Ganhar massa crítica e representatividade é a grande aposta da actual direcção do Clube de Criativos de Portugal (CCP) para os próximos dois anos. A direcção foi reconduzida recentemente e o seu presidente, Mário Mandacaru, da Brandia Central, deixa um apelo aos profissionais e estudantes do sector nesta entrevista ao Imagens de Marca: “O vosso envolvimento é fundamental para que aumentemos o nosso poder de “argumentação”".
Imagens de Marca (IM): Que balanço faz deste primeiro mandato?
Mário Mandacaru (MM): No primeiro mandato conseguimos realizar a maior parte dos nossos objectivos, que se distribuíam por três pilares: Estruturar, Dinamizar e Alargar. Basicamente dotarmo-nos de uma infra-estrutura administrativa; rever o sistema de quotas, adequando-o à realidade e à sua percepção de valor; reestruturar os órgãos de comunicação; fortalecer os vínculos com as entidades congéneres e intensificar o intercâmbio com as escolas; alargar o espectro de público, espelhando a transformação que se tem vindo a sentir nas diversas áreas da comunicação.
Realizámos as actividades expectáveis, que são os dois festivais, e lançámos os dois anuários respectivos, trazendo o planner Russell Davies para uma palestra e o filme Art&Copy para o lançamento de cada um dos anuários. Além disso reestruturámos os nossos órgãos de comunicação, redesenhando o site e aderindo às redes sociais; relançámos a revista Alice sob a mesma linha editorial mas agora online; adequámos o sistema de quotas reduzindo o valor da anuidade; alargámos o espectro do nosso público; criámos novos e mais dignos troféus; estreámos parcerias com o Oceanário, com a Etic, com a ADDICT, com a cadeia de hotéis Pestana e a Loja das Maquetas.
Mas, acima de tudo, demos início a um trabalho de sistematização de processos internos, que apesar de pouco visível é fundamental para a optimização dos nossos poucos recursos face às ambições de desempenharmos um melhor papel no mercado.
IM: Quais as maiores dificuldades com que se deparou?
MM: O meu envolvimento com o CCP não começou há dois anos, portanto eu já conhecia bem o cenário de desafios que me propus enfrentar, e a minha recandidatura significa, por um lado, que ainda não estou totalmente satisfeito com o que conseguimos realizar; e por outro, que continuo a acreditar que o CCP tem tudo para se afirmar como um projecto dinâmico e sustentável. Portanto, não é por teimosia nem por falta do que fazer.
Claro que a agudização da situação económica veio acrescentar alguns níveis de dificuldade, nomeadamente na angariação de apoios e patrocínios. Actualmente a lógica de sponsoring passa por conseguirmos estabelecer parcerias estratégicas e é esse o registo de comportamento que temos vindo a assumir.
IM: E quais as grandes conquistas?
MM: Realizámos os dois últimos Festivais com números recordes de inscrições em “tempos de vacas muito magras”, reflectindo a credibilidade dada a este evento por parte das agências e criativos, facto que nos deixa orgulhosos e cientes da nossa responsabilidade em corresponder às expectativas. Não foi à toa que, entre outras coisas, quisemos dar mais dignidade ao prémio, criando um novo troféu.
Além disso temos vindo a estabelecer ligações com um número cada vez maior de empresas e instituições, de forma sustentada e num âmbito de valorização mútua, daí mais estruturantes.
IM: Quais as perspectivas de crescimento do CCP para os próximos dois anos?
MM: Precisamos aumentar significativamente o número de associados, ganhar massa crítica e representatividade. E aqui faço um apelo a todos os profissionais e estudantes: O vosso envolvimento é fundamental para que aumentemos o nosso poder de “argumentação”.
A nossa moeda de troca para garantirmos os apoios às nossas acções assenta na nossa capacidade de mobilização. Hoje contamos com aproximadamente 8 mil adeptos no Facebook, o que é notável e denota o interesse que o Clube desperta.
O CCP será mais interessante quantos mais sócios activos tiver, pois assim estaremos em condições de termos mais apoios e consequentemente sermos mais dinâmicos, mais relevantes. A filiação pode ser feita online (www.clubecriativos.com) e aproveito para esclarecer que nunca cobrámos quotas retroactivamente. O futuro é que importa!
IM:Como vai dar continuidade aos projectos iniciados? E que projectos são esses?
MM: Estamos convictos de que devemos mudar a forma como nos relacionamos com o mercado e de como o CCP actua. Acreditamos que a Direcção deve ser um pequeno núcleo de decisão e coordenação e que deve encontrar para cada área uma equipa colaborativa (que terá por princípio envolver profissionais de diferentes backgrounds) e que é responsável pela gestão e implementação dos projectos.
