Luís Grottera foi o presidente da TBWA no Brasil durante cinco anos. Agora entra numa nova etapa e fica à frente do escritório da Brandia Central em São Paulo.
Rui Trigo, presidente da agência, explica ao Imagens de Marca, a estratégia de expansão e objectivos da Brandia para o mercado brasileiro. Depois de Madrid e Luanda, chega agora a São Paulo.
Imagens de Marca: Já está oficialmente em funções a Brandia Central no Brasil?
Rui Trigo: Sim, este é o momento. Consideramos esta a data de arranque, da fundação da Brandia Central no Brasil. É um passo muito importante para nós porque faz parte da nossa agenda de internacionalização. O mercado brasileiro é um mercado enorme, cheio de oportunidades que nós acreditamos que nos vai abrir algum espaço de manobra e que nós desejámos e lutámos por ele nestes últimos três anos de trabalho. Temos um parceiro local que é o Luis Grottera, um homem muito reputado e muito conhecedor da realidade brasileira e estamos muito confiantes com aquilo que vai acontecer por lá.
IM: Portanto há uma aposta forte no Brasil?
RT: Nós estamos a arrancar agora o escritório no Brasil. Já tínhamos feitos alguns projectos para o Brasil e a partir do Brasil mas com este momento iniciamos a Brandia Central e a empresa vira-se para o mercado brasileiro. É claro que também cumpre um objectivo que é servir as empresas nacionais e colaborar com elas no processo de internacionalização, mas a empresa vai estar de pleno direito no mercado brasileiro, procurando os seus clientes e usando os seus argumentos.
IM: Mas querem levar marcas portuguesas ou conquistar clientes?
RT: Queremos conquistar clientes no Brasil. A empresa de que estamos a falar é uma empresa brasileira, bebe uma cultura, 25 anos de história, um conhecimento muito apurado de como se faz consultoria na área do branding, como é que o branding ajuda as empresas a diferenciarem-se no mercado, como permitem ter uma melhor ideia na cabeça do stakeholder e do consumidor. Este é um processo que está a acontecer no Brasil e queremos fazer parte desse processo.
IM: Quem são os clientes da Brandia Central Brasil?
RT: O nosso objectivo é trabalhar seis projectos e já estamos a trabalhar dois. Não vou revelar quais são porque estamos em fase de auditoria, de levantamento, e são essas empresas que vão decidir qual é o momento de tornar público o trabalho que estamos a desenvolver com eles. Portanto não posso antecipar quais são as empresas mas este é o calendário. Queremos ter seis projectos no Brasil este ano e acreditamos que, há medida que os projectos se forem tornando públicos, vão permitir acelerar o processo de conquista de outros clientes.
IM: E esse dois projectos em que estão a trabalhar são de que sectores?
RT: Um é na área automóvel e o outro na área da educação.
IM: E qual é o investimento alocado a todo este projecto da Brandia?
RT: Nós estamos a fazer este investimento com muito cuidado, muito ponderado. Eu sei qual é o valor em termos de dinheiro transferido para o capital social, mas isso não representa, nem de perto nem de longe, o investimento. O investimento ultrapassa seguramente o milhão de euros, bastante acima disso, mas não é um investimento feito todos os anos. Não existe uma verba fechada. Como sabe, o nosso principal investimento é em recursos humanos. Estas empresas não tem lógica em ter activos de outra natureza, e o importante não é pensar em clientes mas sim em projectos, pensar que vamos necessitar de competência nesses projectos durante o tempo necessário que os projectos necessitem.
IM: Qual a dimensão da Brandia Central no Brasil?
RT: Hoje temos três pessoas na empresa local mas se calhar muitas mais. Há algumas pessoas aqui no escritório de Lisboa que estão a trabalhar para o Brasil. A ideia não é já replicar a Brandia Central no Brasil. Hoje, gostamos de dizer que a Brandia Central é uma empresa global sedeada em Lisboa, e portanto desloca os seus recursos, nacionais ou estrangeiros, para qualquer lado e em qualquer momento, sempre que haja projectos que o justifique.
IM: E Brasil porquê?
RT: Por várias razões. Primeiro porque temos estado a fazer apostas em mercados emergentes. Porquê? Porque achamos que a necessidade do mercado é maior que a dos outros mercados, porque os mercados emergentes estão a sofrer uma transformação profunda e essa é uma razão económica evidente. Depois, mercados lusófonos.
Nós temos três pilares na nossa internacionalização: proximidade, língua e oportunidade, que são os mercados emergentes. E portanto os mercados lusófonos são mercados importantes e podemos dizer, sem ter uma base muito clara, que somos a maior agência de branding portuguesa, e isso é um posicionamento diferenciador. O mercado brasileiro é um mercado em expansão, uma expansão brutal e em grande transformação.
IM: Há espaço no mercado brasileiro para vocês e onde se querem posicionar?
RT: Nós em cinco anos queremos ser Top 3. Nós lemos o mercado brasileiro da seguinte forma. O mercado brasileiro tem uma grande tradição em publicidade, em propaganda, como eles dizem, mas não há tradição em Branding. Há uma cultura de mensagem mas não há cultura de evidência física. Portanto há um espaço para construir e ocupar. Nós não sentimos que haja uma concorrência directa, objectiva e estruturada, aparte de empresas como a Interbrand e outras empresas lá presentes. Mas com empresas brasileiras não há. Há fortíssimas empresas brasileiras de propaganda e comunicação mas nem queremos estar nesse mercado, queremos estar na consultoria de branding.
IM: Em termos de retorno, quanto poderá valer o Brasil no negócio da Brandia?
RT: A prazo pode representar quatro vezes o volume que é feito aqui hoje. Pode vir a representar 50% do negócio da Brandia daqui a três, quatro anos, aproximadamente. O mercado brasileiro é muito grande e isso tem reflexos, é evidente. Numa rede de lojas por exemplo, a diferença da escala entre o mercado brasileiro e português é evidente. As coisas correndo relativamente bem, é muito fácil ultrapassar a dimensão de Portugal e vamos tentar fazer bem e se assim for, ainda bem.
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