15 de março de 2010

Reportagem

Andreas Cohen, Presidente da I-COM, esteve em Portugal durante a terceira edição da I-COM Global Summit (International Conference on Online Media Measurement), e falou ao Imagens de Marca no desafio que é criar um consenso mundial para uma metodologia de medição do retorno do investimento e do impacto da presença das marcas nos media online.


 


Imagens de Marca – Que balanço faz destes quatro dias de conferência?


Andreas Cohen – A adesão a esta conferência, por parte de pessoas com agendas tão ocupadas, demonstra bem a importância que a questão da medição do impacto do online tomou e a sua tendência para crescer.
Basicamente, terei de concordar que a década dos dados começou. Sempre tivemos dados, mas estes vão tornar-se ainda mais num dos factores-chave do sucesso no jogo da publicidade, e as marcas começam a prestar muita atenção a como se podem diferenciar das outras através desses dados.


 


IM – Com dados quer dizer informação?


AC - Correcto. Estamos a falar dos dados sobre os consumidores. Os anunciantes têm procurado uma imagem fiel do que se passa no terreno dos media.
Nos dias de hoje temos diferentes equipamentos de análise de dados a aparecer ao mesmo tempo. Vejamos esta questão como se fosse um puzzle…Com o passar do tempo, e assim que começarmos a ter mais dispositivos de informação e a medir mais o comportamento dos media online,  mais peças temos em cima da mesa e a verdadeira imagem tomará forma.
As empresas que conseguirem fazer isto vão estar no top, pois isso significa que terão um alto nível de eficiência e poderão atrair gastos em publicidade de forma mais eficiente.


 


IM – Que números existem sobre  publicidade na Internet em Portugal?


AC – Para Portugal ainda não há dados. Há em Portugal um movimento para trazer para cá uma associação que se chama IAB. Uma das principais tarefas desta organização é fazer estudos sobre a expansão da publicidade na Internet.
Este é um dos estudos básicos que tem de ser feito para que o sector se possa organizar.


 


IM – Como pensa que as marcas se têm ajustado ao boom da Internet?


AC – Alguns tipos de anunciantes foram muito rápidos nessa adaptação, principalmente as empresas de electrónica e retalho online. E agora, nos mercados mais avançados, estamos numa fase onde as agências dizem às marcas que uma grande percentagem da publicidade tem de ser online. Eles forçam internamente para que isso aconteça, porque se aperceberam que é aí que tudo se joga. Os anunciantes mais clássicos são mais lentos.
É por isso que a informação é tão importante. Sim, estas organizações estão a adaptar-se e a adoptar os media online.


 


IM – Que avaliação faz do mercado publicitário na Internet?


AC - Um ponto de consenso é que os media digitais estão a crescer mais rapidamente que a nossa capacidade de os medir. Os utilizadores estão a desenvolver os media mais rápido que as capacidades da indústria de publicidade desenvolver modelos de monitorização. E isto é algo contra o qual ainda estamos a lutar.
O grupo que mais rapidamente está a crescer é o das agências. As agências estão a marcar a agenda; estão a diferenciar-se pelas suas capacidades na “selva” da informação ao conseguirem tratar essa informação para o seu cliente.


 


IM – Quais os grandes desafios para a indústria de publicidade?


AC – Para a indústria ter sucesso tem de ter consensos e acordos de como trabalhar em conjunto. Por um lado tem a realização da oportunidade da informação, e há já alguns grupos a fazer as coisas por si próprios, a construir vantagens competitivas, tratando essa informação melhor que os outros.
Contudo, para a indústria no geral ainda há poucos retornos disso, porque, se se olhar pela perspectiva da publicidade online, é preciso o consenso da indústria. O desafio é gerar esse consenso rapidamente para acompanhar os media, que estão a mudar muito mais depressa do que a nossa capacidade para os medir.
O segundo desafio é a expansão. Sei que em muitos mercados a indústria tem já sistemas de medição mais avançados. Contudo, isto custa dinheiro, num altura em que muitas empresas não o podem fazer.

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