20 de julho de 2010

Entrevistas

*Presidente “Projecto Manhattan”


Auto-intitulam-se “o maior departamento criativo do país”. O Idea Hunting tem por base o conceito de “crowdsourcing”, ou seja, uma plataforma que reúne uma comunidade global de membros da indústria criativa. No mundo inteiro são já cerca de 100 as plataformas de “crowdsourcing”, mas em Portugal esta é a única para as áreas criativas. As primeiras começaram em 2006 e existem vários tipos de plataformas como a corporativa, a especializada em design, entre outros.


 


Numa mesma plataforma, reúnem-se criativos e empresas onde a partilha de ideias é a base da relação.


 


No Idea Hunting, passam-se briefings, compram-se ideias e criam-se oportunidades, quer para os jovens criativos, quer para as Pequenas e Médias Empresas. Para os responsáveis, esta é uma boa forma de democratizar o acesso ao talento.


 


O primeiro desafio já foi lançado e pode ser visto em www.ideahunting.net


 


O Imagens de Marca falou com Miguel Velhinho, um dos sócios do projecto, para perceber melhor como funciona o Idea Hunting.


 


 


Imagens de Marca – O que é o Idea Hunting? Como nasce o projecto?
 
Miguel Velhinho –
A plataforma de “crowdsourcing” é um conceito relativamente novo em termos mundiais. Acho que a primeira vez que se falou em “crowdsourcing” foi em 2006 num artigo da Wired Magazine, um bocadinho pegando no que é o “outsourcing”. Só que o “outsourcing” é uma contratação formal de uma pessoa ou de uma instituição para produzir um trabalho, uma função, dentro de uma empresa. E o crowdsourcing é a utilização de uma multidão indiferenciada de indivíduos que desenvolvem um trabalho que podia ser desenvolvido dentro de uma empresa.
O princípio do crowdsourcing é que as marcas e as empresas pedem a um grupo de pessoas relativamente grande para lhe resolverem o problema. Neste caso as marcas utilizam as plataformas para pedir a indivíduos, especialistas e não especialistas, que lhes dêem soluções para problemas concretos… e esse é o princípio do Ideahunting. Uma plataforma de crowdsourcing criativo que visa colocar em contacto empresas por um lado, que nós chamamos os caçadores de ideias, e do outro lado criativos.


 


IM – Que tipo de membros já têm inscritos?


MV –Todo o tipo de criativos, de designers a publicitários, a webdesigners, a arquitectos,  a empresas, quer de publicidade quer de design, (pode fazer-se o registo como indivíduo ou como empresa), estudantes de várias industrias criativas (design, publicidade, marketing), marketeers ou pessoas que simplesmente são criativas. O registo é gratuito.


 


IM – Como se faz a inscrição?


MV – Você tem um problema que quer resolver! Vai lá e regista-se como cliente, escreve um briefing… há 10 áreas de briefing diferentes… escolhe a área, preenche os campos pedidos, escolhe o preço do trabalho – é uma inovação, normalmente são os criativos que dizem quanto é que vai custar – e em função do que está disposto a pagar e da complexidade do trabalho que está a pedir vai ter mais ou menos propostas criativas. A partir do momento em que define preço, e prazo, faz um pagamento da utilização da plataforma e o seu briefing entra online. No site ele vai ter uma face pública e uma face privada. A face pública é muito resumida, só os criativos registados é que poderão depois aceder ao que você está a pedir.


 


IM – Como se processam as respostas?


MV – O processo é simples! Os criativos decidem se querem embarcar nesse desafio ou não, saber se o preço é razoável mediante aquilo que a empresa está a pedir. Fazem um upload das propostas, o cliente recebe-as em tempo real na sua secretária e vai fazendo a avaliação dessas propostas até à data limite que estabeleceu como prazo final do concurso. Chegado ao final desse prazo, o cliente terá um determinado número de propostas e terá de identificar qual é a vencedora. A partir do momento em que identifica a vencedora, nós informamos o criativo para pagamento do prémio, e depois o cliente poderá activar essa ideia.


 


IM – Assim criam-se novas oportunidades…


MV – Isto será em dois segmentos grandes. Porque é que vamos fazer isto.? Porque existem empresas portuguesas, PME’s que não têm capacidade financeira para contratar agências para o seu marketing.
Dar oportunidade a qualquer pessoa que tenha uma PME de criar uma estratégia de marketing e aplicá-la depois com coisas concretas que pode retirar da plataforma.


 


IM – Não temem a partilha demasiada de ideias? Ou seja, que se roube ideias e que outras pessoas possam usá-las, em outros contextos?


MV – Nós demos particular importância às questões legais. Quer do lado da empresa, quer do lado do criativo. Do lado do cliente ele compromete-se a comprar um determinado número de ideias que ele define e ao lançar o desafio está a assinar um contrato onde se compromete a uma série de questões. Do lado do criativo existem mecanismos de defesa. Há uma troca de papéis onde o criativo cede os direitos daquela ideia e o cliente está a comparar aquela ideia e nós sabemos qual foi comprada e quais ele teve acesso. Se alguma for utilizada fora deste âmbito, o cliente fica impossibilitado de estar na plataforma e são activados mecanismos legais.


 


IM – Que tipo de pessoas esperam ter nesta plataforma?


MV – Para os estudantes é interessante, por exemplo. É uma maneira deles criarem portfólio e depois entrarem numa empresa já com portfólio feito. Aqui podem ganhar experiência a responder a coisas muito concretas no âmbito da plataforma. É uma boa oportunidade, não só de ganharem dinheiro, mas também de estar a trabalhar o seu próprio portfólio e responder a briefings concretos.
Por outro lado, também pensámos na conjuntura em que nos encontramos. Temos muitas pessoas da indústria criativa no desemprego, ou que saem e formam pequenas agências e a plataforma pode ser uma oportunidade de eles criarem um rendimento extra à actividade normal de trabalho.


 

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.