“Marcas que fazem sentido e fazer sentido ao comunicar marcas”. O debate foi lançado pela Escola de Gestão do Porto, que foi ao Centro Cultural de Belém, nos dias 25 e 26 de Março, para saber como as marcas se podem afirmar num mercado em mudança. Pedro Pina, vice-presidente ibérico da McCann Erickson e presidente da McCann Erickson Portugal, aceitou o desafio e falou ao Imagens de Marca sobre os rumos do marketing e das marcas.
Imagens de Marca: O Marketing está em crise?
Pedro Pina: Claro que não! Muito pelo contrário, o marketing nunca esteve tão bem e nunca foi tão necessário. Com a verticalização da sociedade, a pulverização da atenção do consumidor e com o ritmo de inovação e competitividade nas várias indústrias e mercados, nunca a ciência e/ou arte do marketing foram tão necessárias para manter as marcas relevantes e fortes.
I.M: O marketing de massas deixou de ser eficaz?
P.P: O marketing de massas está de facto a perder eficácia. O grande problema é saber que tipo de marketing é que o vai substituir. Cada vez há mais teorias sobre este tema, mas muito poucos casos práticos de sucesso inequívoco.
I.M: Estamos a assistir a uma perda de criatividade?
P.P: Não acho que estejamos a viver momentos de menor criatividade. O que está a acontecer é a pulverização dessa criatividade por mais meios, como os digitais, que são mais exigentes e interactivos. As marcas estão a tentar adaptar-se a novas formas de comunicar, cada vez mais exigentes no que diz respeito ao targetting e à sua relevância.
I.M: O que é uma marca nos dias de hoje?
P.P: Uma promessa cumprida, ao longo do tempo.
I.M: Como é que as empresas devem desenvolver a sua estratégia de marca?
P.P: Garantindo que toda a sua energia, o seu esforço, a sua dedicação, os seus recursos e as pessoas apenas se dedicam a cumprir a promessa feita pela marca.
I.M: O que podemos esperar do mercado publicitário nos próximos tempos?
P.P: Pulverização de meios, micro-segmentação dos consumidores, digitalização.
Muita ambiguidade e mais experimentação à procura de modelos híbridos de comunicação.
I.M: A McCann é a única agência a figurar no ranking das melhores empresas para trabalhar em Portugal. Qual é o segredo?
P.P: Ouvir as pessoas, trabalhar próximo delas e evitar o erro de achar que há uma separação entre vida pessoal e vida profissional. A verdade é que somos seres humanos, não conseguimos compartimentar-nos e por isso trazemos para o trabalho os nossos problemas pessoais e vice -versa. Se consigo imaginar que alguém dorme mal por causa de um problema de trabalho, porque é que não permito que alguém chore no escritório quando termina uma relação?
A ideia de que o profissionalismo exige controlo de emoções é muito desactualizado e de certa forma incompreensível e pouco inteligente, numa época em que sabemos o que sabemos sobre os seres humanos (obrigado Prof. Damásio!).
I.M: Produtividade e descontracção podem coexistir numa empresa?
P.P: Podem e devem co-existir. Só se produz trabalho bom e sustentável quando se está feliz. A chave é haver proximidade, humanidade e sermos no trabalho o que somos lá em casa: pessoais normais, cheios de defeitos e qualidades. É uma perda de energia tentarmos parecer pessoas que não somos.
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