23 de fevereiro de 2011

Reportagem

A Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) arrancou dia 23 na Feira Internacional de Lisboa – FIL com a presença de mais de mil marcas em 4 pavilhões e a I Conferência Internacional de Turismo.


 


Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa – Câmara do Comércio e Indústria, abriu a conferência lembrando que a BTL é a principal marca do turismo e maior feira de língua portuguesa deste sector.


 


“A BTL tem um papel catalisador do sector, na medida em que se percebem as principais tendências e desafios que se colocam ao turismo”, afirmou Rocha de Matos, acrescentado que “o turismo é o sector com melhores indicadores e perspectivas  de crescimento no âmbito da economia mundial”.


 


No entanto, este responsável, salienta os múltiplos e complexos desafios que o turismo enfrenta nos dias de hoje e que vão dos modelos de negócio, às políticas públicas, passando pelas estratégias de marketing e comunicação, e pela relação com os clientes.


 


Já o Secretário de Estado do Turismo de Portugal, Bernardo Trindade, relembrou que 2010 foi melhor ano turístico de sempre. “O turismo está numa posição de liderança, que permite diminuir o desequilíbrio externo existente no que diz respeito à economia portuguesa”, disse.


 


No âmbito do primeiro painel da manhã, dedicado às “Estratégias e Políticas Públicas para Impulsionar o Crescimento Turístico” Bernardo Trindade realçou a importância de uma revisão ao Plano Estratégico do Turismo, apresentado em 2007, que tem de ser ajustado ao actual cenário económico.


 


O Secretário de Estado salientou, também, a importância de um “reforço da confiança no sector, que tem vindo a crescer”. “Estamos em 2011 e há a abertura para a revisão tendo em conta o ambiente internacional. Temos de analisar se se mantêm actuais as directrizes de base do Plano. Queremos lançar o debate nacional, aberto à contribuição pública, para que o plano possa ser revisto”.


 


Alterar as metas, olhar para os programas e ver em que medida têm de ser alterados e se as premissas iniciais continuam actuais, foi o desafio lançado por Bernardo Trindade.


 


Na intervenção do Secretário de Estado ficou claro que “o turismo é uma prioridade”, mas que é necessário tomar algumas medidas para que exista investimento no sector, tanto público como privado.


 


Frederico Silva da Costa, Vice-Ministro do Turismo do Brasil, veio a Lisboa falar do investimento que este país tem feito no sector do Turismo durante os últimos 8 anos.
“O Brasil está a apostar no turismo como um dos pilares para a criação de emprego e investimentos. São 8 anos de aposta  que vão culminar com os próximos Jogos Olímpicos e Campeonato do Mundo de Futebol”, explicou.


 


Este responsável afirmou, ainda, que o Brasil está a investir nas suas infra-estruturas, numa melhor qualidade da oferta hoteleira, na recuperação do seu património histórico e na qualificação de mais de 300 mil pessoas para receber os turistas.


 


Em Espanha o cenário não é muito diferente. Se 2009 foi um dos piores anos de sempre para o sector, 2010 ficou marcado pela recuperação de todos os indicadores do turismo.
António Bernabé, Director-geral Turispaña, salientou a importância da recuperação de mercados como França, Itália, países nórdicos, Rússia para esta subida.


 


Para esta recuperação, os responsáveis pelo turismo espanhol impulsionaram ao máximo o plano existente naquele país.


 


António Bernabé sublinhou que essa foi a razão pelo qual o sector do turismo em Espanha foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair, e abordou, ainda, a importância da colaboração com Portugal no intercâmbio de experiências e aprendizagem mútua.



Já Taleb Rifai, Secretário-geral da Organização Mundial de Turismo deixou um aviso: se 2010 foi o ano de recuperação do sector, em 2011 o crescimento continuará, mas a um ritmo mais modesto, com uma previsão de crescimento geral na ordem dos 4/5%.


“UmPlano Nacional e a criação de confiança nos mercados são a chave para 2011”, concluiu.






Consolidar Destinos, Qualificar a Oferta




O desafio foi lançado no início do segundo painel, intitulado “Consolidar Destinos, Qualificar a Oferta: quais os maiores desafios que os destinos enfrentam ao nível da consolidação e como os enfrentam?


Neste sentido, o Presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, falou na necessidade de planeamento. No entanto, defendeu que “só um plano não chega” e referiu que nos dias de hoje têm de ser criados planos estratégicos monitorizados ao momento, tendo em conta as mudanças constantes que se registam no sector e dando como exemplo as potencialidades do Facebook.




