28 de outubro de 2010

Reportagem

Nota: Esta semana o Imagens de Marca dedica a sua emissão, na SIC Notícias, aos efeitos da crise no consumo.


 


 


Sabia que  há 36 anos foi lido o primeiro código de barras de uma embalagem de pastilhas elásticas num supermercado dos Estados Unidos? Sabia que há 25 anos, o código de barras foi introduzido em Portugal pela GS1 Portugal? Esta tecnologia entrou no dia-a-dia dos consumidores, que a têm como um dado adquirido. Poucos saberão que uma grande superfície conta com mais de 60 mil produtos marcados com códigos de barras.


 


Mas o certo é que em 1985 os paradigmas do consumo mudaram em Portugal. Cada produto passou a ter a sua identidade própria marcada nos códigos de barras, como se fosse uma impressão digital.


 


Os produtos deixaram de ser macados e registados à mão. Os códigos de barra permitem, assim, uma redução das filas de espera nos supermercados, a conformidade dos produtos vendidos ao consumidor e uma reposição rápida nas prateleiras.


 


No entanto, poucos são os que têm real noção de que o código de barras é muito mais que um conjunto de riscas pretas de larguras diferentes e com número os em baixo que estão estampados em todos os produtos que compramos. Nesse âmbito, a GS1 Portugal – CODIPOR promoveu junto de 178 lojas Modelo e Continente uma acção de sensibilização para a importância dos códigos de barras (GS1 Bar Codes) no dia-a-dia dos consumidores. 
 


A campanha surge integrada num conjunto de acções que assinalam os 25 anos da GS1 Portugal, de que a Sonae é uma das mais antigas associadas.


 


 


 







Tudo sobre os Códigos de Barras


 


O Imagens de Marca falou com Leonor Vale, Gestora de Marketing e Comunicação  da GS1, sobre a importância desta tecnologia que revolucionou o consumo e a sua aplicação no futuro.



 


 


Imagens de Marca (IM): Como era o processo de compra antes da entrada em Portugal dos códigos de barras?
Leonor Vale (LV):
No canal B2B, por um lado as referências dos produtos eram atribuídas pelos fornecedores com critérios de referenciação internos, as quais normalmente eram alteradas pelos seus clientes de acordo também com os seus critérios, havendo assim a duplicação do processo de referenciação dos produtos e, em muitos casos, produtos diferentes com as mesmas referências, ou então, o mesmo produto com referências diferentes. Por outro, os preços tinham de ser marcados manualmente um a um, antes de serem colocados nas prateleiras. Daí que o processo de compra, inventário, controlo de stocks e reposição fosse extremamente complexo e moroso.
No canal B2C, ainda se lembra quanto tempo esperava na sua mercearia para realizar as suas compras? Imagina-se a fazer as compras do mês ainda com o processo manual, isto é, o tempo que a operadora de caixa levava a visualizar as embalagens dos produtos e a introduzir na máquina registadora as referências e/ou os preços para apresentar o talão com o total?
Seguramente o tempo de espera para pagar era muito e muito provavelmente com erros na introdução dos preços, porque errar é humano!


 


 


IM: Em que é que os códigos de barras vieram alterar o dia-a-dia dos consumidores?
LV:
A aplicação do código de barras assegurou a automatização do processo de checkout, ou seja, o código de barras transporta e traduz a identificação do produto que depois de lido permite o acesso automático a todas as informações sobre esse produto introduzidas no sistema informático, das quais as mais relevantes para o consumidor é sem dúvida a descrição do produto e o seu preço para a imediata verificação. Hoje em dia, quando estamos na caixa efectuar as nossas compras podemos visualizar em tempo real aquilo que estamos a adquirir no POS e validar juntamente com a operadora, por exemplo, se os preços estão correctos com aqueles que anunciavam as prateleiras. Todo este processo foi agilizado e o tempo de espera do consumidor substancialmente reduzido. Já para não falar de um sem número de aplicações em beneficio do consumidor que passaram a estar disponíveis com a utilização da codificação, nomeadamente a existência de cupões de desconto, cartões de fidelização, etc..
Por sua vez, a utilização do código de barras, por ser a chave de acesso à informação sobre o produto, é uma ferramenta poderosa que contribui para a protecção do consumidor, uma vez que permite obter, por exemplo, informação sobre os números de lotes e prazos de validade e em caso de não conformidade do produto poder fazer a sua rápida retirada do mercado.