O que queremos dizer com isto é que as acções do Clube para os dois próximos anos serão geridas por diferentes equipas de trabalho com a liberdade do seu desenvolvimento, mas em simultâneo com a responsabilidade da sua concretização.
O papel da Direcção passa a ser muito mais o de supervisão, divulgação e o de acompanhamento de projectos, tornando muito mais participativa a acção do Clube, deixando de estar fechado ao núcleo directivo durante o ano e de se abrir apenas nos dias de festival ou nas semanas antes para as inscrições e votações.
O CCP quer ser mais relevante para a sociedade e para isso contamos com a participação de todos os que nos quiserem fazer propostas de acções que se enquadrem no nosso âmbito de actuação. Exposições, ciclos de cinema, debates e workshops, viagens, proponham!
IM: O CCP já tem 14 anos, já se pode considerar uma marca líder? Porquê?
MM: O CCP é uma marca respeitada desde a sua génese, pelos princípios que se rege e pela seriedade do trabalho que tem desenvolvido ao longo dos seus já 14 anos de existência. Penso que tem conseguido adaptar-se às mudanças pelas quais o próprio mercado tem passado, fruto do desenvolvimento tecnológico e social. Se há 14 anos iniciámos um clube de criativos publicitários, hoje abraçamos um leque muito mais vasto de profissionais.
O Festival de Criatividade do CCP é seguramente o mais abrangente em termos de categorias, e o que melhor divulga o nosso potencial criativo além fronteiras, através da nossa associação ao Art Directors Club of Europe (ADC*E), onde estão representados os clubes de outros 20 países. Dessa forma é também o único concurso que possibilita a pontuação no Gunn Report, e por duas vezes: no ADC*E e posteriormente no Festival Intercontinental The Cup.
IM: Um dos pontos de honra é o das instalações para o CCP? Qual o ponto de situação deste assunto?
MM: Esse é um assunto sobre o qual nos debruçámos relativamente há pouco tempo, mas que queremos concretizar rapidamente, dada a importância que tem para a dinamização que pretendemos dar ao Clube ao longo do ano. Essa “materialização” do CCP será fulcral para elevar a sua percepção de valor, tornando-o num espaço vivo e colaborativo, um Clube de todos os Criativos e um veículo que facilite a troca de experiências entre os profissionais do meio.
IM: E que iniciativas pretendem dinamizar para este biénio? O regresso da Alice faz parte dos projectos ?
MM: O retorno da Alice já é um facto (www.clubalice.com) e apesar de não ser impressa, numa atitude maravilhosamente verde, mantém a mesma qualidade editorial que sempre a distinguiu, garantida pela Maria João Freitas, e já num formato colaborativo onde a 2034 e o DesIdées responsabilizam-se pela sua execução.
Outras iniciativas já delineadas passam pelo projecto Creative Talent, com o qual tencionamos percorrer as entidades de ensino das áreas de comunicação de todo o país; pelo CCP Country Club, com workshops de Verão de profissionais para profissionais; por um Festival de Ilustração que dê destaque aos trabalhos de enorme qualidade que se faz em Portugal; ou por todas as iniciativas que nos quiserem propor. Quem alinha connosco?
IM: E quanto a financiamentos para os projectos? Onde planeiam ir buscá-los?
MM: Como já referi anteriormente, o cenário económico não é o mais favorável e os nossos projectos têm de ser obrigatoriamente bem planeados, e segundo critérios de viabilização baseados em parcerias estratégicas. Quem nos apoia não nos pode estar a fazer um favor, é fundamental que receba um retorno quantificável para a sua marca. Se não há almoços grátis, apoios grátis muito menos!
IM: Já se pode dizer que o CCP representa os profissionais do sector? Com quantos associados já conta?
MM: As agências e todos aqueles que as constituem valorizam os prémios CCP porque se reconhecem nos critérios que os determinam. Claro que pontualmente há casos onde são questionadas as decisões tomadas pelos profissionais que constituem os júris, mas para evitar estas situações revemos os regulamentos de ano para ano, aproveitando qualquer falha para evoluirmos. A verdade é que é prestigiante receber um Prémio CCP e o nosso maior empenho é manter esse sentimento intacto.
O nosso número de associados tem reflexos na captação de recursos, que por sua vez implica na dinâmica que conseguimos dar, gerando estímulo para a filiação ao CCP. Nesse círculo, todos os factores têm de aumentar, e é esse o nosso objectivo.
Comentários (0)