Portugal quer ser um destino de bem-estar. A ambição é revelada no Plano Estratégico Nacional do Turismo, que encara o produto Saúde e Bem-estar, como um
dos dez pontos estratégicos para o desenvolvimento turístico e económico, nos próximos anos. Numa ligação estreita com as localidades de acolhimento, que actualmente gera cerca de dois mil empregos directos, as termas surgem como um potencial turístico que é preciso trabalhar no terreno e na mente dos novos turistas.
A meta a curto prazo é 2015. Até lá, o sector Saúde e Bem-estar, que hoje representa 1,9 por cento das motivações dos turistas que visitam o nosso país, terá de crescer, no mínimo, 5 por cento. Governo e agentes turísticos têm um grande desafio pela frente.
Aquae Thermae O que o turismo português está agora a (re)descobrir para (re)florescer já os romanos sabiam: as termas podem ser espaços de lazer, para romanos e lusos. A bem da verdade histórica, a descoberta das virtudes termais não é romana, – os gregos eram uma fonte de inspiração das boas práticas do quotidiano – mas deve-se ao Império a passagem pela Lusitânia e a implementação de banhos públicos em águas termais, espaços e rituais dedicados à cura dos males do corpo, mas também de descontracção e convívio.
Como é reconhecido no próprio documento elaborado pelo Ministério da Economia, é “necessário (…) alterar o modelo de negócio baseado em tratamentos para uma maior associação ao bem-estar, em particular no Porto e Norte e no Centro”.
Um dos aspectos a mudar é a sazonalidade dos balneários termais, que em cerca de 80 por cento dos casos, não estão abertos durante todo o ano. No entanto, para a Associação das Termas de Portugal, que representa trinta associados, os últimos anos têm sido sinónimo de mudança, com investimentos em insfra-estruturas e equipamentos mais adaptados às exigências actuais. Graças ao desenvolvimento da oferta de produtos de Bem-estar, “em apenas 5 anos os programas de vocação turística oferecidos pelas Termas de Portugal registaram um acréscimo de clientes superior a mil por cento”, afirma ao Imagens de Marca a Associação.
Caldas da Rainha De locais destinados ao prazer e condenados pela Igreja a espaços com funções terapêuticas e, por conseguinte, abençoados, a percepção das estâncias termais variou, na Idade Média, consoante os seus proprietários e as realidades sociais. Na história das “caldas” portuguesas, a protagonista foi a rainha foi D. Leonor. Na posse do senhorio das terras de Óbidos, mandou construir, no século XV, o Hospital Termal das Caldas da Rainha, um serviço de saúde pioneiro no mundo.
No ano passado, as termas nacionais foram visitadas por quase noventa e oito mil e quinhentos clientes. Em alguns casos, como S. Pedro do Sul, ou Caldas de Felgueira, no distrito de Viseu, o conceito termal vai alargar-se. Até agora, Vichy, Avene, entre outras. são as marcas de referência para os portugueses que recorrem às farmácias para comprar cremes e loções.
Em breve, produtos dermocosméticos nacionais, cujas propriedades estão nas águas que já os romanos conheciam, vão estar à venda nas farmácias portuguesas. Uma tentativa de captar novos consumidores, através da identificação com antigas-novas marcas termais.
A banhos de comboio A cura termal ficou popular sobretudo no século XIX, onde os médicos prescreviam a saída das cidades rumo “aos banhos”. A mudança de hábitos sociais só foi possível com o desenvolvimento das linhas férreas, pelo que o desenvolvimento das termas dependeu em grande parte da chegada dos comboios a Portugal. Os “comboios da convalescença” como lhes chamou Ramalho Ortigão, transportaram muitos banhistas de todas as condições. Apesar de a lei garantir a gratuitidade dos serviços aos mais pobres, tanto nas estâncias, como nos comboios, os clientes eram discriminados pelo seu lugar na hierarquia social. A “estação termal” abria para todos, mas, nos banhos de primeira classe, só entravam alguns.
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