18 de fevereiro de 2011

Reportagem

O mercado da publicidade tem evoluido muito desde os anos 80/90 até aos dias de hoje. Os valores mudaram, a maneira como as marcas comunicam com os consumidores também. 


 


Na emissão desta semana o Imagens de Marca foi espreitar o que se passa no mundo das agências de publicidade. No site, quisemos saber como vivem estas alterações as produtoras que fazem as campanhas de publicidade. O que mudou? Como se trabalhava há 20/30 anos e como é agora? E os meios tecnológicos? E os orçamentos?


 


 







Duvideo
Ivan Dias



 


A Duvideo surgiu em 1984 ainda as estações privadas de televisão eram uma miragem e consequentemente as produtoras de conteúdos praticamente inexistentes. A partir de poucos metros quadrados num sotão dos Olivais alguns técnicos da RTP decidiram que a produção audiovisual privada era uma aposta com futuro.


 


A década de 80 é marcada pela explosão dos filmes institucionais em que a Duvideo se especializou. Nos ano 90, com o advento dos canais privados e da competição suscitada junto da RTP, a Duvideo apostou na competência técnica dos seus recursos para oferecer as condições de diversificação de programação necessárias. A SIC formou muitos dos seus quadros iniciais nesta estutura preparada para ser uma pequena estação de televisão. Depois de uma mudança para as Pedralvas fomos novamente com a casa às costas para a Pontinha onde tinhamos um estudio de televisão, régie e estrutura para emissões em directo.


 


O início do Século XXI marca o primeiro periodo de grande crise nacional do audiovisual pós advento dos reality-shows. A Duvideo demorou a transformar-se numa produtora de conteúdos e continuou a ser vista no mercado como uma mera produtora técnica. Nada de mais equivocado porque a partir de 2003 e após mais uma mudança de espaço para os Estúdios da Matinha apenas tinhamos equipas de conteúdos produzindo Magazines para a RTP,


 


Documentários financiados pelo ICAM e DVDs Musicais para a EMI num processo que culminou com a Produção e Escrita de Guião do filme Fados de Carlos Saura.


 



Hoje em dia, e nas vésperas de mais uma deslocalização, a Duvideo encontrou o seu espaço não só nos Magazines, Documentários e Cinema como passa a integrar a rede mundial  de formatos SPARKS Network entrando finalmente num espaço que era o seu habitat natural anteriormente. Com uma carteira de clientes principais que vai das 4 estações em canal aberto até à LIGA De Futebol e BWin passando pela EGEAC, CML, ANQ e IEFP, a Duvideo encara o presente com muito otimismo mas sempre com a experiência que 3 décadas de momentos menos bons e outros extraordinários nos trouxeram.


 


 







Low Cost
António Aleixo


 


 


Nos dias de hoje os anunciantes procuram orçamentos mais reduzidos, com excepção aos grandes anunciantes.


 


Estamos no advento do digital e do Full H, o que permite que as equipas sejam mais pequenas e se use menos material. Isto torna a produção menos dispendiosa e faz com que surjam mais potenciais anunciantes.


 


A forma de trabalhar também é totalmente diferente, mudou radicalmente. Nos anos 80/90 a margem de lucro era alta, e agora foi reduzida. A margem de risco aumentou para anunciante e produtora.


 


Antigamente as equipas eram formadas por cerca de 50 pessoas. Hoje uma produção é feita com equipas de 5/10 pessoas, o que faz com que tenha de se dar uma mão em tudo e saber um bocadinho de tudo.


 


O anunciante nunca tem muita noção do trabalho e dificuldades que envolve a ideia que tem. Agora tem pouca, dantes não tinha nenhuma.


 


O problema das produtoras mais pequenas é convencer o anunciante que consegue fazer tão bom por metade do preço. Um orçamento mais baixo ainda é igual a falta de qualidade. Mas, a qualidade não está comprometida.


 


Neste momento estamos num limbo: o anunciante não pode pagar orçamentos altos, mas também não acredita na qualidade de um orçamento baixo.


 


Por um lado, os grandes anunciantes não procuram pequenas produtoras, mas há mais potenciais pequenos anunciantes, mas com menos recursos. Não está fácil.


 


 







Garage
Miguel Varela


 


 


Há duas diferenças gritantes entre a forma como as produtoras trabalhavam nos anos 80/90 e como o fazem agora.


 


Primeiro, escasseiam tempo e dinheiro. Depois há a questão da qualidade, que é muito posta em causa em benefício do preço.


 


Nos anos 80 havia mais tempo, porque as coisas demoravam mais tempo. Por exemplo a pós-produção era feita em Londres. Agora temos Espanha e, neste momento, temos em Portugal uma empresa muito boa, a Ingreme é uma das melhores ao nível da Europa. No áudio também já recorro muito pouco fora.


 


Mas, há aqui uma grande lacuna que nasce devido a esta questão do preço: há produtoras que não pagam aos fornecedores e isso cria um certo dumping no mercado. Há um certo descontrolo nesta área, também pela inexistências de associações neste sector.


 


Produtoras com orçamentos muito baixos para o descritivo é porque alguma coisa não existe no orçamento… No anos 80/90 éramos muito poucos e isso saber-se-ia rapidamente.


 


Outra diferença é a morte da película em favorecimento do vídeo. O certo é que se olharmos para os filmes já não se consegue distinguir um trabalho por quem filma. E filmar é uma arte.


 


Notam-se diferenças de grandiosidade de produção; saltam à vista.


 


Nestes casos, cabe às produtoras olhar para o que lhes é pedido e ver se o formato é o adequado, fazer uma avaliação de forma técnica e artística, e não só financeira. O produto final é que perde.



 







Take it Easy
Miguel Rebelo da Silva


 


 


Nos anos 90 a publicidade em filme começou a descer muito. Há cada vez menos dinheiro, e consequentemente menos campanhas. Por isso, começaram a escolher-se outras plataformas, como a Internet e os outdoors). Há também uma maior ânsia; ninguém quer perder clientes.


 


Ninguém consegue ser criativo sob pressão e com prazos curtos. E isto está a atabalhoar o mercado. O tempo é inimigo.


 


E, as ideias cada vez cabem menos nos budgets dos clientes.


 


Existe trabalho para toda a gente, mas com menos intensidade.


 


Nos dias de hoje, as equipas são mais pequenas, para se optimizar custos. No entanto, a extrutura mínima de uma equipa de produção de um campanha publicitária é de 25 pessoas.


 


A qualidade é sempre exigida: máximo de qualidade ao mínimo preço. As três variantes são tempo, preço e qualidade. Mínimo tempo, mínimo preço, máxima qualidade.


 

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.