28 de abril de 2008

Reportagem

O mercado do luxo deverá crescer cerca de 7% durante o ano de 2008. Durante a última década este mercado tem tido uma evoluções diferentes. Se em 2000 registaram-se grandes desenvolvimentos, 2003 foi um ano negro para o sector com a Pneumonia Atípica, ou SARS, a contribuir para a diminuição do número de viagens, um factor fundamental para o volume de vendas de produtos de luxo.


 


Para uma marca de luxo ser reconhecida como tal, primeiro, tem que se posicionar e ser aceite pelos consumidores no seu mercado de origem. Esta foi uma das ideias defendidas durante a conferência Negócios de Luxo, promovida pelo jornal Diário Económico e que se realizou no Ritz Four Seasons Hotel, em Lisboa.


 


Isabell Ardon, directora SGAM Fund Luxury and Lifestyle, acredita que essa é a causa porque não vemos marcas chinesas, por exemplo, como grandes marcas internacionais de luxo. “Os chineses não reconhecem o luxo nos produtos e marcas do seu país de origem. Só depois de isso acontecer é que elas podem pensar na internacionalização” explica.


 


Mas embora as marcas chinesas não sejam reconhecidas como marcas de luxo, este mercado asiático, que está a registar um elevado crescimento económico, mostra-se bastante receptivo aos produtos de elevada qualidade. Uma tendência vivida em diversos países desta região e, ao longo da próxima década, países como a China, a Rússia, a Índia e a região do Médio Oriente serão os principais compradores de produtos de luxo.


 


Mas o que é o Luxo?


Os produtos de luxo, segundo Isabell Ardon, caracterizam-se por um preço elevado e pouco elástico, pela elevada qualidade do produto e serviço prestado e pela sua exclusividade. Aliás, quanto mais exclusiva for a oferta “maior valor vai ganhar”.


 


Nos dias de hoje os produtos Premium ganham notoriedade e visibilidade. O poder de compra permite às classes médias e altas adquirir este tipo de produtos mais “cuidados”, com ofertas de valor mais trabalhadas. Mas Isabel Ardon não pensa que eles sejam um verdadeiro luxo e salienta que este “luxo acessível” faz parte de um ciclo.  Até porque a “história de uma marca ou produto de luxo é fundamental”, um atributo que muitos dos produtos Premium não podem alcançar.


 


 


Na pele de um consumidor de Luxo



Tomemos por exemplo um turista que procura em Portugal uma viagem ao mundo do luxo.


A primeira questão que se coloca é o local onde irá ficar hospedado e a escolha de um hotel de elevada qualidade, relaciona-se com o que o nome desse mesmo hotel significa para o cliente. A tendência actual é vermos hotéis associados a grandes grupos reconhecidos internacionalmente, o que permite criar uma relação de proximidade entre o cliente e o hotel. Até porque, segundo Miguel Alarcão Júdice, Director do Lágrimas Hotels&Emotions, “os produtos não valem apenas por aquilo que são mas sim por aquilo que representam”. “Não existe um verdadeiro luxo hoteleiro em Portugal e a aposta deve ser feita através de propostas de valor acrescentado que passam pelo charme”, garantiu.


 


Uma ida às compras nas lojas mais exclusivas obriga a uma passagem por uma das principais artérias do país, a Avenida da Liberdade, em Lisboa. Aqui encontram-se algumas “flagship”, as lojas de bandeira das marcas de luxo presentes no nosso país.


 


Ronald Brodheim, presidente do Grupo Brodheim, acredita que a Avenida está bastante desertificada a diversos níveis o que “dificulta bastante a implementação de lojas de luxo nesta zona da cidade”. Maior interesse público e mais dinamismo nesta zona “poderiam contribuir para que a situação se invertesse”, acrescenta.


 


A par destas questões, existe ainda um fenómeno que é já um case-study a nível internacional e relaciona-se com a proliferação dos centros comerciais na periferia da cidade. Espaços que não são, de todo, interessantes para as marcas de luxo e que contribuem para o número cada vez menor de consumidores nas ruas do centro da cidade. Uma situação que, também ela, afasta os grandes nomes do luxo internacional do mercado português.


 


Mesmo assim, na Avenida da Liberdade encontram-se alguns nomes de peso do mundo da moda internacional e é “através da abrangência que este mercado pode sobreviver em Portugal”. Várias lojas presentes na mesma artéria atraem diversos consumidores que “podem não querer comprar produtos de uma determinada marca mas só pelo facto de ela estar próxima das outras casa, vai chamar a atenção”, referiu o presidente do Grupo Brodheim.


 


Uma estratégia utilizada pelas marcas de luxo até porque, segundo Manuela Costa Saldanha, “este mercado é cada vez mais emocional e a emoção supera a razão”. Para a presidente da Loja das Meias a qualidade dos produtos que se vendem não é suficiente. “É necessário trabalhar a identidade da marca, a localização do espaço comercial tem de coincidir com os valores da empresa e os recursos humanos também são fundamentais”.


 


 


No Ritz Four Seasons Hotel, Paulo Pereira da Silva teve ainda tempo para explicar como se pode acrescentar valor a um produto através do seu reposicionamento. O sucesso do Renova Black levou-o já a mais de 40 países em todo o mundo.

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