26 de fevereiro de 2009

Reportagem

 



Gerar riqueza, inovar e atravessar uma das mais difíceis conjunturas dos últimos anos foram os temas principais da conferência Business Innovation 2009, que debateu a criatividade como forma de melhor conquistar o mercado empresarial.


 


 


Inovação! Esta parece ser a palavra de ordem para as empresas em tempos conturbados de crise económica. Que o digam, Henry Chesbrough, Peter Skarzinski e Kjell Nordstrom, três especialistas de renome internacional presentes esta quinta-feira na conferência Business Innovation 2009.


 


Falar de inovação e de como esta pode levar ao melhor desempenho de empresas em todo o mundo é o mote desta conferência. Para além de especialistas internacionais, junta casos de sucesso em projectos de inovação como a portuguesa Central de Cervejas ou a multinacional Microsoft.


 


Vários profissionais do sector, empresários, gestores, administradores e directores de vários departamentos marcaram presença na conferência integrada também no Ano Europeu da Criatividade e Inovação.


 


Muitos afirmam que nos próximos tempos, sucesso e insucesso podem ser ditados por melhores ou piores políticas de criatividade e inovação. Portugal, nas palavras de Luis Filipe Costa, presidente do IAPMEI, tem apresentado um desempenho positivo nestas áreas, ocupando, em 2008 o 17º lugar na lista de países mais inovadores, sendo já considerado um país de “inovação moderada”.


 


O mote para o primeiro convidado, dado por Luis Filipe Costa foi a frase “criar capacidade para inovação é um imperativo importante neste momento para cada empresa”.


 


 


“Capitalismo de karaoke”


“O capitalismo não tem um problema; as empresas é que têm!” A frase é de Kjell Nordstrom, professor na Stockholm School of Economics e co-autor do livro Funky Business.


 


Para o primeiro interveniente do dia o capitalismo funciona como uma máquina, “uma máquina que funciona bem” e que na opinião deste especialista “sabe escolher e diferenciar a eficácia da ineficácia”.


 


“Inovação e riqueza podem bem ser a mesma coisa”, nas palavras deste especialista. Analisar as tendências sociais e com elas caracterizar a actual economia mundial foi a base de intervenção de Nordstrom.


 


Criar inovação e com isso gerar riqueza passa hoje, nas palavras do professor, por conhecer melhor a sociedade onde as diferentes empresas estão inseridas. E conhecer a sociedade implica perceber as tendências sociais, conhecer melhor o passado e a identidade dos diferentes países/mercados em que se inserem. Um dos principais factores anunciados por Nordstrom foi o aumento de importância, notoriedade e reconhecimento que as cidades estão a ganhar face aos países. “Na sociedade actual, são as cidades que estão a ganhar peso. Hoje em dia, ouvimos falar nos escritórios de Paris; na delegação de Berlim e não no país onde a empresa está também a operar. Isto é uma consequência das tendências da nossa sociedade e as quais as empresas não podem ficar indiferentes”, reconheceu Nordstrom.


 


Os casos da Siemens, IKEA ou Volvo foram ainda alguns dos exemplos dados por este especialista. Para Nordstrom a indústria automóvel é ainda um dos melhores exemplos que caracterizam o “capitalismo de karaoke”: a indústria automóvel representa a máquina do capitalismo, onde constantemente se canta sozinho, mas quando vamos abaixo, vamos todos juntos”. Para Nordstrom as chaves do sucesso estão na “Liberdade”, a liberdade de conhecer (tecnologia), a liberdade de ir (crescer para onde queremos), a liberdade de fazer (o que considerarmos correcto) e a liberdade de ser (aquilo que o achamos que o nosso mercado precisa).


 


Uma mensagem depositada também no sentimento de que a inovação faz as empresas criarem um “monopólio temporário” e essa situação “permite às empresas, crescer, gerar riqueza e diferenciarem-se dos seus concorrentes”.


 


Inovação em modelo aberto


“Dentro das empresas há falsos projectos que podem ter valor se tivermos capacidade de desbloquear esse valor”.



Henry Chesbrough, é director executivo do Center for Open Innovation, da Haas School of Business e autor do livro ‘Open Innovation’. “O modelo aberto de inovação” foi assim trazido para esta conferência. Para este executivo, “as ideias trazidas de fora da empresa podem representar um acréscimo de valor ao negócio de uma empresa”; desta forma muitas das coisas de fora podem entrar no processo de criação de inovação. Hoje, com a multiplicidade de mercados e de modelos de negócio, Henry Chesbrough acredita que o sucesso e a inovação só podem acontecer quando ”investidores dedicam o seu dinheiro a projectos que vão ajudar a expandir o nosso mercado e a nossa empresa”. O caso do iPod, da Apple, foi um dos trazidos à conversa pelo executivo - uma ideia de um engenheiro da Phillips, recusada na sua empresa e apresentada ao “gigante da maçã” que com o investimento certo transformou a ideia num modelo de negócio que fez despoletar a sua empresa.


 


Melhor tecnologia ou melhor modelo de negócio? A pergunta foi lançada aos vários profissionais cujas respostas representavam bem a sua área de actuação. Mas para este especialista “experimentar tecnologia sem ter processo de experimentação de modelos de negócio alternativos, não pode existrir”. Como bons exemplos, para este especialista, estão a Ryanair e a Google. Modelos de negócio que começam com o mercado onde se inserem e que apresentam uma proposta de valor e uma solução para o mesmo mercado.


 


Henry Chesbrough deixa assim a importante mensagem de que a inovação no modelo de negócio não está a ser perseguida pelas empresas e de que no mundo de hoje, “inovar no modelo de negócio representa uma das maiores oportunidades para as empresas que querem crecer e atravessar situações como a crise economica que se vive actualmente”.


 


 


No coração das empresas


“Inovação é o único sentido para estar à frente da curva”. Ao contrário dos anteriores oradores, esta frase não pertence a Peter Starzynski, presidente e fundador da Strategos e autor do livro ‘Innovation to the core”. A ideia pertence ao “guru” da gestão, Gary Hamel e serviu de lançamento para a apresentação do presidente da Strategos e o último orador da conferência. Para este especialista, a cultura das empresas precisa urgentemente de uma boa estratégia de inovação aplicada no centro do seu modelo de negócio. Mais do que processos, gestão e qualidade, Peter Strazynski acredita que “é no coração das empresas que se têm de desenvolver práticas de inovação”. E para medir o seu sucesso nesta matéria, o executivo apresenta 5 princípios, cujos rácios devem ser medidos no mesmo sentido para medir a inovação e melhorar a sua prática:


 


- Nº de empregados vs. Nº de inovadores


- Nº de ideias vs. Nº de ideias radicais


- Ideias de dentro vs. Ideias de fora


- Ensinamento vs. Investimento


- Compromissos vs. Prioridades  


 


Ao longo da tarde, os conferencistas puderam ainda acompanhar em diferentes salas vários casos de sucesso de empresas nacionais e internacionais reconhecidas por projectos inovadores. A Central de Cervejas, pela inovação ao nível do produto; a Sonaecom, pelo projecto e ferramenta “predictive markets”; ou a SAG, pelo seu projecto de inovação no seu modelo de negócio; foram alguns dos exemplos que os convidados puderam comprovar ou conhecer no final do dia.


 


Para terminar, especialistas e conferencistas só podem concordar que a Business Innovation in 2009 foi uma conferência para abrir portas para o futuro. Um futuro onde a inovação e as ideias andam lado a lado para melhor construir o percurso das empresas, enfrentar tempos de dificuldade económica e social e mostrar o caminho do sucesso.   

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