Em Janeiro de 2007 nasceu a EVOleo Technologies, com o objectivo de operar nos negócios aeroespacial e industrial. Ao fim de 4 anos a empresa está a terminar o projecto para a ESA (Agência Espacial Europeia) com Efacec. Chama-se TDP8 e é o maior equipamento electrónico espacial desenvolvido e construído em Portugal.
Com este projecto finalizado a empresa vai virar-se para o ramo da Energia. A criação de uma família de produtos para o mercado da optimização energética, industrial e doméstica, como resposta à crescente exigência de poupança e eficiência, é a meta para este ano.
O Imagens de Marca falou com Rodolfo Martins, fundador e Director da EVOleo Tecnhologies. Quisemos conhecer esta empresa inovadora que está a exportar o seu talento para o estrangeiro e perceber o que é que falta em Portugal que existe lá fora.
Imagens de Marca (IM): Como surge a EVOleo e com que áreas de actuação?
Rodolfo Martins (RM): A EVOleo Technologies surgiu da vontade de criar uma estrutura de engenharia muito competente e flexível para operar em áreas de elevado valor acrescentado. A empresa nasceu para operar nos negócios aeroespacial e industrial, apostando nas competências relacionadas com o desenho de sistemas electrónicos críticos de elevada complexidade, para além da tradicional automação e controlo.
A EVOleo assenta na evolução, inovação e aprendizagem constante orientada para o cliente. Procuramos saber o que pretende, sugerir melhorias e ser muito flexíveis para sermos eficazes e muito eficientes.
Actualmente, a Evoleo tem um óptimo e habilitado corpo de engenharia cuja competência é reconhecida, com destaque para a Efacec e Agência Espacial Europeia.
Actualmente a empresa orienta as suas actividades para quatro áreas principais: Espaço, Energia, Transportes e Saúde
IM: O aparecimento desta empresa veio colmatar alguma falha no mercado nacional?
RM: Em Portugal existem poucas empresas a operar na área Espacial e apenas três com desenvolvimento de electrónica para voo, incluindo a Evoleo. Não há uma aposta nacional estratégica clara de longo prazo em matéria de tecnologia de ponta electrónica que possa alavancar outras áreas económicas e de valor acrescentado elevado, como a militar ou aeronáutica. O reduzido e quase inexistente mercado espacial nacional é o reflexo desta dificuldade e, portanto, o nosso propósito é aplicar à indústria e aos nossos próprios desenvolvimentos internos, os conhecimentos e rigor exigidos pelas normas da Agência Espacial Europeia, sendo esta uma das melhores montras técnicas e de projecção a que uma pequena empresa tecnológica pode aspirar.
IM: Que tipo de projectos desenvolvem?
RM: A Evoleo desenvolve, sobretudo, soluções e sistemas de engenharia electrónica do tipo chave-na-mão para aplicações específicas e ajustadas ao cliente. Os nossos projectos vão desde o desenho de electrónica para teste de componentes no espaço, sistemas de teste industrial, soluções de optimização energética até ao desenvolvimento de sistemas de monitorização de vibrações para veículos ferroviários.
As nossas competências técnicas transversais da empresa na área electrónica, desde os sistemas embebidos, instrumentação e controlo até à sempre necessária engenharia de sistemas, têm-nos incentivado a investir significativamente na criação dos nossos próprios produtos. Estamos de momento a desenvolver famílias de produtos e soluções para o ramo da Energia e Saúde.
IM: Quem são os vossos maiores clientes?
RM: O nossos maiores clientes são a EFACEC e, indirectamente a Agência Espacial Europeia – ESA. Temos vindo a desenvolver cooperações e actividades com a EMEF e com a National Instruments Portugal. Esta última é a maior empresa mundial de equipamentos de instrumentação e medida, com a qual temos uma parceria estratégica de desenvolvimento de produtos utilizando as suas plataformas técnicas de software e hardware.
