5 de março de 2010

Mercados Lusófonos

Avanços



«Uma grande vontade, gera um grande valor»,


Provérbio popular


 


Há notícias que não são notícias porque não se quer assim se seja. É da essência humana prestar mais atenção a estímulos cuja intensidade sai do padrão do normal estádio de vigilância. Não me cabendo aqui descrever a teoria da intensidade do estímulo da mensagem, é triste quando temos debaixo do nosso nariz factores positivos que engrandecem e projectam a nossa capacidade empresarial, com visibilidade além-fronteiras, e não a aproveitarmos, nem disso fazermos notícia.


 


Afinal, que importância tem a presença de empresas portuguesas na maior feira de tecnologia do mundo? Assim, sem mais, até parece ser uma notícia sem qualquer appeal. Como aquela maçã, sem graça, meia áspera, mirrada, mas, quando trincada, solta o aroma que nos remete à suculenta pureza de um genuíno fruto que não foi alvo de qualquer padrão, de qualquer calibre, nem de um tratamento final de parafina para brilhar. Assim se fazem as notícias, quando há a vontade que sejam notícias.


 


Na Cebit, Feira de Tecnologia de Hannover, Alemanha, estiveram presentes esta semana 22 empresas portuguesas a mostrar as suas capacidades e os seus factores de inovação ao mundo. Estas empresas, exemplo de vontade e determinação em vencer, não terão, infelizmente, grande possibilidade de ganhar a visibilidade merecida no Inverno em que a sociedade portuguesa mergulhou. Por tal, fica aqui a lista das empresas que participaram: ANETIE, Inova-Ria, TICE.pt, Ubiwhere, Micro I/O, I.Zone Interactive Media, Famasete, Nautilus, ISA, iPortalMais, Globaltronic, Visabeira Global, Maisis Information Systems, AVEICABO, Creativesystems, Inforlândia, INOSAT, IPBrick International, IVV Automação, NGNS, NewVision e Noniussoft.


 


Para que conste, uma das futuras maiores economias do mundo, o Brasil, esteve representado por 18…
 


 


Recuos


 


«O trabalho é o alimento das almas nobres»,


Lucius Annaeus Seneca


 


Que fique claro que a greve é um direito consagrado na lei e nada tenho contra a greve. A sua legitimidade é irrefutável e digna, sobretudo quando fundamentada, com o propósito de melhorar as condições em que os trabalhadores exercem as suas actividades. Mas é difícil de compreender a greve dos trabalhadores da Função Pública desta semana, sobretudo num contexto em que já todos perceberam que não há qualquer margem para que o Estado Português assuma os compromissos que fazem parte das reivindicações sindicalistas, nomeadamente aumentos salariais.
Apelar para mais greves ao longo do ano, não só é uma perda de tempo, como é irrealista, e contraproducente face à crise orçamental em que continuamos mergulhados.
Falta a cultura da mobilização para o trabalho, seguramente mais produtiva e em linha com os objectivos de recuperação do país. E os sindicatos dos trabalhadores que têm salário garantido todos os meses deveriam assumir mais responsabilidades. Os portugueses (e, certamente, os próprios trabalhadores da Função Pública) apreciariam mais os seus sindicatos enquanto promotores da construção de um país com as contas públicas equilibradas. Mas temo que isso seja pedir de mais…


 


Quadro Resumo da semana


 







AVANÇOS



  • A presença de 22 empresas portuguesas na Cebit.
  • Exemplo de portugueses a lutar por um trabalho qualificado e internacionalmente reconhecido, por sua conta e risco. 


 







RECUOS



  • A mobilização dos trabalhadores da Função Pública, ou seja, dos serviços públicos do Estado, para a paralisação num momento de crise que precisa exactamente do contrário.



 


Balanço da semana



RECUO – é triste quando vemos trabalhadores na rua mobilizados para a paralisação, quando o futuro do país depende da mobilização de todos e na determinação para ultrapassar a crise orçamental em que vivemos. Em contraste, portugueses seguem por sua conta e risco, sem qualquer escolha para além de lutar pelos projectos em que acreditam, de modo a assegurar os seus próprios postos de trabalho.



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