 


 


IM: E com que vantagens?
LV:
Resumidamente, no que respeita aos consumidores, podemos indicar como principais vantagens:
- Aumento da disponibilidade dos produtos nas prateleiras
- Eliminação dos erros de digitação do preço
- Diminuição do tempo de espera no pagamento
- Protecção do Consumidor


 


 


IM: Como foi o processo de entrada em Portugal dos códigos de barras?
LV:
A GS1 Portugal (CODIPOR) – Associação Portuguesa de Identificação de Codificação de Produtos foi fundada há precisamente 25 anos (1985) e o seu objectivo desde sempre foi a gestão de sistemas de identificação e codificação normalizados, nomeadamente o Sistema Normas GS1, que apoiam e reforçam as boas práticas de gestão em todas as áreas do negócio e sectores de actividade.
Neste contexto, sendo o código de barras uma das normas do Sistema GS1 a sua introdução em Portugal foi um processo gradual. Numa primeira fase, a GS1 Portugal (então CODIPOR) conseguiu o apoio de algumas das grandes empresas do retalho e detentoras de marcas, que se tornaram as primeiras associadas e por conseguinte as pioneiras e grandes impulsionadoras da aplicação dos códigos de barras em Portugal.
Em 1988, com a abertura do primeiro hipermercado totalmente informatizado (front & back Office) eram 800 as empresas associadas, o que provavelmente se poderia traduzir por cerca de 10.000 produtos codificados com o prefixo GS1 560, excluindo os produtos importados que vinham codificados de origem.
Actualmente, a GS1 Portugal (CODIPOR) lidera o desenvolvimento de normas e boas práticas operacionais, actuando como um facilitador da cadeia de valor. Tem vindo a crescer no seu número de associados, totalizando, à data, 6 600 empresas de todos os sectores de actividade económica, e no seu portefólio de produtos e serviços baseados no Sistema GS1.
No que respeita ao perfil das Empresas Associadas, 84% são Micro e Pequenas Empresas e 12% são Médias Empresas. Os restantes 4% representam as grandes empresas da Indústria, Comércio e Serviços.
A GS1 Portugal é uma associação multi-sectorial com presença em todos os sectores de actividade. O mais expressivo é o Alimentar, que reúne 51% das empresas associadas, seguido do de Construção, Bricolage, Mobiliário e Artigos para o Lar (15%) e do Têxtil, Vestuário, Calçado e Acessórios de Moda (10%). Nos últimos anos a GS1 Portugal tem crescido em novos sectores, como o da Saúde (3,2%), o Discográfico e Livreiro (5%) e o de Cosmética e Higiene (4,2%).


 


 


IM: Sabem qual foi o primeiro produto em Portugal a ser facturado com código de barras?
LV:
Não conseguimos saber qual o primeiro produto em Portugal a ser facturado com código de barras, pois esses dados são do foro das próprias empresas (clientes ou fornecedores), mas o primeiro CEP – Código de Empresa Portuguesa atribuído pela GS1 Portugal foi à Nestlé Portugal. O CEP é constituído pelo prefixo do país (em Portugal, o 560) e por um número que identifica a empresa. É a partir do CEP que é construída a chave numérica de 13 dígitos, o GTIN – Global Item Trade Number, que identifica inequivocamente o produto e é traduzida pelo código de barras.


