Com excepção recente do wi-fi a bordo, e ao contrário de quase tudo em nossas vidas, porque temos a percepção que não existe inovação nas viagens aéreas?
Assistimos nas ultimas décadas a um ritmo de inovações surpreendente em quase todas as categorias da nossa vida, com impactos gigantes no nosso dia a dia.
Temos inclusive alguma dificuldade em explicar aos nossos filhos alterações tão radicais que aconteceram nos últimos anos. É difícil para eles aceitar que o dinheiro não saia da máquinas na parede, não entendem para que serve um cheque bancário, não fazem ideia do que é um Fax e muito menos um telex ou telegrama, não sabem para que serve um aparelho de vídeo (já nem nos humilhamos a falar dos Betamax ou VHS…). É difícil conceberem a vida sem internet, já não usam o email e as impressoras só para trabalhos da escola. Alguns ainda utilizam os telemóveis para falar, ainda que pouco.
Faz poucos dias, a propósito das Olimpíadas do Rio do próximo ano, comentava que foi nas Olimpíadas de 1980, de Moscovo, que tivemos a primeira oportunidade em Portugal de ver as primeiras transmissões a cores, em aparelhos ultra inovadores, ainda sem controlo remoto, mas que fizeram as delicias daquele verão. Perguntavam os meus filhos como se via televisão sem comando à distância, ao que expliquei que de qualquer modo não tinha muita utilidade, pois só tínhamos dois canais.
Assim, em pouco mais de 20 anos assistimos, primeiro à diminuição de tamanho, e depois de volta a tamanhos grandes a múltiplas funcionalidades dos aparelhos de telefonia móvel, que hoje em dia servem para quase tudo na nossa vida, e de facto transformaram a nossa forma de nos relacionar, trabalhar e entreter.
No entanto, para viagens de avião piorámos na qualidade, demoramos mais ou menos o mesmo e ainda que os fabricantes digam o contrário, não sentimos inovação enquanto utilizadores, a não ser para nos esmagar mais as pernas. O que se passa no mundo da aviação?
Quando procuro um exemplo de mercado em que esta loucura avassaladora de inovação não aconteceu, vem sempre o tema das viagens aéreas.
O ritmo de inovação, sentido pelo utilizador, tem, se algo, recuado em percepção de experiência de qualidade, e apenas mais recentemente se sentiu algum grau de introdução de tecnologia, ainda que básica e muitas vezes avariada, nas consolas multimídia de entretenimento.
Será que a evolução da tecnologia não permite ainda, em formatos economicamente viáveis, diminuir substancialmente os tempos de viagem? Os incómodos para o corpo, ouvidos, desidratação e outros sintomas comuns?
Se demorávamos 5 horas de Lisboa ao Algarve de carro e hoje percorremos a mesma distância em menos de 2 horas, porque continuamos a demorar as mesmas 9 horas para cruzar o Oceano, porque ainda são 60 minutos a Madrid, porque os tempos de aeroporto ainda são tão longos, porque o nível de atrasos ainda é tão grande, porque ……..
Existe um gigante desafio para as Companhias Aéreas de comunicarem de forma eficiente que algo mudou, está a mudar, e vai mudar, caso contrário correm o risco de serem tidas como obsoletas e antiquadas.
Como passageiro frequente nos últimos 25 anos, não consigo, de forma sincera e critica dizer que hoje um vôo comercial é uma melhor experiência, mais sofisticada ou mesmo inovadora. Tem uma vantagem, consigo explicar bem aos meus filhos como era voar no meu tempo……
“When everything seems to be going against you, remember that the airplane takes off against the wind, not with it”
Henry Ford.
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