Os festivais de verão registaram, na sua maioria, em 2012, ligeiras descidas no número de visitantes. Será esta quebra apenas um reflexo da crise económica ou haverá um desgaste por parte deste tipo de formatos? O Imagens de Marca foi tentar perceber junto das promotoras dos principais eventos se há espaço para crescer neste mercado.
Luís Montez, diretor geral da Música no Coração, responsável pela produção de festivais como o Super Bock Super Rock e o Sudoeste TMN, que receberam, respetivamente, menos 25 mil e 40 mil festivaleiros face a 2011, considera a austeridade imposta aos portugueses a principal causa para a menor afluência de público. “Em Portugal não houve subsídio de férias e o subsídio ajuda muito os festivais. Estar a dizer que não foram afectados não é verdade. (…) Obviamente que tivemos um controlo de custos mais apertado e obrigou-nos a ser mais criativos. Sobretudo tentámos uma promoção em Espanha, mas Espanha também está com problemas e, portanto, sentimos a falta dos espanhóis”.
A crise levou também a Everything is New, promotora do Optimus Alive, a procurar alternativas para compensar a previsível diminuição do número de espectadores portugueses. “Nós em primeiro lugar desenhámos o festival não só a pensar no público português, mas a pensar no público espanhol e britânico. Porquê? Porque este é um país pequeno, é um país com 10 milhões de habitantes e é um país cuja economia está a passar por um momento menos favorável.” 16 mil estrangeiros visitaram o Optimus Alive, num ano em que, com menos um dia de cartaz, o festival contou no total com 155 mil entradas, menos 5 mil em relação à edição de 2011.
Apesar deste cenário, as promotoras mantém-se otimistas. “Os festivais têm futuro em Portugal, porque temos um clima único. O nosso sol, a nossa hospitalidade e a qualidade da nossa alimentação não vão desaparecer. Temos condições únicas na Europa para que estes eventos cresçam e hoje com as facilidades das redes sociais nós chegamos a toda a Europa”, explica Luís Montez. Para ser possível um crescimento do mercado dos festivais, o homem forte da Música do Coração sugere um aumento do número de viagens «low cost» para Lisboa.
Segmentar os festivais é o caminho a trilhar no futuro. Quem o diz é Carla Campos, diretora da K Live Experiences, empresa produtora do Sumol Summor Fest, na Ericeira, e do EDP Cool Jazz Fest, realizado em Oeiras. “É possível fazer mais, porque o mercado está cada vez mais subdividido em nichos de mercado. Poderá haver mais festivais, agora não têm de ser gigantes. Os festivais não têm de ser feitos para massas. A mesma pessoa que gosta do tipo de música que o Sumol tem (reggae), gosta também de ir ao Cool Jazz e também vai a outros festivais”, afirma Carla Campos.
Já Álvaro Covões considera que o segredo para crescer reside no trabalho. “Nós vivemos, de facto, um momento menos favorável, mas a economia não parou. O que eu sei é que quando vivemos esse momento temos de trabalhar mais, temos que nos esforçar mais e arriscar”, conclui o diretor geral da Everything is New.
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