20 de setembro de 2010

Mercados Lusófonos

Avanços


 


«O talento é mais barato do que o sal de mesa. O que separa a pessoa com talento da que tem êxito é um monte de trabalho»,


Stephen King


 


O Director Criativo da Lacoste é português. É bom ver um cidadão a chegar tão longe no mundo das marcas. Aos 35 anos, Filipe Oliveira Baptista atinge um elevadíssimo patamar da sua carreira, depois de ter deixado Lisboa para prosseguir os seus estudos na Universidade de Kingston em Inglaterra. Para trás, ficara a sua terra Natal, os Açores, mais concretamente, a ilha Terceira de onde é originário, provando que o talento pode nascer muito para lá dos grandes centros.


Pela sua carreira, acumulou a experiência de trabalho em marcas de elevado prestígio, como a italiana Max Mara e a francesa Cerruti.


Filipe Oliveira Baptista é um bom mote para a necessária reflexão sobre o nosso modelo de desenvolvimento económico. Temos bons profissionais no mundo da moda? Temos. Temos talentos potenciadores de inovação e criatividade? Sim. Temos fabrico têxtil de elevada qualidade? Claro. Até fabricamos para grandes marcas internacionais. Então, o que falta?


Este açoriano de 35 anos ter-se-à deparado com muitas opções na sua vida. Com todo o seu talento, apostou na sua formação, quis ir mais longe e procurou não perder tempo entregando a aplicação dos seus conhecimentos à inovação e à criatividade. Sorte tem os que o contratam, pois vão criando elevado valor para as suas marcas. Certamente, os empresários com quem tem trabalhado estão mais preocupados em dar-lhe a devida liberdade para criar e aplicar as suas capacidades, do que propriamente perderem-se em considerandos que não acrescentam valor.


Temos a capacidade, temos os talentos e temos as ideias. Falta-nos as marcas. Falta dar protagonismo a uma nova geração de gestores que acredita que as suas marcas são um dos mais importantes valores intangíveis que registam no balanço das suas empresas. São os valores que diferenciam e que, por essa via, geram a necessária capacidade económica para alimentar o ciclo do reinvestimento virtuoso.


Se houvesse uma forte marca portuguesa de projecção internacional como as que Filipe Oliveira Baptista serve, certamente que o seu grande sonho seria trabalhar em Portugal para ajudá-la a crescer… e consequentemente o seu país.


Tantos talentos espalhados pelo Mundo a falar português… O êxito de Portugal chegará quando trabalharmos no sentido de fidelizar esses talentos. E isso só é possível com trabalho e uma grande dose de humildade.


 


Recuos


 


«O objectivo da argumentação, ou da discussão, não deve ser a vitória, mas o progresso.»,


 Joseph Joubert


 


Ao mesmo tempo que fomos recebendo as boas notícias de portugueses de sucesso a trabalhar para marcas internacionais (para além de Filipe Oliveira Baptista na Lacoste, já tinha comentado o sucesso de António de Melo Pires ao chegar ao cargo de Director Geral da Auto Europa), agudizou-se o discurso político, que culminou na mais recente afirmação de Passos Coelho: «Em Portugal temos tudo às avessas», diz, a propósito do que suspeita vir a ser a proposta de Orçamento de Estado para 2011, ou seja, mais despesa pública.


Entristecem-me as tentativas de condicionalismo político mútuo, muito próprias de quem recorre a expedientes de retórica por ausência de convicções e de ideias claras para ultrapassar problemas diagnosticados.


Morre-se de véspera… Ainda sem se saber quais as ideias para o Portugal de 2011, já se critica e já se especula, sem a devida tranquilidade que o tema merece, para se discutirem estratégias e para se reunirem os necessários consensos em torno de um esforço colectivo em que todos acreditem.


Em Janeiro deste ano, o Presidente da República alertou para a necessidade de convergências e para a reflexão sobre o Portugal do futuro. Nove meses depois, não consigo dizer que tenhamos avançado: a nossa notação de rating é menor, os nossos custos de financiamento no mercado internacional são muito superiores e a nossa reputação não é melhor. As dificuldades agudizam-se. Os políticos portugueses em quem nós confiámos a nossa representatividade pelo voto, «põem Portugal a jeito». Está por um fio: os tecnocratas do FMI, de fato escuro e pasta na mão, estão quase a marcar a passagem aérea para Lisboa. Se o jogo continuar viciado e os adversários não se entenderem… o árbitro vai entrar em campo. É necessário?


 


 


Quadro Resumo da semana







AVANÇOS


Filipe Oliveira Baptista, talento português, ao serviço da prestigiada Lacoste, é o mais recente talento luso a ser referenciado pela imprensa.


 


RECUOS
Os adversários não se entendem. O árbitro está quase a entrar em campo. Se não escolhemos o nosso caminho, alguém vai escolher um que nós teremos de percorrer.


 


 


Balanço da semana


 


RECUO – Os portugueses estão paulatinamente a divorciar-se da sua terra. Já acontecera no passado, quando emigravam para outras paragens onde tinham oportunidades de vida. Sucede que, nem mesmo em democracia, os portugueses talentosos encontram motivos para se fixar. E o que faz a nova geração da classe política para contrariar esta tendência? Esgota o seu discurso na luta político-partidária, quando pensar Portugal é urgente… Reivindique-se um «Portugal Positivo».

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