ganho progressivo de importância da comunicação e relações públicas em relação a outras áreas de actividade (disciplinas) da área.
Infelizmente, o regresso ao forte crescimento sentido internacionalmente não se fez sentir em Portugal em 2010. 
    


IM: Que perspectivas tem para o sector em Portugal em 2011, tendo em conta a situação de recessão económica que ainda se vive?
AC:
As perspectivas para Portugal em 2011 são de estabilidade do “fee revenue”, de acordo com a sensibilidade de um grupo das principais empresas do sector como refere o recente ICCO World Report.
A minha perspectiva pessoal não é no entanto tão optimista e, perante a forte austeridade que as famílias e as empresas portuguesas temos pela frente, não estranharia que também este sector entrasse, naturalmente, em recessão até ao final de 2011.
Não quero no entanto deixar de sublinhar que os serviços de consultoria de comunicação e relações públicas podem constituir a forma mais sustentável e com investimento mínimo para as empresas portuguesas se aguentarem durante os tempos muito difíceis que se perspectivam.
De acordo com ICCO World Report, os dados do Os sectores com melhores perspectivas de crescimento em Portugal são  a consultoria estratégica, a gestão da comunicação de crise e os “public affairs”  e toda a área da comunicação digital e dos “social media”. Como sub-sector com menosresperspectivas de crescimento surge a organização e gestão de eventos.
Em termos de sectores de actividade o sentimento das empresas do sector em Portugal é de que  a energia e a saúde são as que apresentam melhores perspectivas de crescimento; no extremo oposto, os produtos de consumo e o sector financeiro são referidos como os de menores perspectivas de crescimento.


 


IM: As marcas continuam a cortar nos budgets de Relações Públicas e Comunicação quando se entra em período de crise?
AC:
Infelizmente essa é uma realidade que continua bem presente também na realidade portuguesa. E contra a qual temos de continuar a batalhar demonstrando com o nosso trabalho do dia a dia que é elevado e altamente compensador o retorno dos investimentos em comunicação e relações públicas. Apesar de todas as dificuldades de avaliação do mesmo.


 


IM: Como podem as empresas de Relações Públicas dar a volta à situação? A internacionalização é uma saída?
AC:
A situação em Portugal não e fácil. E sejamos claros: não é expectável que  melhore muito no curto prazo.
A resposta empresarial dependerá de empresa para empresa.
Mas poderemos dizer que, para “dar a volta” ou pelo menos “atenuar” as consequências da situação económica desfavorável, as empresas terão certamente de se reorganizar em termos do leque de serviços oferecidos privilegiando por exemplo os serviços de componente mais estratégica estratégica (consultoria, auditorias de comunicação, comunicação de crise, etc) em relação aos serviços tácticos mais virados para a execução de programas e acções.
Por outro lado, podem e devem em meu entender adoptar uma perspectiva mais integrada da comunicação, que felizmente se vai afirmando como tendência aceite pelo mercado.
As empresas de consultoria e relações públicas podem ainda seguir o caminho da especialização por áreas de serviços prestados ou por sectores de activiade económica, apesar das dificuldades inerentes a um mercado pequeno como o português.
A internacionalização poderá ser também uma saída, mas que a curto prazo só resolve para quem já estiver implantado nos mercados externos, o que leva o seu tempo a conseguir. A internacionalização – quer da prestação de serviços quer da carteira de clientes – é sempre uma aposta de médio ou longo prazo.



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