IM: Qual o vosso grande projecto no momento?
RM: O nosso ainda grande projecto é relacionado com a ESA e com Efacec. Chama-se TDP8 e é o maior equipamento electrónico espacial desenvolvido e construído em Portugal, sendo a maior incursão nacional nesta área e com significativo reconhecimento por parte da Agência Espacial.
Com esta actividade a chegar ao fim, com muito sucesso, a Evoleo está a empenhar-se principalmente no ramo da Energia. O nosso grande objectivo para 2011 é a criação de uma família de produtos para o mercado da optimização energética, industrial e doméstica, como resposta à crescente exigência de poupança e eficiência. Temos a ambição de aproximar a tecnologia, muitas vezes considerada complicada, do grande público e nas suas vidas do dia a dia. De pouco serve a tecnologia se não estiver ao alcance e fornecer vantagens às pessoas comuns. Enquanto houver pessoas, a energia será parte essencial da sua vida e daí a nossa aposta.
IM: Com que investimento?
RM: Até ao momento, a EVOleo tem conseguido crescer organicamente sem recorrer a qualquer financiamento externo. Neste seu quinto ano de existência, novos desafios se colocam, quer pela massa crítica existente, quer pela legítima maior ambição empresarial. Estamos a analisar e a ponderar que formas de financiamento poderão ser adequadas, se necessárias.
IM: Portugal, através das entidades competentes, tem apoiado a vossa empresa?
RM: O único apoio que temos tido é do Instituto de Emprego e Formação Profissional – IEFP. Temos promovido vários estágios profissionais com muito sucesso e todos os estagiários acabam por ficar na empresa. O apoio, embora importante, resume-se aos meses de duração do estágio, pela redução em cerca de 50% dos encargos.
IM: Sentem que Portugal está preparado para dar o devido valor a empresas como a EVOleo? Sentem esse reconhecimento?
RM: Felizmente, as mentalidades têm mudado significativamente nos últimos 15 anos, contudo, há ainda a ideia de que apenas as grandes obras e empresas trazem algo de útil e lucrativo para o país. Entidades como a Evoleo são vistas como apenas bons exemplos localizados e, eventualmente, de bandeira política em tempo de eleições, sem a devida continuidade ou estratégia nacional de multiplicação de valor. Tal passa necessariamente por focalização estratégica do país e forçar a criação de massa crítica para competir internacionalmente mas, importante, que esteja ao alcance de quem queira participar.
Na prática reflecte-se na crónica dificuldade de crescimento, cooperação e, no limite, morte por aquisição ou asfixia. As dificuldades de acesso crédito são, talvez, uma consequência desta realidade, não a fonte dos problemas da economia.
IM: O que falta em Portugal que há lá fora?
RM: Sobretudo, estratégia e comprometimento social e político de longo prazo, não a 5-10 anos, mas sim a 25-30 anos. Na verdade, procuramos sobreviver como podemos e ao “sabor” das dificuldades e “ventos políticos” e isso dá sempre maus resultados, retumbando em enormes desperdícios de recursos humanos e financeiros.
IM: Como estão a projectar para o futuro a vossa internacionalização?
RM: Não é sustentável apenas ficar pelo mercado nacional, quanto mais não seja pela necessidade de procurar estabilidade estratégica de médio e longo prazo.
A EVOleo tem procurado, com calma, criar circunstâncias para se internacionalizar e, para tal, temos vindo a percorrer várias etapas essenciais.
A primeira fase é de conseguir equilíbrio interno, seguida da consolidação técnica dos seus recursos e reconhecimento por parceiros internacionais.
Após este trajecto lento, mas sustentado, estão a aparecer condições para concorrer a projectos internacionais (procuramos parcerias) e procurar colocar no mercado alguns dos produtos que estamos a ultimar.
É essencial que a marca EVOleo Technologies seja bem reconhecida, em Portugal, mas sobretudo em outros países.
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