 


 


IM: A GS1 foi pioneira nesta tecnologia?
LV:
A GS1 foi pioneira na identificação de produtos de grande consumo com código de barras e já lá vão mais 30 anos.
Foi nos anos 70 que foi lido o primeiro código de barras nos EUA. Tratava-se de uma embalagem de pastilhas elásticas. Desde aí, tornou-se no transportador de dados mais aplicado em todo o mundo, atingindo os 2 milhões de utilizadores que operam em mais de 150 países. Todos os dias são lidos, em todo o mundo, pelo menos 8 biliões de códigos de barras.
Sempre atenta ao mercado e respondendo às necessidades dos seus utilizadores, a GS1 tem continuado a inovar na área da codificação, com a introdução de novas simbologias, nomeadamente o GS1 DataBar, um novo código de barras vocacionado para o retalho, que apesar das suas pequenas dimensões transporta mais informação do que o código de barras tradicional. Permite a marcação dos produtos frescos, ou com embalagens pequenas, assegurando a sua rastreabilidade. Na área da saúde, o GS1 DataMatrix é a simbologia recomendada pela European Federation of Pharmaceutical Industries and Associations (EFPIA) para a identificação de medicamentos.


 


 


IM: E qual o futuro dos códigos de barras?
LV:
Sendo o Sistema GS1 “The global language of business”, para além dos códigos de Barras – GS1 BarCodes, o portfólio da GS1 tem outras áreas de actuação: GS1 eCom: Normas Globais para o Comércio Electrónico, GS1 GDSN: Normas Globais para a Sincronização de Dados, GS1 EPCglobal: Normas Globais para a Identificação por Rádio Frequência (RFID) e a mais recente GS1 MobileCom: Normas Globais para o Comércio Móvel. 


 


 







Código de Barras – Curiosidades:


 


Às 8:01 da manhã de 7 de outubro de 1974, um cliente do supermercado Marsh's em Troy, no estado estadunidense de Ohio, fez a primeira compra de um produto com código de barras. Era um pacote com 10 chicletes Wrigley's Juicy Fruit Gum. Isso deu início a uma nova era na venda a varejo, acelerando as caixas e dando às companhias um método mais eficiente para o controle do estoque. O pacote de chiclete ganhou seu lugar na história e está atualmente em exibição no Smithsonian Institute's National Museum of American History .


 


 







Código de Barras – Estrutura numérica:


 


O código EAN/UPC é um sistema internacional que auxilia na identificação de um produto a ser vendido, movimentado e armazenado, sendo o EAN-13 o mais conhecido e utilizado mundialmente. A estrutura numérica do código (que geralmente fica abaixo das barras) representa as seguintes informações (como exemplo o código 7898357417892):
• os 3 primeiros dígitos representam o prefixo da organização responsável por controlar e licenciar a numeração no país (o prefixo 789 corresponde ao Brasil e 560, a Portugal);
• os próximos dígitos, que podem variar de 4 a 7, representam a identificação do fabricante ou empresa proprietária da marca do produto; no exemplo é 835741 (6 dígitos);
• os dígitos 789 representam a identificação do produto, e são atribuídos pelo fabricante;
• o último dígito 2 é chamado de dígito verificador e auxilia na segurança da leitura.


No total o código EAN-13 deve ter 13 dígitos. Vale ressaltar que os números da empresa variam de empresa para empresa, os números que identificam o item variam de item para item e o dígito verificador deve ser recalculado a cada variação na numeração. Existem outros tipos de códigos padrões para diversas aplicações.


 








Código de barras – Vantagens:


 


Produção
- Redução de Custos pelo aumento da eficiência na cadeia de valor 
- Crescimento das vendas pelo aumento da disponibilidade do produto e resposta ao mercado 
- Melhoria das relações com os clientes 
- Uma única solução para todos os clientes


 


Retalho 
- Redução de custos pelo aumento da eficiência (Gestão de Inventário e POS) 
- Crescimento das vendas pelo aumento da disponibilidade do produto e da eficiência na saída dos produtos 
- Melhoria das relações com os fornecedores 
- Uma única solução para todos os fornecedores


 


Solution Providers 
- Desenvolvimento de soluções globais para a cadeia de valor que estão de acordo com as necessidades regionais ou nacionais
- Clientes Finais 
- Redução de tempo nas saídas de caixa das lojas
- Maior disponibilidade dos produtos
- Informação sobre o produto mais transparente e precisa
- Facilita a rastreabilidade e retirada dos produtos


 

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