Por detrás daquela que muitos consideram já como a melhor campanha política de sempre na história dos Estados Unidos da América (EUA), está um nome até então pouco conhecido da política norte-americana. David Plouffe foi o director de campanha e o estratega do, agora, presidente dos EUA, Barack Obama.
Plouffe esteve em Portugal para uma conferência que teve lugar na Universidade Católica, sob o tema: “Como construir um movimento popular no século XXI”.
Um “movimento popular” aliado às novas tecnologias – esta parece ter sido a fórmula que ditou o sucesso da campanha de Barack Obama, dirigida por Plouffe. Criar uma rede de apoiantes nos diferentes estados que permitisse “passar a mensagem directamente para as pessoas, dentro das suas comunidades. Assim, os futuros apoiantes nessas comunidades sabem exactamente o que dizer quando lhes for perguntado porque vão votar em Obama”, explicou Plouffe a uma audiência marcada por empresários, gestores, comunicação social mas também alguns profissionais da política. Para o estratega revelou-se muito importante a aposta feita na informação junto dos cidadãos e no incentivo ao recenseamento eleitoral. Uma aposta que “criou uma rede de voluntários, apoiantes da nossa campanha que se tornaram nos nossos olhos e ouvidos durante a campanha, porque eles eram o centro das nossas atenções”, acrescentou.
Aliado ao factor humano, a campanha do actual presidente dos EUA ficou também marcada pela utilização quase massiva das novas tecnologias. Plouffe referiu que o investimento gasto em Televisão não passou os 50% (contrariamente à média habitual que ronda os 75%), logo grande parte do dinheiro investido na campanha foi dirigido para os meios digitais. “Gastámos mais dinheiro a educar e incentivar os nossos apoiantes e a motivá-los a ser mais participativos. Através de e-mails, vídeos e várias mensagens difundidas na internet”, explicou o director acrescentando que “são cada vez menos as pessoas que vêm Televisão e lêem jornais e cada vez mais aqueles que procuram apenas a informação que lhes interessa.”
Um desses exemplos deveu-se à pesquisa frequente da expressão “Obama muslim (muçulmano)”, nos motores de busca online, dado o candidato ter o apelido Hussein no seu nome. Para esclarecer quaisquer dúvidas, a campanha de Obama comprou um site na internet onde se explicam vários factos sobre a vida de Obama, para que as pessoas ficassem devidamente esclarecidas.
Quanto às razões que levaram a campanha Democrata de Obama a diferenciar-se das campanhas de Hillary Clinton, numa primeira fase e de John McCain na corrida final, Plouffe confessa que “as eleições primárias (contra Hillary Clinton) foram um desafio maior do que a corrida contra McCain, porque Clinton era uma candidata com experiência de Washington”. Contudo, para o estratega, Obama mostrou a diferença por ser “um presidente que trouxe uma melhor relação com o mundo, visível no discurso que levou a Berlim, durante a acampanha.”
Para Plouffe, o grande segredo residiu no facto de que “as pessoas nos EUA sentem-se divorciadas das discussões políticas e nós queremos que elas se mantenham mais ligadas”. Por isso, a Administração Obama pretende continuar a seguir este modelo apoiado nas novas redes sociais e numa estratégia de educação e informação dos apoiantes.
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