“A velocidade a que se cruzam os mercados obriga a um planeamento que não seja estático. Foi isso que fizemos no Alentejo, monitorizamos ao momento, com equipas específicas para isso”, afirmou.
António Ceia da Silva dá o exemplo do Alentejo, que começou por realizar uma campanha de promoção interna e que agora está a apostar no turismo sénior, com o lançamento de um portal.




O responsável pelo turismo alentejano afirmou, ainda, que “os destinos regionais gastam verbas muito avultadas em promoção”, e defendeu que estas apostas “têm de chegar ao fim da linha com a comercialização, através da criação de acordos com agentes de turismo e operadores”, injectando, assim, competitividade neste mercado.




O Alentejo está, também a apostar numa Gestão Integrada dos Destinos Turísticos: “não basta promover, nem realizar acções de marketing, é necessário qualificar os destinos e investir nessa qualificação”. A aposta está, por isso, na “qualidade e excelência dos serviços” em destinos turísticos com identidade, força e carácter.


António Trindade, Presidente do Grupo Porto Bay, considera que a “oferta cresceu a ritmo superior à procura e diversificou-se. Os nossos destinos entraram em concorrência com o leste da bacia do Mediterrâneo e com os cruzeiros”.
“Portugal tem de perceber quais as novas áreas e os novo modelo de oferta. Perceber o que se passa no Mundo, requalificar e apostar nos factores diferenciadores” é para António Trindade o caminho a seguir.


Tasso Gadzanis, vice-presidente de São Paulo Turismo, explicou que em São Paulo não há turistas, há visitantes – “Eles não têm máquina fotográfica ao pescoço, são homens de negócios”. O desafio desta cidade foi fazer com que cada um destes homens de negócios ficasse mais um dia na cidade.




“Se souberem com antecedência podem colocar no roteiro um dia a mais”, disse.




São Paulo está a trabalhar, ainda, a oferta de fim-de-semana, que Tasso Gadzanis admite ter falhas e alerta para o problema que o Mundial de 2014 está a trazer. “Toda a gente está de olhos postos em 2014 e está a esquecer-se de 2011”. E dá como exemplo a hotelaria, que chega a meio da semana e tem as 42 mil camas lotadas. “Mas, a hotelaria acordou e o investimento está a ser feito. Até ao fim do ano o número de quartos vai aumentar”.




A estratégia de São Paulo passa, ainda por atrai grandes eventos desportivos, como a F1 e a Fórmula Indy, e culturais.


 


 


Estimular a procura


 


“Estimular a Procura: alteração de paradigma de distribuição e estratégias para a captação de fluxos” foi o mote de arranque para o último painel de debate, com a questão: estão as empresas e os destinos estão preparados para um novo conceito de turismo?


 


Frederico Costa, Administrador do Turismo de Portugal, afirmou logo que o consumidor actual manda mais do que nunca.


 


“O novo consumidor socializou-se ainda mais, com quem conhece e com quem não conhece. É um consumidor muito mais imediatista, que decide na hora. O que vem alterar a forma de comercializar produtos e serviços”, disse, sublinhando a importância da internet.


 


Para Frederico Costa, a enorme concorrência ao nível de destinos e empresas está a mudar o paradigma da procura e o crescimento dos transportes aéreos mudou definitivamente a forma de comercialização do turismo.


 


Como estão os destinos a adaptar-se às novas realidades? “O factor fundamental para sobreviver e vencer já não é o critério preço, mas sim a diferenciação, a criação de conteúdos únicos e experiências marcantes. Depois é saber colocar, divulgar e vender”, defendeu o responsável do turismo de Portugal.


 


“É preciso conhecer o cliente mais do que nunca, ter flexibilidade e noção de oportunidade”, afirmou Frederico Costa, concluindo que nos dias de hoje as empresas e os destinos têm de acompanhar os clientes no processo de decisão, dentro do destino e na sua fidelização posterior.


 


Luís Mór, Administrador Executivo da TAP Air Portugal, falou na pressão do mercado, que surgiu com a internet e o aumento da concorrência.


 


“Estamos a fazer um grande esforço grande para diferenciar. Mas isso abre oportunidades e favorece a internacionalização da empresa”, explicou.


 


Para o Administrador da TAP “o poder do cliente introduziu a pressão do preço”, mas deu à empresa a oportunidades de estar em contacto directo com os referidos clientes. “Temos a possibilidade de comunicar de forma forte e rápida, através da internet. O que aumentou a exposição da empresa relativamente ao cliente final. Actaulmente, a dinâmica da mudança da empresa é colocada ao ritmo da relação com os passageiros. O que implica uma mudança cultural na organização”, concluiu Luís Mór.





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